Um dia, já lá vão 30 anos, sentado na imensidão
do mundo, numa pedra, junto ao Tejo, escutei as palavras do velho
mestre índio que me traz a sabedoria da
imensidão eterna do universo interno que somos.
Pedi-lhe
ajuda: Explica-me! Porque agem assim?
Respondeu: Não lhes ligues. Deixa-os
estar, respeita-os, como fazes a todos os outros animais que
encontras na pradaria. Eles vestem roupas para cobrir o corpo.
Para se distinguirem uns dos outros. Para se refugiarem da natureza e da luz. Tapam
os olhos, o coração. Escondem-se da vida atrás das ideias e das
coisas que imaginam ter e sentir. Fogem-se de si, presos pelos seus
medos. Usam um fato para estarem de acordo com a matilha e terem a certeza
de que são assim.
Faz como eu. Vive,
vagueia. Sê lúcido, sereno. Não te importes. Segue o teu caminho,
inventa-o, goza-o, aqui e agora, com os olhos no futuro.
Respeita-os. Mas faz-te e mantém-te livre, autónomo, decente. Por
estes motivos, sou respeitado e feliz.
É o que eles querem: ser respeitados e
felizes.
Como não são capazes de o conseguir
sozinhos. Engravatam-te com uma coleira, prendem-te, querem-te ao
lado deles, submisso, como um cão.
Não te querem altivo como um
lobo. És uma ameaça. Por isso, fecham-te, longe dos espelhos. Não suportam ver a tua silhueta por detrás da deles, no reflexo das suas vidas. Não suportam ver uma alma mais livre e feliz do que a deles, que invejam.
Os lobos, sem quererem, são fantasmas
que eles imaginam que os perseguem, como cães assassinos de uma
matilha de caçadores! Mas tu, como eu, somos, simples lobos! Livres e decentes. Respeita-nos: Vive. Não te importes, a vida é rica demais para te
prenderes!
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