sábado, 10 de março de 2012

Somos lixo, não reciclável


A velhice é uma fase do percurso da vida. É pessoal e circunstancial. É um estado, físico e de espírito que associa uma perda de autonomias. Pode ser um período triste, natural ou até reconfortante da vida. Depende de nós, de cada um e do seu contexto.

Hoje, a velhice é o lado feio da existência. A degradação humana. O abandono. É comum ouvir os velhos dizer: «Somos lixo. Atrapalhamos. Ninguém nos liga.» A velhice é triste, quando a sentimos assim, assistimos à morte dos entes queridos, estamos sozinhos. Quando já não se pode contar com os outros. Apenas restam os lares.

Lar, para um pobre, é um asilo, um poço de mortos. Mas, se o velho tiver dinheiro, muda um pouco o panorama. Pode ficar num lar de luxo, num hotel ou residência assistida. Nestes casos, a família está mais presente, pelo menos, para ficar com a herança.

Já sabíamos que a velhice dos pais é um fardo para muitos filhos. Para a grande maioria. Um fardo social e económico. Um motivo de vergonha e desconforto. Os filhos são, também, o fruto da educação que os pais lhes deram e do que se fizeram na vida!

Mas nunca imaginei que a velhice fosse um problema! Recordo: a velhice é um estado, uma etapa da vida que deve ser digna, de uma PESSOA. De alguém que precisa de convívio, de participar, nas suas circunstancias, de estar aceite, sentir-se respeitada, querida, integrada.

Lamento, mas nós, somos uma vergonha! Para qualquer civilização que nos trouxe até ao «progresso», não somos os filhos pródigos. Somos os mete-nojo, as ovelhas ranhosas que estão dispostos a enfiar os velhos em asilos! Para os deixar morrer, longe da vista!

Estas gerações, são lixo. Não reciclável.

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