O Interior (que, muitas vezes, abusivamente, apelidamos de rural) é o espaço geográfico que alimenta o litoral, que regenera os recursos naturais, que preserva a água que se bebe em Lisboa, no Porto, nos territórios litorais que já não são «paisagem». É um espaço vital.
Portugal é um país pequeno, com um Interior que dista, no máximo, 100 km do litoral e um micro-segundo de qualquer canto do mundo. Hoje, não há interior. Os espaços mais distantes são espanhóis e globais.
Mas persiste a Interioridade, no urbano e no rural.
A Interioridade é um estado de espírito conservador que se opõe às adaptações necessárias a uma nova sociedade. É marcada pelo medo do desconhecido, do futuro. É uma cultura mesquinha, miserabilista, uma mentalidade que dista dezenas de anos da Sociedade Hipertexto (ou Hipermédia, como refere Pedro Freire). Fecha-nos para o mundo, numa abordagem academista, assistencialista e pouco empreendedora!
A Interioridade resulta da baixa densidade criativa e relacional de alguns. Das redes que se fecham sobre si, das pontes que ficam por criar com os outros. Começa onde nada o faria prever. Nas escolas e universidades, nos «cátedras dominantes», individualistas e solitários. Nos universitários que, protegidos nas suas verdades, se acotovelam nas cidades.
Apesar de doutos e sapientes, os «génios» (que, por vezes, rondam os 40 anos) estão enraizados em convicções passadas e fechadas que minam a aprendizagem (individual e coletiva) e o desenvolvimento! Têm lugares de destaque que retraem a inovação, a emergência de novas relações e soluções. Estão «caquéticos», não fazem nem deixam fazer. Têm medo do futuro que já não irão ter!
O grande «problema» do País é a universidade que temos, que finge que é, sem saber ser. De todas as «velhas verdades» que continua a difundir!
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