segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Mais um engano!

Educação não é o mesmo que instrução ou formação.

A Escola (desde a básica à superiora) não serve apenas para instruir. É, acima de tudo, uma estrutura de «civilização dos cidadãos». Ou seja, é um espaço de EDUCAÇÃO, de desenvolvimento de atitudes e de competências.

Muitas vozes se levantam em Portugal contra a «má educação da geração rasca» e da outra, «à rasca». Deixem-me dizer-vos, como professor do ensino superior, que tenho alunos muito melhores hoje do que aqueles que existiam quando fiz a licenciatura. Mas, também tenho alunos muito fracos que, há 20 anos, não chegavam ao nível de instrução superior, uma vez que a sua atitude e o seu saber não o permitiam. Não é bom, nem mau. É assim!
Muitos se queixam da atitude e das incompetências da «geração à rasca». Não se esqueçam da «geração rasca». No fundo, choram a sua baixa instrução em matemática e na língua portuguesa. Afinal, reconhecem a má instrução que demos a alguns alunos de todas as gerações.
Contudo, a atitude dos alunos (um dia trabalhadores) não decorre dos conteúdos abordados, é o fruto das práticas, das vivências e dos hábitos que se adquirem nos contextos em que se vive (casa, escola e vizinhos)! E, aí, continuamos a falhar, até com elevadas e excessivas doses de conservadorismo e academismo.

Não soubemos nem quisemos concretizar a reforma de Roberto Carneiro em tempo útil. Ela exigia envolvimento de todos, mais competência dos professores, capacidade de mudança e responsabilidade!
Hoje, aí estão os resultados (que, em muitos casos, não são nada maus, apesar dos discursos dos críticos menos atentos!), mas ficam aquém do que a civilidade e a competição exigem.
Naquela altura (1990-1995), a Catalunha seguiu a mesma filosofia que nós. Mas a Catalunha não abandonou a reforma. Nós, sim! 
Eles investiram em EDUCAR. Os Catalães envolveram-se, as autarquias e os cidadãos assumiram também parte de uma exigência cultural de desenvolvimento. Eles cultivaram o saber ser, o saber estar e o saber fazer, a par do instruir, organizando as escolas e os momentos de trabalho colectivo e cooperativo, com os mesmos custos económicos que nós!
Hoje, aquela é considerada uma das províncias mais desenvolvidas e competitivas da Europa devido à elevada qualificação dos seus novos trabalhadores que, integraram, muito bem, os processos empreendedores e criativos daquela nação. Têm a atitude e as competências que se espera deles. No entanto, se falarem com os empregadores, eles referem exactamente as mesmas falhas de instrução! É de rir! se calhar, não é um problema pedagógico!

O problema não é pedagógico! 

Por isso, valerá a pena substituir a Área de Projecto (que pode dar ferramentas mínimas de concretização, responsabilização, autonomia, etc.) por mais horas do mesmo em Matemática e Português? Será motivador para os alunos? Melhorará a qualidade do trabalho e dos resultados? Será difícil perceber que a grande maioria das pessoas aprende aquilo de que sente necessidade e não se esforça por atingir o que não lhes faz sentido? Será difícil de perceber que o problema também está fora da escola, quando os pais não se envolvem na valorização efectiva daquela vivência? 
Quando se perceberá que os temas da GESTÃO da comunicação, das relações, das aprendizagens, das emoções, das novas tecnologias, da saúde, do empreendedorismo e da ética (filosofia colocada ao serviço da prática) são muito mais estruturantes e fundamentais para a vida do que mais umas horas de Português e de Matemática?

Para quê estas mudanças? 
Em que medida promovem o rigor e a qualidade nas áreas agora mais trabalhadas?
Quanto valor reduzem ao processo de ensino/aprendizagem?
Quanto contribuem para uma melhor educação?
Veremos, e pagaremos daqui a algum tempo, os prejuízos desta alteração programática. Estaremos na mesma ou pior! Mas, mais velhos e mais distantes do «pelotão da frente».


Nota: O autor reconhece o raciocínio abstracto (não só matemático) como indispensável ao desenvolvimento cognitivo e a relevância do domínio da língua, como “ferramenta” primeira, para a compreensão do mundo e das outras disciplinas, bem como para a sua expressão. Mas não os sobrevaloriza, desvalorizando, ao mesmo tempo, outros elementos estruturais da aprendizagem e da sua aplicação (competências). 

Os melhores do mundo

É indiscutível. Somos um dos melhores países do mundo do futebol. O melhor berço actual de treinadores da modalidade.
Mérito de pessoas como José Maria Pedroto, Carlos Queirós, Nelo Vingada, Mário Wilson, José Augusto, José Torres, e muitos mais que já, estupidamente, deixamos esquecer. E, neste contexto, relembro o valor de todos os que conceberam e construíram uma Faculdade de Motricidade Humana.
Temos desenvolvido um brilhante mercado de transacções de jogadores com a América Latina e África. Podemos, tal como dizia o gozadíssimo, mas cheio de razão, Paulo Futre, alcançar relações extraordinárias com a Ásia nesta matéria.
Temos escolas universitárias de desporto do mais alto nível mundial. O desporto assume-se como uma das mais importantes fontes de economia e, de forma evidente, o motor dos principais eventos mundiais.
Começamos a ser também relevantes em muitas outras modalidades (individuais e colectivas), podendo gerar profissionais em seu redor.
Porque razão não aproveitamos todas estas oportunidades, para, junto dos estádios municipais do interior do país e daquelas aberrantes construções do Euro 2004, desenvolver escolas de jogadores e de treinadores que poderão gerar emprego, prestígio e ligações internacionais que potencializam outros negócios para Portugal?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Pensamento simples

Perante a crise que atravessamos. Há um pensamento que não deve ser esquecido a toda a hora: «todo o momento da vida pode ser um primeiro passo de um novo e melhor caminho». Estamos sempre a tempo de (re)começar!

Tudo de bom, AC.