domingo, 11 de março de 2012

Simples lobos


Um dia, já lá vão 30 anos, sentado na imensidão do mundo, numa pedra, junto ao Tejo, escutei as palavras do velho mestre índio que me traz a sabedoria da imensidão eterna do universo interno que somos.

Pedi-lhe ajuda: Explica-me! Porque agem assim?

Respondeu: Não lhes ligues. Deixa-os estar, respeita-os, como fazes a todos os outros animais que encontras na pradaria. Eles vestem roupas para cobrir o corpo. Para se distinguirem uns dos outros. Para se refugiarem da natureza e da luz. Tapam os olhos, o coração. Escondem-se da vida atrás das ideias e das coisas que imaginam ter e sentir. Fogem-se de si, presos pelos seus medos. Usam um fato para estarem de acordo com a matilha e terem a certeza de que são assim.

Faz como eu. Vive, vagueia. Sê lúcido, sereno. Não te importes. Segue o teu caminho, inventa-o, goza-o, aqui e agora, com os olhos no futuro. Respeita-os. Mas faz-te e mantém-te livre, autónomo, decente. Por estes motivos, sou respeitado e feliz.

É o que eles querem: ser respeitados e felizes.

Como não são capazes de o conseguir sozinhos. Engravatam-te com uma coleira, prendem-te, querem-te ao lado deles, submisso, como um cão. 

Não te querem altivo como um lobo. És uma ameaça. Por isso, fecham-te, longe dos espelhos. Não suportam ver a tua silhueta por detrás da deles, no reflexo das suas vidas. Não suportam ver uma alma mais livre e feliz do que a deles, que invejam.

Os lobos, sem quererem, são fantasmas que eles imaginam que os perseguem, como cães assassinos de uma matilha de caçadores! Mas tu, como eu, somos, simples lobos! Livres e decentes. Respeita-nos: Vive. Não te importes, a vida é rica demais para te prenderes!

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