Na existência materialista que criámos – através da evolução
histórica do Ocidente -, o sentido da vida parece que se esgota no prazer do
momento, no poder (no dinheiro) que conquistamos e na morte!
Para muitos, é assim! A vida é efémera. Simples! Vazia!
Pouco poética.
É a vida. Feita de factos, de cargos e de estatísticas. Não
é eterna nem plena.
A morte de um amigo, ou de alguém que amamos, mostra-nos que
a vida não é eterna, mas a amizade (e o amor) podem ser. Ou, se quisermos ser
mais precisos, podem durar enquanto as memórias, as saudades e os momentos de
contemplação o permitam.
Efetivamente, não é por perder um amigo que perdemos a sua
amizade. Ela fica, gravada, nos momentos especiais e únicos que vivemos …
juntos!
Afinal, a vida não são só factos. Vai muito além da
estatística!
É consciência, mediada pela relação contínua entre a razão e
emoção, criada nos momentos únicos (e genuínos) da vida.
A Vida é uma soma multiplicadora de momentos, sensações,
interpretações, ligações, que se tornaram especiais para o que somos/estamos.
Eventualmente, estas vivências poderão perdurar eternamente. Um dia o saberei.
Ou não, dependendo do que aconteça à minha consciência/alma!
Mas uma coisa parece certa, o sentido da Vida Plena,
enquanto dela temos esta consciência, também passa pela amizade genuína. Por
isso, a devíamos cultivar.
Reza a história – muito inventada/deturpada – que havia um
bacano de barbas e cabelos compridos que pregava aos peixes, pela Palestina, «terra
de Paz!», há cerca de 2000 anos, sugerindo: «amem-se uns aos outros», cultivem
a Paz (de Espírito). No seu entender, esse seria o caminho para o reino de Deus,
ou seja, para o Paraíso, que podia ser atingido através do Espírito Santo, ou
seja, do espírito do Bem Comum, da vida partilhada.
Se calhar estas ideias têm fundamento! Ajudam a dar
sentido à vida. Possivelmente, serão eternas. Pelo menos, perduram no tempo,
muito para além da nossa consciência individual, na memória/consciência coletiva
… de todos. Pelo menos, duram 20 séculos.
Mas, hoje, no Ocidente, para muita gente, que se lixe a
amizade genuína. A vida plena está cheia de poder, de dinheiro, de prazer e
esgota-se na morte.
Por isso, de modo sarcástico, nos brindes de aniversário,
costumo desejar: «à saúde e ao dinheiro, que, com ele, compra-se tudo»! Ou
talvez não!
Viva a Amizade verdadeira, descomprometida, aquela que me dá
prazer sentir no dia a dia e que, eventualmente, poderá ser eterna. Obrigado Tó,
Obrigado Luís, por terem sido meus amigos. Vocês partiram. A amizade
ficou … e ajuda-me a viver mais pleno, mais feliz, mesmo com algumas lágrimas
no rosto, de vez em quando ;)
Até breve. TUDO DE BOM