sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Não dá mais!

Na Europa, embriagados por um modo de vida extremamente confortável, mantemos o modo de vida, os padrões de consumo e de produção com que criámos o progresso do pós guerra. Não dá mais!

Juntamente com os EUA e o Japão, alargámos a nossa abordagem a todo o mundo, desenvolvendo os mercados de produção e consumo globais. As nossas empresas alimentam os mercados financeiros globais. É indiscutível! São as principais responsáveis pela emergência da Índia e da China. Esses países, simplesmente, integraram os nossos ávidos empreendedores, os mais irresponsáveis, com forte poder financeiro!

Lamento, mas este é um problema moral do Ocidente! Muito real. A crise europeia, que se arrasta há alguns anos, e que irá continuar, não é só uma questão económica. É o resultado da depravação moral de alguns empresários, dos seus pais,dos seus pares e das escolas de gestão que os multiplicam!

Todos os dias somos mais habitantes no planeta. Cada um dos que são privilegiados, consome mais. Aumentamos o consumo global, degradando os recursos naturais de suporte à vida.

Temos noção desta vergonhosa prática. Já lá vão 40 anos! Ainda não mudámos! Porque tem reflexos financeiros e económicos que alguns empresários querem evitar. Porque eles alimentam e controlam os nossos governos!

Dia-a-dia, ajudamos a criar um fosso assustador entre os que estão dentro do sistema de produção e consumo, com o privilégio de ter acesso a «todas as coisas magníficas» que este modo de vida nos permite, e aqueles que, por múltiplas razões – com responsabilidades próprias e alheias -, ficam excluídos.

Cada dia que avançamos com este modelo, mais nos aproximamos de uma rutura, que não será fácil de viver! Se conseguirmos sobreviver!

E nós, os nossos governos e os nossos filhos, vamo-nos inebriando com tudo o que de bom e ilusoriamente imaginamos que temos. O que alguns têm, e outros acreditam poder, um dia, ter.

O que acontecerá quando já não acreditarem?

Demos-lhe toda a legitimidade para atirarem aviões contra torres.

Se não mudarmos num espaço de muito poucos anos. Talvez, em menos de cinco. A grande maioria de nós irá assistir a uma crise muito maior do que a que temos agora. Essa, provavelmente, provocará muitas mortes e sofrimento! Espero que tenhamos a mente preparada.

Mas ainda vamos a tempo de mudar. Já!

Se cada um de nós, por esse mundo fora, diminuir o consumo de bens «irresponsáveis» e aumentar a criação de produtos, serviços e de relações integralmente sustentáveis. Produtos éticos. Se cada um de nós manifestar o desejo de «eliminar» do poder os «velhos» iludidos do progresso, se conseguir dar visibilidade e colocar em causa as relações de compadrio egoísta que alimentam, atualmente, as redes de poder.

Só falta fazer. E não ficar a olhar para o outro, à espera que ele o faça!

2 comentários:

  1. Infelizmente não tenho o dom da sua palavra, mas era a isto que me referia no comentário ao seu texto "o "Grande Disparate"".

    Quanto mais depressa o governo assumir uma politica ambiental e de desenvolvimento sustentável para o país, mais depressa sairá desta crise.
    É importante assumir uma politica nacional de chegar à dependência 0 de produtos petroliferos, pode parecer uma utopia, mas como um estimado colega seu disse, também ele antigo professor e geógrafo da Universidade, por vezes precisamos de objectivos radicais e irreais num horizonte próximo para que possamos ver as coisas feitas. Se o objectivo for reduzir em 10% os consumos de produtos petroliferos pouco será feito, contudo se for reduzir totalmente, de certeza que uma grande mudança será feita. Talvez a Europa precise de um objectivo similar e comum para que se volte a unir e sair desta crise comum. Se o fizéssemos com força e determinação de certeza que as malogradas classificações económicas desceriam para outros países. O que fariam todos os ricos países quando a Europa deixasse de consumir 20% do petróleo mundial, mesmo 10%?

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    1. Nem Mais!
      O que importa, acima de tudo, é começar, já, por pequenos passos! Com grandes ambições. E ter o apoio de um governo que se centra no essencial: SUSTENTABILIDADE, relativizando a importância das finanças (também relevantes, mas menos importantes).
      Muito obrigado pelo contributo. TUDO DE BOM.

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