quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Um pequeno passo

Do individualismo à solidão é, apenas, um pequeno passo!

À medida que vamos crescendo, num contexto de conforto que faz com que não precisemos dos outros, vamo-nos afastando, desligando, abandonando os outros. Começamos por nos preocupar menos com eles do que com os resultados.

Substituímos as brincadeiras e os convívios coletivos por quartos individuais, automóveis, televisões, computadores pessoais, ipods, jogos individuais e visitas aos centros comerciais.

Um dia, sem darmos por isso, estamos sós, não temos amigos nem vizinhos que nos dão a mão em momentos de crise! Temos relações frágeis. Somos autónomos, demasiado independentes, «livres»!

Não precisam de nós!

Para ajudar à festa, na escola, à medida que crescemos, vamos competindo, trabalhando para a nota. Namoramos, refugiamo-nos nas relações afetivas mais próximas e egoístas, que, um dia, acabam porque não estamos educados para partilhar, aceitar e dar. Para Amar! 

Ficamos cativos de uma carreira e do consumo!

Agarramo-nos aos filhos - quando nos restam - até que, um dia, sem alternativa e sem pares, solitários, vamos parar a um «depósito de velhos e inúteis» a que chamamos lar!

Felizmente, nesses lugares, há profissionais a quem pagam para nos garantirem alimento, higiene e um conforto mínimo do corpo. Porque, da alma, ninguém nos trata! Mesmo que para isso se esforcem.

Um dia, deprimidos, percebemos que «estamos a mais»!

É um processo de solidão que construímos quando, descontraidamente, desde pequenos, começámos a cultivar o individualismo, em busca da independência e da liberdade, alimentando-o com «bons hábitos» de consumo e de egoísmo, com distanciamento e dissociação.

Não são os outros que nos deixam!

A urbanidade moderna permitiu-nos um modo de vida miserável. Cheios de conforto material, fomo-nos criando assim: pessoas solitárias. 

Afinal, tudo começou em nós, na nossa cultura, em casa e na escola, quando deixámos de curtir a família, de cultivar as amizades, as entre-ajudas! Deixámos de cultivar as ligações positivas.

Espero que, um dia, a hipermodernidade, estas novas tecnologias e a escassez venham obrigar-nos a sair deste percurso. Espero que a nova sociedade hipermédia nos ajude a encontrar um caminho da integração humana, de alegre interdependência.

Também é um simples pequeno passo.

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