segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O «Grande Disparate»

Os últimos governos estão a fazer o maior disparate económico que alguma vez vi. Querem recuperar em 3 anos o que destruímos em 15! 

A situação atual pode ser explicada pela conjugação de 3 problemas:
1 – A atitude pessoal dominante (pouco responsável, empreendedora e inovadora, francamente desmotivada, sem destino), que se reflete em práticas pessoais que prejudicam o desenvolvimento económico;
2 – A incapacidade organizativa e de liderança, provocada pela incompetência assustadora de muitos líderes e os bloqueios «manhosos» de alguns trabalhadores;
3 – A nossa inacreditável mania de consumir produtos externos com o incentivo dos bancos, através do crédito, e o beneplácito dos governos.

Para combater esta situação, recomenda o bom senso que:
1 – Haja um plano de desenvolvimento SÓCIO-económico para 6 a 10 anos com a participação ativa dos cidadãos e empresas;
2 – Se invista na EDUCAÇÃO ao longo da vida das pessoas, designadamente dos líderes;
3 – Se equilibre a balança comercial, reduzindo o crédito ao consumo, designadamente, externo.

Mas estas 3 medidas, apesar de melhorarem muito a produtividade e a competitividade externa, distribuem o poder, aumentam o sentido crítico, reduzem os lucros de curto prazo do FMI e da banca. Diminuem também a sua vontade para apoiar os governos e os partidos que se debatem para alcançar a governação! 

Assim, assistimos ao «Grande Disparate», à destruição contínua da economia portuguesa e ao crescimento do desemprego, numa bola de neve que dificilmente irá parar de rebolar, até que «alguém» acorde!

3 comentários:

  1. Caro professor,
    Há algum tempo que é com agrado que acompanho os seus contributos. Penso que temos de ver mais longe do que o nosso umbigo para percebermos que se trata de um problema mundial. É descrito por 7000 000 000 de razões agora e por 9000 000 000 em 2045. Só quando percebermos que os problemas da economia têm por base a falta de recursos (limite do petróleo e de outras matérias primas) é que podemos caminhar em direcção a uma solução. De outra forma andaremos aos soluços e ao sabor de marés mais ou menos favoráveis.
    Quaisquer politicas que não considerem o desenvolvimento sustentável ao nível ambiental e social estão destinadas a falhar. Enquanto não fomentarmos definitivamente a aposta em bens renováveis, que já fazemos em parte (produção de cortiça, energia solar…), e taxarmos agressivamente os bens não renováveis, veremos sempre politicas de compadrio destinadas a ajudar as velhas riquezas que tiveram o seu tempo de produzir frutos.

    Quanto mais depressa assumirmos esse rumo mais rápidamente a nossa economia crescerá, primeiro ficará menos dependente de influências exteriores, segundo, será ela própria um elemento gerador de ideias e mais valias.
    O modelo Ford de produzir para vender aos empregados está falido e ainda menos com politicas em que os empregados recebem cada vez menos.
    Para fazermos isso é necessário apostar na mudança de mentalidades e aí identifico-me com a sua guerra à “má educação”. Temos de deixar de querer ser apenas melhor que o nosso vizinho mas sim ser melhor que todos, dizem-nos que não podemos ambicionar ser ricos como os alemães ou ingleses, eu pergunto porquê. Somos pequenos? Somos poucos? Como dizia o outro - e então , qual é o problema?

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  2. Obrigado por mais este contributo!
    Se, por um lado, andaremos cada vez mais comprimidos entre a escassez de recursos para um número crescente de cidadãos que consome cada vez mais, por outro, estaremos oprimidos pelo crescimento económico e o consumo dos países asiáticos. Que têm tanto direito como nós a aceder aos mesmos bens!
    Neste contexto, as redes de pessoas inteligentes e adaptáveis podem conquistar a riqueza e outros bens mais importantes como a alegria de estar e de viver. Mas, para o alcançarem, não podem continuar a pensar e a ser pequeninos nem estúpidos, não podem continuar a acreditar que a Economia é a base de tudo!
    Devem abrir os horizontes, sentir e pensar diferente, perder os medos que nos prendem e «matar» os discursos que nos enrolam! Mas, em Portugal, cultiva-se a miopia e a estupidez em todos os níveis. E, infelizmente, a maioria das pessoas que não estudou, ainda acredita que quem tem canudos, sabe mais! Puro engano!
    E cá vamos, cantando e rindo, agora, chorando!

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    1. A insustentabilidade da mentalidade que tem como base o consumismo e a inesgotabilidade dos recursos já é evidente ao ponto de nos bater na cara.
      Agora é uma questão de as pessoas perceberem que têm que tomar os seus assuntos em mãos e deixarem de permitir que o poder económico siga à rédea solta.
      É tempo de exigirmos que haja verdadeira "accountability"! Quem está de bem, não tem porque não prestar contas públicas. Quem tem o que esconder, não merece confiança pública. A ética e a transparência voluntárias (coagidas não funcionam, pois não verdadeiramente ética e transparência) têm que ser a base do novo paradigma. É a única forma de quebrar mesmo o ciclo dos interesses das oligarquias reinantes.
      O sigilo não tem que ser quebrado pela lei, mas sim pela vontade. Não é a lei que muda mentalidades...

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