quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Mete nojo!



É justo que um ministro, que recebe 10 mil euros por mês, obrigue o seu motorista a transgredir as regras do trânsito para chegar pouco atrasado a uma reunião mal agendada pela sua secretária? Nessa reunião, decide empenhar o Estado português em negócios ruinosos que beneficiam «alguém», mas tal não se revela nos jornais!

É justo que um enfermeiro em início de carreira receba 500 euros por mês e um vendedor de cervejas receba 700? Aceita-se que um técnico de baixa qualidade receba o mesmo que outro que faz o trabalho com rigor? Faz sentido que um professor especializado e um médico de família recebam 2 mil euros por mês e um diretor comercial de um jornal receba 20 mil? Que um pivô de telejornal tenha um salário igual?

De acordo com a cultura dos portugueses e do ponto de vista económico, ... é claro que sim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Cultivamos uma sociedade de negociantes e incompetentes que mantêm os privilégios de alguns! Criamos uma sociedade doente.

Nem sei bem o que buscamos! Mas sei ver do que falamos: «bordel na Mouraria», «jogo de futebol da seleção portuguesa», «homicídio de Beja» e mais uma tonelada de porcarias.

Mete nojo!


Texto escrito de «Acordo com uma Nova Ortografia Imaginária», a minha, a de um simples e humilde analfabeto!  

O futuro pertence-nos


O futuro pertence-nos. A cada um de nós, com condicionalismos (de ontem, de hoje e de amanhã). Ninguém vive sozinho!

O destino é infinito e vago. Tem milhões de caminhos possíveis. Cada um de nós precisa de sentir: «é este, é por aqui». 

Infelizmente, pressinto que o nosso não é o melhor!

Não me refiro às escolhas da política nem da economia, mas, antes, ao caminho encontrado pelo Povo. Nasce num espírito mesquinho, limitado e individualista. É atomista. Separa as partes do sistema, quando tudo está interligado! Cada um responsabiliza os outros pelos pecados, crimes e incompetências próprios. Critica, culpa, acusa … sem crescer.

A Sociedade é o reflexo das ligações, das redes de relações, das características das organizações, das suas equipas e das suas pessoas. Das decisões e das ações que tomam.

O poder do Povo: a Democracia, revela o que somos, a nossa consciência, a competência e a capacidade para viver em conjuto. 

O caminho cria-se nos sentimentos, nos pensamentos e nas práticas de cada um. O futuro pertence-nos. Recomeça hoje. Aqui, agora, em cada um, com um destino incerto, individual, mas partilhado, comum!


Texto escrito de «Acordo com uma Nova Ortografia Imaginária», a minha, a de um simples e humilde analfabeto! 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A grande epidemia

A epidemia não é a gripe, são «doenças pensamentais» de várias estirpes. Contagiosas, galopantes. Cultivam-se nos jornais e noutros veículos que tais. Uma delas é a Economite, outra, a Politiquice e, ainda, a Charlatanice, com certificados legais. Provocam decisões fatais.


A crise é grande. Seja lá o que ela for. Mas o maior problema é a «doença pensamental». Baseada no rumor, reforça uma cultura ... fatal.

Expressa em todos os lados, cultiva-se na escola, no lar, na televisão e noutros mecanismos de ilusão. Propaga-se rapidamente. Afeta quase todos! Mas pouca gente a sente. Não provoca dor. Infecciosa, ataca a mente. O seu resultado ... é avassalador. Chama-se, muitas vezes, depressão e incapacidade de decisão. Consistente.

Transforma informação em sentimento e dor, portadores em dementes, ou ilustres falantes, doutores, inconscientes dos seus limites, esquizofrénicos criadores de parvoíces. Arrasta multidões de alienados e inconscientes que se julgam seres pensantes e decentes. 

Tal como o cancro e a SIDA, mesmo para quem não a sente, a grande epidemia mata, minando a vida, lentamente! 


Texto escrito de «Acordo com uma Nova Ortografia Imaginária», a minha, a de um simples e humilde analfabeto! 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Amigos verdadeiros!


Amigos verdadeiros e outros, «interesseiros», são todos muito importantes. Às vezes, melhores os segundos que os primeiros! 

Os primeiros aconchegam, os segundos, por interesse, nos carregam. Levam-nos para a frente. E, os inimigos, por processos estranhos, desafiam o instinto e o engenho, para crescer como gente.

Todos acompanham um percurso. O nosso. O mais importante.

Os Amigos não dizem tudo. Nem sempre são frontais! Não querem fazer doer. Têm confiança de mais. O seu valor não é esse! Estão lá, quando se cai. Afinal são Amigos. Simplesmente, e nada mais. É assim e basta!

Ironicamente, os que se fazem amigos, quase sempre por interesse, são aqueles que nos puxam para lugares de destaque. Aqueles que nos apoiam, mas que mais provocam desgaste.

Paradoxalmente, os inimigos, os tais, que nos aparecem à frente, são aqueles que nos dão mais. Os que criticam, ofendem, atacam, enganam, fazem sofrer. Puxam pela gente! E, com esse desafio, apoiados nos Amigos que aconchegam com palavras mansas, que nos levantam quando se cai, e nos outros, interesseiros, cumprimos o nosso caminho, estranho, doloroso, sinuoso, aprendente, em direção ao futuro, crescendo, sempre, cada vez mais, ficando Gente.

Afinal tudo é relativo, aparente!


Texto escrito de «Acordo com uma Nova Ortografia Imaginária», a minha, a de um simples e humilde analfabeto!

Há cada parvoíce!



«Nem sempre as sociedades evoluem para melhor!» António Barreto, in Portugal, um retrato social, episódio 1.

A vida e a sociedade desumanizam-se cada vez mais!

Substituímos os afetos da família (dos pais, dos filhos e dos avós) e o ritmo dos campos pelo prazer intenso e extenuante das máquinas, dos consumos, da diversão, do estudo, do trabalho, da fuga às responsabilidades para com os outros, aos cuidados que devemos prestar. Compensamos, depois, com o sexo, o descanso, com a compra faustosa das férias, nas festas e nas grandes marcas.

Fazemos tudo para ter a liberdade que nos leva à solidão!

E ainda dizem que somos mais inteligentes que outros animais. Afinal, somos, cada vez mais, meros doentes pensamentais! E, mais tarde, já velhos, sentimo-nos doentes mentais!

Por agora, emocionamo-nos com o futebol, as polémicas da treta e a crise económica, que abrem os telejornais.

«Ele há cada parvoíce!»

Nota final: sugiro o visionamento dos episódios do «Portugal, um retrato social» que estão acessíveis através do Youtube! Talvez possa contribuir para que nunca cheguem a sentir-se como «Tristes Velhos Tristes»!


Dupla personalidade


Hoje, o sucesso pessoal exige uma dupla personalidade, adaptável, que aparece, adequada, de acordo com o contexto. É uma carreira pojante e uma família marcante! Quando se tem poder, se é relevante.

Como diz o índio, temos em nós um lobo mau e outro bom, que podemos cultivar e deixar aparecer em qualquer situação! 

Na carreira, no campo dos negócios e da política, invocamos o nosso Ser combatente, conquistador, que, sem qualquer problema, com todos os meios, elimina os adversários, busca e alcança os resultados, não importa com que dor. Mostramos o pior: o lobo mau. O que os outros querem ver!

Em casa e na comunidade, entre amigos e colegas, nas equipas de trabalho, querem sentir o lobo bom. O que conta são os momentos, partilhados, nem tanto os resultados. Buscam o Ser decente que há em nós, o colega de alcateia, o chefe da matilha que protege.

Esta dicotomia, este pedido do Ser (que, afinal, se é!), desde que o cultivemos, cria problemas, conflitos, acusações, imcompreensões, desvarios e ilusões. Lança guerras e sofrimentos, atrozes.

Em contextos de mudança tão exigentes como o de agora, corremos o risco de perder a noção do Ser (do nosso caráter) e das regras. De agir com o lobo mau onde se exige o lobo bom. De assumirmos sempre o lobo mau. Ou vivermos tristes, na companhia do lobo bom.

Neste ambiente de mudança intensa e entusiasmante, a dupla personalidade é um dom. Mas, por vezes, confunde(-se) e mostra-se nos momentos inadequados, fora de contexto. Descontrolada, destrói percursos, processos e resultados. Destrói a vida e o sucesso. 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O sentido da vida


A vida tem um sentido: aprender!

Ainda não percebi bem para quê. Talvez a morte o revele! Mas, enquanto não chego a essa etapa da vida, acredito, cada vez mais, que aprendemos para nos integrarmos no mundo, na relação com os outros, para ter sensações, emoções que aconchegam e dão conforto. Aprendemos para dominar a vida! Para ter autonomia, alegria e poder.

Aprender (do latim apprehendo,-ere) é tomar, compreender, apreender, agarrar, apoderar-se, ganhar poder. Num sítio, num contexto, num momento. Numa sequência única. Numa história pessoal, numa vida.

Quando nascemos, aprendemos a respirar, depois, a andar, depois, anos mais tarde, a pensar...de modo estruturado, padronizado, científico.

Aprendemos sempre. Mesmo que não queiramos! Aprendemos quando qualquer coisa nos toca, nos emociona, nos dá significado a uma relação, nos desperta uma ambição ou sonho, uma ilusão.

Aprendemos através das relações que estabelecemos, para gerar relações positivas. Experimentamos, sentimos, pensamos, partilhamos, conversamos, observamos, analisamos e estudamos. Agimos. 

Aprender é um processo que decorre da aprendizagem que se faz nos ambientes que temos. Seja em casa, na escola, no trabalho ou na rua.

É por isso que devemos criar magníficos ambientes...de aprendizagem!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um herói, chamado João


Há dias, presenciei um assalto. Coisa pouca. Sem agressão.

Não fiquei quieto. Fui herói. Ou talvez não. Apenas cidadão.

Três jovens delinquentes (raparigas) roubaram duas miúdas, indefesas. Agi, fui atrás delas, liguei o 112, persegui-as sem lhes tocar, esperando pela polícia. Até que vejo o senhor João. Corajoso, carpinteiro, franzino e reformado, acompanhado da sua esposa, fez o que todos devíamos fazer. Filou uma das miúdas sem lhe fazer mal. E, como nos confessou mais tarde, muito lhe custou.

Ele sim, merece palmas, foi cidadão e herói.

Fomos a tribunal, como testemunhas, e lá voltaremos outra vez! Gastamos tempo. Investimo-lo na criação de uma sociedade mais segura. Sem violência nem presunção. Ninguém agrediu ninguém. Houve compaixão. Respeito, decência, regras e proteção.

Os polícias, as mães e a senhora do ministério público agradeceram a ação. Procurámos mostrar às vítimas que a rua não é assim tão perigosa, acudimos aos seus pedidos, defendemo-las. Procurámos contribuir para construir um mundo melhor, mais seguro, sem violência nem intimidação. O que fizemos e o que pudermos fazer será sempre pouco.

Fi-lo porque, há dias, o meu afilhado me relatou outro assalto de que foi alvo, há poucos anos, numa estação. Ninguém se mexeu, apesar dos pedidos, dos gritos de aflição. 200 pessoas cobardes e tristes, da minha geração. Medricas, irresponsáveis e egoístas que preferem a inação.

Com uma comunidade assim ... coitada da polícia que temos. Vale a pena ser ladrão.

Opinião, opiniões e mauzões!


Todos temos opinião! Válida, obviamente, no nosso círculo de gente.

A opinião pública está nas conversas de café, no facebook. Tem baixo rigor, reflete a perspetiva dominante. É de modas. Limitada! O olhar da classe média, da maioria convergente. É o reflexo da manipulação criada pela opinião publicada. Tem pouco valor ... mas, infelizmente, é válida!

A opinião pública é o reflexo da péssima comunicação social que temos. Em todo o Mundo. Com um enorme contributo dos jornalistas e do jornalismo comprado, manietado, manipulado.

A opinião publicada é lida nos jornais, ouvida na rádio, vista na televisão, nos órgãos formais de comunicação. Realça o discurso e a linguagem dos poderosos, dos «mauzões» que passam pelos filtros «manhosos», deformados pelos negócios, da comunicação social. Cria ilusões!

Hoje, Portugal é um país diferente, descrente. É o que é, por nossa causa, pela Opinião que temos! Pela miserável (in)Justiça, pela vergonhosa (des)Informação que fazemos, pela (des)Opinião Pública que partilhamos, por tudo aquilo que cultivamos, por aquilo que publicamos.

A opinião é um fruto que criámos, inventámos e colhemos. São opiniões, de muitos mauzões que os outros (nós), estupidamente, lhes dão reflexo nas conversas de café, multiplicando desilusões. 

A Opinião é apenas isso! Uma ilusão. Não são factos. É mera interpretação, carente de rigor. Simples e tenebrosa manipulação que os opinadores e os jornalistas multiplicam como ilusionistas que são!

Copiar é ganhar!


A cópia. Essa coisa manhosa que os professores rejeitam nas avaliações, afinal, pode ser uma coisa boa! Um elemento de sucesso.

Copiar é tão importante como respirar! É um movimento essencial de aprendizagem, do desenvolvimento pessoal, da integração social e da dignidade humana ... se transformar, melhorar, recombinar e recriar respostas e soluções.

Copiar sem melhorar é pouco. Pára, retrai, atrasa. A cópia não basta. Para obter sucesso, é essencial copiar com genialidade e criatividade. As grandes criações e as soluções relevantes nascem desta perspetiva, visível em http://vimeo.com/32680066.

As melhores empresas praticam-na. Chamam-lhe «Benchmarking». Na vida individual também o fazemos, desde pequenos. Chamamos-lhe aprendizagem vicariante. Decalcamos modelos, adaptamos, melhoramos. Damos-lhe um cunho pessoal, decorrente da nossa história de vida.

A cópia tem mais valor quando recombina ideias e recursos a partir de uma elevada humildade criativa, coletiva.

A cópia limita quando se cinge ao decalque acrítico. À reprodução triste de algo igual! A cópia é uma forma de domínio usada pelos que querem dominar e pelos que não se importam de ser dominados.

A cópia por decalque é burrice, incapacidade de crescer. É a ferramenta dos que não vêem para além do dia de hoje. Expressa-se pela vergonhosa utilização em testes e plagio. A cópia pode ser mentira que revela o espírito mesquinho de alguns! Exclui e cria incompetência.

Por vezes, bloquear a cópia é essencial. Se for decalque repetitivo em contexto de experimentação e avaliação de aprendizagem. 

Permitir a cópia «burra», acrítica, é um desperdício. Mas criar regras limitantes e monopólios de cópias, com direitos financeiros de certos autores, é um crime que atrasa o desenvolvimento sócio-económico. É manter privilégios que excluem. É afastar alguns, muitos seres humanos, do poder e de uma vida digna.

Em todas as esferas da vida devíamos incentivar a cópia criativa. Defendê-la. Incentivar a disseminação e partilha dos seus resultados, a crítica (re)construtiva, carregada de humildade. 

A cópia pode ser excelente ou excludente! Depende de nós, das nossas escolhas e da forma como a usamos. Como tudo, afinal!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Monopólios da treta


A vida baseia-se nas trocas que fazemos com os outros, na sua qualidade e valor. Na posse ou ausência de sentidos e de afetos.

A economia transforma trocas em dinheiro e poder para satisfazer as ambições humanas, os sentidos limitados da competição efémera. Ao longo da história, sempre houve quem quisesse controlar a vida através das trocas. Criaram-se privilégios e monopólios (de poder financeiro e estatutário), com o acordo, a complacência ou o interesse de quem legisla ou governa, de quem tem poder. De quem o quer ter.

Em 200 anos, como reflexo da filosofia da Revolução Francesa, a economia serviu a prosperidade, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar de algumas comunidades. Mudou hábitos e convicções. Destruiu antigas relações e equilíbrios ecológicos. Usou os recursos naturais para criar monopólios políticos e financeiros com uma escala global. Exclusivos e exclusores! Com um sentido medíocre da vida.

Criou-se riqueza e pobreza. Integração e exclusão. Acentuou-se a alegria, a felicidade e o sofrimento!

Construiram-se sonhos de progresso. Hábitos de vida insustentáveis. Afastámo-nos da Terra, dos ciclos da vida, da respiração calma e natural que o vento e o correr dos regatos nos sugerem. Artificializaram-se as relações, connosco, com os outros (seres vivos) e a Terra.

Porque, para alguns miseráveis, carentes de afetos e de auto-respeito, a felicidade passa por possuir vitórias efémeras e monopólios da treta.

É, simplesmente, o resultado da Educação que fazemos!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Educar é amar


Paulo Freire, pedagogo que nos amou e ajudou a descobrir o mundo e a profundidade da vida, escrevia: «Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!» Educar é amar. Ajudar a descobrir sentidos individuais para uma vida comum!

Ensinar, é transmitir informação que pode, se bem enquadrada, servir a Educação. São duas coisas distintas. Diferentes de aprender!

Aprender é explorar a vida, experimentar, buscar saber para se integrar, para se educar. É amar-se a si próprio, no sentido da vida que ousamos achar. É alegre integração com os outros, enche a vida, dá-lhe razão.

Aprender é o ato básico da Educação. Esta é algo mais: emoção, significado conjunto e razão. Feita com amor (fraterno e construtivo), descobre a vida na relação, inventa sonhos, significados, ouros, diamantes e tesouros. É Trans-form-ação (cri)ativa. É cheia. Excelente. Perdura. É plena. É a vida. É pura. É ligação.

Ensino, sozinho, é mera razão. Vazio, sem sentido nem emoção. Não tem gosto. É triste, é frouxo. É sofrimento que ilude. Frustração.

Felizmente, há professores, mestres e pais que amam. Enriquecem as vidas com o ensino e a instrução. Dão educação. Não se limitam à miséria do racionalismo, ao triste vazio da razão. Enchem a alma e o coração.

Educar, é amar. É despertar vidas com sentidos. Não é, apenas, ensinar!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Perdidos e achados


Os miúdos ensinam. Se estivermos atentos. Aprendem, e prendem, pela ação. Agem. Fazem, experimentam e erram, correm tropeçam, avançam, recuam, mexem e quebram, voltam para trás. Não param. Não pensam, para eles é simples: zás, catrapaz!

Inspiram stress. Polegam mensagens. Chat(eiam-se) todos. Saltitam conceitos. Palmilham quilómetros, no mesmo lugar. Imóveis, nos portáteis e telemóveis. São efervescência pura, saltitante, deambulante, com pouco jeito. Não conseguem parar! Não têm preceitos. Indisciplinados, perdidos, criam jeitos e conceitos. Sempre a inventar!

Paradoxalmente, estão perdidos e achados! Mas estão vivos, divertidos, a correr e a saltar. Caminham, elitrizados, nos atalhos da dispersão. 

Não são só eles! Pois não?

Nós, os graúdos, os que julgam que o são. Estamos perdidos. Dizemos que não. Fingimo-nos achados, sabidos. Precisamos de tempo, de esforço, de novos sentidos, de novas experiências, de boa emoção. Estamos assim. Alguns, assustados, na sua razão. No medo, nos velhos mitos. Melhor ainda, na crítica dura da ação, dos miúdos.

O mundo que era. Já é ilusão. 

Sentimos, pensamos, vivemos, estamos ... dispersos, perdidos e achados. Sós e acompanhados, a correr, alegres e tristes, ora em pé ora sentados, de rastos, exaustos, prostrados no chão. Sem razão!

O problema são eles? Parece-me que não!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Os meus avós


Sou rico. Muito rico. Ouvi contar histórias, sentidas, vividas, que emocionam multidões, através das gerações. Nas palavras carinhosas, aconchegantes dos meus avós.

Tive sorte. A vida dos meus pais e avós juntou-nos nas mesmas casas, mais humildes, em muitos momentos comuns. Tiveram tempo para nos contar belas histórias de encantar sobre a vida que viveram! 

Sofreram e riram, vaguearam pelo mundo, quando as viagens duravam meses. Conheceram o magnífico império português: Elvas, Mafra, São Pedro de Moel, Timor, Macau, Java, Goa, Damão, Moçambique. Carregaram recordações que presentearam, simpaticamente, nas histórias que nos contaram. Que bom que é. Que doce que foi!

Sou rico! Tenho ainda, e por muitos anos, a voz dos meus avós, impressa, bem gravada, nas histórias encantadas que gostavam de contar. Hoje, algures no céu, protegem-me, inspiram-me, são os «anjinhos da guarda» que a avó dizia existir. Aqui, são sonhos, pedras preciosas, tesouros enormes, valores ingénuos, da minha razão.

Uma vez, há muitos anos, lembro-me de ouvir a avó dizer: «Não lhe dêem legos nem carrinhos. Ele gosta mais de beijinhos.» A velhota tinha razão. As prendas vão-se, as recordações ficam, gravadas como ferro em brasa, guardadas no coração.

É este singelo sentir que vejo hoje, tristemente, afastado do devir. Os velhos morrem sozinhos. Mais do que isolados, abandonados. Porque, muitas vezes, já não podem, nem sabem, ser avós!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Namorados


Os namorados conversam, namoram. Estão dispostos a dar.

Namorar é bom, variado, é estar acompanhado. Namorar... é namorar. É tão bom como dar. Mas nem sempre é amar. É um sentimento, uma paixão, um estatuto, uma emoção, um pensamento, uma dança, um processo, uma relação, um momento, uma ilusão.

Namorar é trocar. 

Namorar é curtir, é estar, acompanhado. Ou assim se julgar.

Há muitos namoros! Românticos e loucos, suaves e doces, fortes e violentos, tristes e sangrentos. Alguns, enamorados. Alguns, sem amor. Com alegria e dor. Mas, normalmente, com muito sabor.

Namorar pode ser, ou não ser, apenas estar. Talvez, mesmo que por um instante, amar. Dar uma queca, curtir, fornicar. Há muitos namoros, gostosos, sem namorar. Pode até ser: apenas conversar. Mas namorar é trocar, ou assim se julgar.

Tenho uma namorada, há muitos anos. É um namoro risonho, por vezes tristonho, ingénuo, um projeto estranho. Um sonho de miúdos... que, em tempos que já lá vão, muito longe, queriam, simplesmente, namorar! Vivam os namoros e os namorados que um dia, talvez para sempre, ficam casados!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Para e avança, nunca desistas


O velho sábio índio sussurrou-me ao ouvido: Não desistas. Para e avança! É nesse compasso que se faz a vida. Enche-te. Entrega-te. Alternadamente, para trás e para a frente, determinado e valente.

Seco e altivo, o velho mandou: Nunca desistas! Para, sente, confronta-te, mas nunca desistas. Voa como a águia, livre. Escuta o que o vento lhe traz. Pode ser que, ao virar da curva, do cimo de uma montanha, avistes um rio imenso, que te arraste para mundos que nunca sonhaste. Vivo, intenso e suave, sempre no teu tempo, que reencontraste.

E o velho insistiu: Não te iludas. Apenas paraste. Assim sendo, fica. Sente o vento, deixa-o passar, inspira o teu voar. Escuta, enche-te de força, e recomeça a andar. Avança. Calmo, seguro, compassado, até, de novo, encontrares o teu presente, um futuro que se une com o passado. Junta-os num só, no teu tempo. Na tua vida, nos teus momentos.

Centra-te. Entrega-te. Deixa-te levar. Dá os teus passos, são a tua vida. Porque  És. A vida é! É estar, sentir, chorar, e rir, morrer, ressuscitar e andar. Podes. Deves parar. Mas nunca desistas.

Escuta-te. Respeita-te. Para e avança quanto bastar. Nunca desistas, de te amar.

Até quando?


Distraídos com a crise (económica), esquecemos que o mundo, tal como o conhecemos, está em perigo! A natureza estrebucha e grita, mas nós não a queremos ouvir. As alterações climáticas são evidentes. Os extremos de frio e de calor afetam os ecossistemas e as espécies, principalmente as que não podem migrar: as plantas.

Apesar do forte investimento e do excelente trabalho que a ciência tem vindo a fazer para compreender o problema, o Mundo continua a mudar. De modo intenso, pouco controlável.

Esta realidade afeta a produção alimentar. Reduz os alimentos disponíveis. Aumenta a escassez e o seu preço, juntamente com os do transporte, induzidos pelo aumento do custo do petróleo!

Os recursos escasseiam...para os mais pobres, que, aparentemente, continuam a aumentar.

Perante esta dupla pressão, os Estados precisam de concretizar, num curto espaço de tempo, soluções ecossistémicas e ecológicas. Não apenas ambientais nem apenas económicas. Têm de ser ações locais relevantes, integradas, articuladas, com impatos globais.

O capitalismo, a produção, o consumo, a acumulação individual e a riqueza têm estado sempre associados ao progresso e ao aumento do bem-estar...de alguns. Quando as pessoas podem viver com dignidade, consumir e sonhar com um futuro melhor, andam esperançadas, felizes.

A proposta de progresso do Ocidente baseia-se, acima de tudo, no sonho de ter um Estado ou uma sociedade que garantam tudo o que é básico, a dignidade humana, incluindo o acesso a certos consumos e luxos, pelo menos os da classe média. Pretende garantir, também, a autonomia e a liberdade de  escolha de qualquer percurso de vida.

Enquanto o sonho e estas bases estiverem seguras, não existem razões para a revolta! Nem motivos para mudar de sistema sócio-político! Portanto, ainda existe uma boa base de sustentação das políticas de austeridade na Europa.

Mas, o mundo sócio-político global está a começar a estrebuchar com a escassez e a mudança global, colocando em causa velhas crenças e equilíbrios. De um momento para o outro, tudo pode mudar!

Por isso, a pergunta fulcral é, agora: «até quando?». Até quando é que o sonho Ocidental vai manter-se, aparentemente, real? 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Goleada espiritual ;-)


Um dia, iniciei um jogo, que desejo que nunca acabe. Arrisco uma goleada descomunal!

Na pouca sabedoria de jovem professor, há quase 20 anos, um dia, almoçava com o falecido Padre Manel, capelão do Colégio Militar, padre na Falagueira e professor em Carnide, homem de enorme sabedoria. Deliciava-me no repasto, ouvindo histórias de caça e do ultramar.

Explicava porque iria casar apenas pelo civil: - «Não sou católico!»

Ele, suave, interrogou: - Porque o diz? E prosseguiu: - Católico é aquele que pratica diariamente a ação, acolhe e cuida de si e dos outros. Eu já ouvi o que os alunos dizem de si! 
Golo para os padres: 1-0!

E, de seguida, perguntou: - Sabe porque se usa a palavra conjuge? Respondi-lhe: - Porque conjugamos um projeto, uma vida comum. Ele retorquiu: - Não, meu amigo, é porque os dois assumem um jugo, uma prisão, cheia de Amor, prometem Amar no resto da vossa vida!
Golo para os padres: 2-0! Bolas, 2 golos em 3 minutos?

Depois, com muita pena minha, fizémos um longo intervalo!

No final do ano passado, voltei ao jogo. Defrontei mais um padre, senhor velhinho de olhar vivo. Homem de garra e espírito são. Falhei-lhe de liderança, de emoção e de razão. O «velho malandro» explicou numa penada, tudo e nada: - O homem tem em si um selvagem que aparece sempre que se distrai, quando não reflete sobre o sentido da sua ação.
Golo para os padres: 3-0! Bolas! 

Devia ter juízo, ficado em casa. Já não tenho pernas par isto! Quase esmagado pelo saber espiritual de «padres coxos e velhotes». Por vezes, vale a pena jogar e perder. Ser goleado. O que conta não é o resultado, é o que se aprende durante o jogo, com o adversário! ;-)

Em boa verdade


A maioria dos portugueses quer um soberano no governo, um super-herói. Pouco importa se é eleito. Para uma maioria crescente, «está-se bem», ... se se puder consumir e imaginar-se a progredir.

Português que se prese, não quer reflectir nem trabalhar, apenas falar. Muito menos por uma coisa estranha a que chamam: Democracia. Isso é para políticos: «Eles é que devem pensar. Tenho de ir tratar da vidinha, comprar qualquer coisinha.»

Ser democrata dá trabalho, responsabilidades. Vincula, tem riscos. Pode falhar. Não garante a satisfação da vontade. É um compromisso, um casamento. Um desconforto assustador. Mete medo, pois então.

Em tudo o que implica, compromisso, continuidade, vinculação, respeito, trabalho, honestidade e emoção, a maioria dos portugueses mexe-se mal. Assim que pode, foge. Vai para outro quintal!

Como carneirinhos, encurralados, bem treinados pela «boa» escola que temos, os portugueses estão educados para ficar, sentados, em frente à televisão,  comodamente, a sonhar.  A imaginar objetivos «reais», curtos e individuais! Estão tramados. Só querem ser guiados. 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Bullying :-(


Nesta sociedade que gosta de filmes violentos, sangrentos, o bullying é comum. É um flagelo. Uma relação desigual de poder. Trucida os diferentes, os mais fracos. Aproveita-se do seu isolamento, da sua solidão. Esmaga e mata. Mas, para muitos, pouco importa!

Bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully,tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying)


O caso de Casey Heynes ilustra a dimensão do assunto. cenaO problema, na entrevista que explica o tema.

Um pouco mais sobre bullying

E algumas soluções que estão na nossa mão:
http://www.youtube.com/watch?v=SmsoUPg9Ufk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=IC4JOqf30UU&feature=related

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Está feito!


Frase simples e relevante, na vida de qualquer um. Quer dizer que aconteceu, foi concretizado, arrumado. De acordo com Seth Godin: «Está feito, está despachado». Está livre e terminado, passa-se a outro.

Assim, «estar feito» é per-feito. Essencial, genial. Foi feito. Teve-se ação. Não se parou. Algo ficou. Com um pouco de esforço, fica per-feito. E pode somar-se a qualquer coisa, que alguém criou.

Per-feito, é acessório. Uma avaliação. Pura ilusão. Muitas vezes, não passa d'intenção. In-per-feito é a sua negação. Ação sem razão. Ou talvez não. É um erro, um passo para ficar feito ou, mesmo, per-feito!

Com ou sem qualidade, o que importa é que está feito. Está entregue com e-feito. Pode-se pegar e melhorar. 

Bolas, estou feito, está im-per-feito!

Simplicidade é poder


Não é preciso ser culto nem inteligente para ter sucesso. É mais relevante ser simples, estúpido e bem relacionado. É preciso ser oportuno e pertinente, fazer e ter o que os outros quiserem.

Para escolher um projeto ou partir para um investimento, o ti Zé pergunta sempre assim: 
1. É pertinente? 
2. É oportuno? 
3. É tão simples que até eu o entendo? 
4. Cabe numa página A4? 

E, depois de cumpridos estes critérios, indaga, antes de investir: 
5. Qual é o plano, o caminho? 
6. Temos poder para o fazer?
7. Quanto custa? 
8. Quanto ganhamos?

E se passa no seu crivo: «Então, é já para fazer»!

A simplicidade é poder que se reforça nas relações que cultivamos!

Obsoleto Portugal


Misture-se bem, num território, o surrealismo ingénuo da Esquerda com o pragmatismo limitado da Direita. As estruturas obsoletas de pensamento, de ação e de relação. Junte-se-lhe um pouco de irresponsabilidade, Carnaval e distração. Mexa-se tudo bem mexido com uma política de contenção. Em pouco meses, em vez de mudança, temos caldeirada, a grande confusão.

De um lado, as gerações novas, irresponsáveis (educadas pelas mais velhas e pelo marketing), adoram brincar. Não foram educadas, nem querem pensar. Vivem num grande jardim infantil. Que nós, os mais velhos, entusiasmados pelo consumo e a democracia, criámos, com múltipla ilusão. Quando ela morre, ...Ups, fica a frustração!

Do outro lado, vendo a extrema mudança global, estão os «Velhos», com poder e cátedra, «cheios» de razão. Querem acreditar que os seus ideais e vícios ainda dão! Presos às suas doces opulentas convicções, imutáveis escuridões, inseguros, comportam-se que nem parvalhões.

E, no meio, bem espremidinhos, vemos o povo, a classe média, de meia idade. Aquela que, efetivamente, vai sofrendo, desesperançada, e empobrecendo, privada, de tudo e de nada!

E, assim, se tem Portugal, num tempo de mudança fulcral!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Assassinos


A Democracia é um ser vivo, um recurso, um alimento. Um pilar para o desenvolvimento. Mesmo na monarquia! 

Se não a alimentamos, matamos. 

A Democracia conquista-se. Cultiva-se. Por vezes, com sacrifício. Com arte, engenho e trabalho. De eleitores e eleitos, no cumprimento dos deveres. Decentes, a ela sujeitos.

Nunca está garantida. Temos de a manter. Todo o dia, todo o ano, a todo o momento. Sem o uso abusivo dos direitos. 

No ano passado, numa turma de 20 universitários, 3 deles haviam votado numa eleição nacional. A evidência foi chocante! Apenas 6% daquela população. Questionei-os sobre a razão. Responderam: «oh professor, para quê?», «não percebo nada disso!», «fui para a praia.», «a política é muito confusa.», «são todos mentirosos!», «pouco importa o meu voto»!

Os Democratas não nascem nas árvores nem caem do céu. Cultivam-se em casa, na comunidade e na escola. Formando-os. Exemplificando. Exigindo responsabilidades. Cumprindo as regras. Partilhando a decisão, com paridade de poderes, quando, para tal, existe razão.

Portugal é o fruto da educação que tivemos. Daquela que damos. Dos democratas que somos, dos irresponsáveis que temos. Na maioria dos casos, não é preciso olhar para o lado, para acusar o outro. Basta olhar para o espelho. Afinal,... somos nós, os seus indecentes assassinos!

Mentira e Carnaval


O País é uma mentira. Já dizia o Eça (de Queiroz).

A Democracia é uma mentira. Um sonho tonto de mentes sãs. Uma esperança vã. Que se desvanece. Que desacontece. Somos assim.

A Democracia é consciência, respeito e responsabilidade. Pede camaradagem, diferença, fraternidade e eficiência. É organização e decência. Dá trabalho e jugo. Conjuga e compromete. Obriga.

Portanto, assusta. Não interessa! Mas, é melhor que não se diga!

O português médio é «velho», antes de o ser. Convencional, tristonho e cinzento sem o querer. Disfarça-se, pinta-se às cores, inventa espelhos para se rever. Busca, e reproduz o poder. Quer privilégios, sem esforço, com emoção e fanfarronice. Com carnavalada e mesquinhice.

Os «melhores», atingem-los (aos privilégios). Os outros, invejam-los!

O português médio é inconsciente e inconsequente. Não estuda nem reflete. Bebe, discute e vai para casa dormir. Fala do que não sabe, mas sente. Fala e, acima de tudo, mente. Disfarça a sua miséria e incompetência com laivos de snobismo bacoco e de xenofobismo maroto. Debate o acessório como real. Esquece o que importa, o essencial.

Os oportunistas, das elites (co)modistas, os xicos-espertos da história, não falam, mas mentem, manipulam. Compram a imprensa, agem, bajulam. Aproveitam os médios do festival. Nas festas, lá vão, singrando, felizes, neste mentiroso Portugal. Enquanto os outros, queixinhas, piegas, tristes. Mais ou menos ilustres, se vão debatendo com a mentira fatal!

Em verdade, o problema é cada um de nós e todos juntos, afinal!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O sofá dos comportamentos!


Imaginem que à porta de cada escritório, fábrica, casa ou sala de aula existia um banco de maus comportamentos. Aliás, um sofá, muito aconchegante, reconfortante, para os substituir!

Seria um lugar sossegado, onde nos sentávamos calmamente para pensar, refletir e deixar ali os maus comportamentos, antes de entrar.

Nos momentos mais turbulentos, em que estivéssemos insuportáveis, saíamos, sentáva-mo-nos lá, relaxávamos um pouco, bebíamos um copo e ouvíamos uma música, enquanto procurávamos outros, os bons, para substituir os maus, em recato!

Se, ao lado do sofá tivéssemos fontes de informação sobre os bons comportamentos, com bons exemplos para seguir! Estaríamos mais dispostos a mudar! ;-)

Será que a vida, em conjunto, não correria melhor?

Proesía


Distraído, deixei que o lobo de amor da alma índia me mostrasse uma nova forma de escrever. De certeza, já existe, mas, em consciência, desconhecia. Chamo-lhe, doravante, PROESÍA.

É prosa, com sentido, emoção, ritmo e estética. Até Paixão!

É ativa e, até, (re)criativa. Destina-se a fazer ação. Prosa correta, rigorosa, científica, certa. Curta e discreta. É engenharia da Modernidade, com o sentido rítmico de todas as idades. É verdadeira, honesta, modesta.

É cheia, não é vazia. É densa, por vezes fria. É dura, viva e ética.

Para além de alguma estética, tem alma e sentido. É poética. Tem um fim: crescer. Outro, o de partilhar, e, ainda mais, o de brincar...com as palavras e ideias que me/nos fazem despertar.

Nasce no prazer de pensar, de me espantar! Nasce dentro, íntimo, intenso, relaxante e desconcertante. É vivido. Sentido. Alegre, divertido e sofrido. É bom e é garrido.

É a prosa dos meus tempos modernos. Alimenta e faz-me andar.

Um ato simples de estar!


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Viva a língua e o AO


Se bem me recordo, fundados nas leituras de gente sábia, o João e a Teresa, amantes de poesia, concordavam: «A língua é como um rio, sem margens, desaparece!»; e rematavam: «Diz-se que o rio, em torrente, é violento, mas ninguém fala da violência das margens que o comprimem».

A língua é uma alma viva. A semente de grandes poetas, dos sacerdotes e de nós, tristes magotes. Felizmente, pela mão do povo, dos escritores e de ilustres pensadores, transgride as suas margens, continuamente. Evolui, tão mais rápida quanto viva. Ora viva!

Mas nós, racionais limitados, precisamos de a manter dentro das margens em que a queremos. Gramaticamos. Com essa incapaz ferramenta de a conter, tão difícil de aprender.

O Português é uma nação, de 270 milhões de falantes, solo e semente de muita gente. Para manter a língua, num esforço sempre falente, de vez em quando, ao fim de vários anos, negociamos Acordos, Ortográficos. Respostas incompletas, opressoras, pensadas, debatidas, legitimadas. São compromissos assumidos! Fazem-se Lei, participada, suada!

Mas tal como a língua, muita gente foje à margem que se traçou. Simplesmente, porque «não quero», «não aceito», «não gosto»! Outros, como eu, não gostam dos AO. Mas, com decência democrática e o respeito de cidadania, aceitam, com naturalidade uma decisão superior. Não são prepotentes e ditadores. Responsáveis e conscientes respeitam o trabalho de muita gente.

Afinal, a língua é um universo fulgurante e vivo, que se entende como um rio. Tem margens, que a oprimem, mas, de tempos a tempos, livre, ela transgride. Tudo o resto são tretas de egos menores, partículas insignificantes de um universo extasiante. A língua faz-se assim! É um tesouro, ar e água, solo e semente, para mim e para muita gente!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Parvalhões


Durante anos vivi em Lisboa, fora de contexto. Senti-me deslocado, provinciano, bacoco! No meio de olhares críticos e de sorrisos jocosos que espezinhavam, mostrando-me que, por ser diferente, era inferior, estúpido, sem condição! Cá fui andando, muitas vezes, sem paixão.

Hoje não, sinto-me solto, livre e desenvolto!

Nascido em terra de pretos. Terra que amo, terra que sou! Vivido em Abrantes, na barraca sem luz nem retrete. Em Lisboa, no Cacém e no calvário. Vivido só e triste, perdido e desalinhado, desencontrado, todos os anos num mundo novo, construí-me... porque calhou!

Passei na casa do Sr. Major, com regras austeras, rigorosamente cumpridas por três criadas de nobre trato. Dormi em recato, perto do mato. Em terra de toiros que me guardou.

Tive o prazer de viver no campo, cultivar espinafres, subir a árvores e namorar princesas. Grandes belezas! Doces, ingénuas, lindas, mas não indefesas, com nobres rosetas que deixam saudade. Aconchegado em sonhos, vivi desacatos, junto de chulos e pegas. Jogando à batota por entre nesgas, jantando na messe dos oficiais, e outros que tais!

Aos 15 anos, foi vida demais!

Hoje, gozo a snobeira estúpida dos criticadores, dos urbanitas inferiores, senhores professores doutores, que sarcasticamente, olhando-se ao espelho, comentam os provincianismos dos outros! 

Olho-os com o desdém que me merecem! Limitados, espíritos fechados, pobres sofridos e desgraçados. Tristes vergonhas de gente podre. Espíritos menores que sofrem de medo.

Sinto-me azedo, mas, simplesmente, vingado! Alegre e chocado, com a minha maldade!

É este o sentir agridoce de quem saboreou a poesia do campo, conheceu o saber do mato, soube ser feliz no trato, porque, afinal, a felicidade é uma coisa natural, quando não olhamos os outros a mal e os sabemos acolher em tudo o que são!

Parvalhões, vinguei-me da humilhação!

O grande desafio


Comprimidos pelo tempo, que já não é muito, afundamo-nos no convencionalismo idiota! Rumo a um futuro, cada vez mais presente, de catástrofe, curtindo ou sofrendo com a vitória do Benfica.

Na economia e na política, com muita urgência, precisamos de dar um salto entre paradigmas. Dura duas ou três gerações. Quase um século!

No paradigma moderno, a criação e transação de recursos é (quase em exclusividade) o alicerce da economia e do poder, o pilar central da vida! Grande parvoíce! Nesta perspetiva, «Recurso» é algo que possuímos, que nos pertence! Guarda-mo-lo, limita-mo-lo a algo transacionável e esgotável! Dá-nos poder sobre os outros.

Mas há muitos mais Recursos. Aquilo que podemos reinventar e trocar, constantemente, a baixo preço, numa escala global! Um «Recurso» é, hoje, de facto, o que somos e tudo o que sejamos capazes de trocar com os outros.

Imaginem o poder (para a vida e para a economia) desta perspetiva!

Chama-se «intervenção comunitária», nasce dos paradigmas antropológicos e comunitaristas que (re)emergiram nos anos 60. É rejeitada pelos modernistas desde então! É muito mais criativa!

Como um recurso é uma fonte de poder, a partir de algo que alguém precisa ou deseja, imaginem a riqueza que temos neste «novo» paradigma, com as tecnologias digitais! Assim, a crise é uma etapa, um passo para outro mundo, dentro de nós e das nossas relações.

Mas, mudar um paradigma contra o pensamento instalado...isto sim, é um grande desafio!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O mentor de turma


Proponho uma mudança radical na escola: a substituição do «diretor de turma» por um «mentor de turma». 

O primeiro, com dificuldades, vai desempenhando o seu papel de controlar a relação entre escola, alunos e pais. O segundo estaria centrado em acompanhar e educar, articulando a mesma relação para garantir sucessos dos alunos e dos professores.

As pessoas mais abastadas, desejando o melhor para os seus filhos, entregam a sua educação a mentores para lhes ensinarem técnicas (limitados pelos seus saberes) e os educarem para o melhor.

Desde que a escola se transformou numa máquina de ensinar saberes a uma multidão enorme de estudantes (em Portugal, ocorreu com a reforma de Veiga Simão, em 1973), sem referencial educativo para além do sistema racional da era moderna, passou a falhar na educação! Criou brilhantes técnicos com uma ética indecente. Abriu portas para a canibalização social dos mais fracos!

No 2º e 3º ciclo do ensino básico e no ensino secundário, existe uma considerável quantidade de professores com horário reduzido ou zero. Podiam desenvolver um papel excecional: o de «mentor de turma». Que substituiria o diretor de turma, ganhando tempo para articular o trabalho dos professores e personalizar o ensino.

Estes professores, em termos letivos, trabalhariam apenas em «educação cívica» e «aprendizagem acompanhada» (aprendizagem é muito mais do que estudo), seriam responsabilizados pelo sucesso dos seus mentorandos – sempre, apenas, numa turma -, de modo a transformar o que de bom existe nas escolas. Especializar-se-iam em articulação e sucesso escolar. O que, para muitos, está a faltar.

Poder


O poder, apesar de dar trabalho, dá saúde, dinheiro, segurança, auto-estima e bem estar. O Poder dá poder. Garante privilégios. O poder faz acontecer, agregando mais poder. Há sempre pólos centrais, que dispersam energia pelas envolventes, cada vez mais fracas.

Até hoje, e não sei se algo se irá alterar, o poder está muito ligado à acumulação de estatutos, patrimónios, competências e de recursos materiais que se mantêm por muitos anos, que não se desvanecem, e a uma velha lógica de agregação contínua de relações privilegiadas.

Mas, a Internet permite uma nova lógica de agregação efémera das pessoas e do poder, que ainda está por perceber. Com ela, hoje, o poder distribui-se também pelas relações e pelas ideias ou ilusões. Está mais fundado em bens imateriais, que se desvanecem e desaparecem com maior velocidade, mas que também se reconquistam num ápice.

Nas fases de (r)evolução, como a que agora vivemos, desde 2008 e, no meu entender, até 2015, transferem-se os núcleos de poder. Por vezes de modo suave. Noutras com grandes combates. Veremos como irá acontecer neste contexto social hipermédia!

Esperemos que, de qualquer modo, não se percam as democracias e os estados providência, a base política sobre a qual se concretizaram os mais notáveis progressos da sociedade, apesar das turbulências!

Estatuto e poder


O poder está associado ao estatuto e aos recursos que temos. Com base neles, criamos e criam expectativas sobre nós. Fazem com que tenhamos maior ou menor poder.

Em Portugal, há uma mania estúpida de reconhecer estatuto a quem tem títulos (culturais, nobiliárquicos ou profissionais) e não existe o hábito de reconhecer o poder pelo trabalho feito, pelos resultados obtidos.

Um construtor civil com sucesso, se não tiver ido à escola (superior) é um pato bravo. É um destruidor do ambiente, um «Xico-esperto». Se tiver um título, é um «senhor engenheiro». Mesmo que as práticas sejam iguais e os resultados deste último, inferiores.

Se uma pessoa deixou de estudar ou de trabalhar para cuidar da família, chamamos-lhe «dona de casa». Pobrezinha, não arranjou emprego! Apesar de fazer uma função tão ou mais nobre do que servir um rico, em troca de uns cobres.

Os que não estudaram ou que optaram pela família, perderam estatuto! Perderam poder! Sem, todavia serem menos importantes que os outros! 

Mas, os outros, desvalorizam-nos, por causa do estatuto! 

Será que isto ocorre nos países mais desenvolvidos da Europa do Norte ou nos mais competitivos da América (do Norte e do Sul) e da Ásia?

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O espaço revela-nos


O nosso quarto, a casa, o escritório, o carro, a rua, o espaço público, a cidade, o campo, revelam quem somos e a sociedade que temos! O que valorizamos, revela-se no que cuidamos. O modo como dispomos, arrumamos (ou não) os objetos, demonstra a nossa atitude.

Os nossos ideais combinam os recursos para fazer obras de arte ou espaços de habitar (viver com hábitos, num lugar). Isolando-os. Fechando-os, tornando-os nossos, mais controláveis, menos abertos! Será por acaso?

A forma, a vida e a limpeza das cidades revela a sociedade que somos. O abandono de alguns campos e florestas também!

Como bem sabem, a sociedade tem-se desumanizado, isolado, segregando muitos, apesar de, nos últimos anos, com fortes consequências no endividamento externo, termos garantido algumas melhorias no espaço envolvente, nas materializações que se fazem!

Mas...e no interior das gentes, e nas suas relações?

Pontos de vista


Uma das maiores belezas da sociedade atual é a de podermos descobrir, a toda a hora, pontos de vista diferentes, inesperados, interessantes! 

É possível ter múltiplas informações e redes de conhecimento, nos mais variados cantos do mundo, cruzando olhares, sensibilidades e ideias. Gerando (cri)atividades. 

Se quisermos, temos mais oportunidades para aprender! Existem diversas ferramentas de recolha, tratamento, publicação, distribuição de dados, ideias, conceitos e conhecimento, mesmo sem custos. E de relação!

Há cada vez mais pessoas competentes e informadas. Há mais mecanismos para as encontrar. Por isso, hoje, já não basta ser um bom especialista (competências técnicas), é essencial ser bem educado (competências sociais), ser bem relacionado (competências relacionais), ser sensível (competências emocionais) e ter um bom intelecto (competências cognitivas).

É preciso saber congregar experiências e pontos de vista para melhor compreender e integrar os meios em que se está. Para desbravar campos, cultivando novas relações e soluções. 

Devido às múltiplas oportunidades de percursos de vida, hoje, é preciso saber dar-lhe um sentido (competência espiritual).

Esta nova sociedade, mediada pelos meios digitais, favorece as pessoas com inteligência integrada, capazes de cooperar. Exige espíritos abertos, focados, decentes e concretizadores, que sabem acrescentar valor aos outros! Exige espíritos que sabem agregar. 

A genialidade já não está no intelecto, está na ação combinatória e integradora de diversos pontos de vista.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Nos caminhos da Paz


...ou estupidamente, a caminho da guerra!

Vendo as tristes imagens da batalha campal num jogo de futebol no Egito, as notícias que correm na Net, ouvindo o wonderful tonight e recordando o wonderful world, fico entristecido com tanta estupidez. Pergunto-me: até que ponto iremos prosseguir na estúpida ação do conflito, inspirada pelo código genético-cultural da guerra?

Os sinais são relevantes. A desorientação é evidente. A aprendizagem histórica, o nosso instinto genético-cultural empurra-nos para a resolução dos problemas através da luta, como no tempo das cavernas, para a guerra generalizada que nasce, aos poucos, em cada lugar, quando o bom senso nos mostra que o caminho deve ser outro, o da Paz!

A sabedoria de múltiplas filosofias e religiões, a teoria das cordas e as éticas associadas remetem-nos para uma perspetiva de crescimento da consciência em espiral, do aumento gradual da consciência coletiva, feita à custa de experiências que, por vezes, geram sofrimento, ... que podemos transformar em aprendizagens.

Esta consciência pode segurar-nos. Construir a Paz. É um sonho, uma utopia, que podemos ambicionar, para a qual temos todos os recursos, exceto a sanidade do pensamento humano.

Até quando alimentaremos os sentimentos e os pensamentos de raiva nascidos da inaceitação da diferença, as parvoíces que, sem querermos, cultivamos em tantos lados?

Mais uma vez vos/nos peço, demos as mãos, em vez de nos desgastarmos em tristes cenas de debate estéril, em acusações (fundadas), mas inúteis, em discórdias inconsequentes!

Carregados de tristeza, por vezes, de raiva, passando fome ou sofrendo sem esperança, preparemo-nos para uma ação pacífica e positiva. 

Busquemos pequenas soluções positivas, projetos viáveis, que nos orientem nesta marcha turbulenta que será a passagem da sociedade das nações e regiões para uma civilização global, concomitante com o salto entre uma sociedade antes da Net (ou antes de Jobs, o Steve) e outra, a que se cria depois deles.

Por este caminho, como dizia Einstein: «não sei quando, nem como, será a 3ª guerra mundial, mas a 4ª será, de certeza, com pedras e paus», se ainda existirem pensamentos estúpidos que transformam pessoas normais em pessoas estúpidas.

Gostava muito que as minhas filhas (e os vossos) pudessem conhecer, por muitos anos, este Wonderful World http://www.youtube.com/watch?v=B8WHKRzkCOY e terem muitas wonderful tonights, ouvindo as músicas que mais adorarem!

Obrigado Carlos, Luis, Manel, Joana, Francisca, Safic, Natalia, Louis (Amstrong), Eric (Clapton), David (Attenborough), obrigado a todos os que, com os instrumentos que melhor manipulam, contribuem dia a dia para construir um mundo melhor para todos, mesmo para aqueles que, estupidamente, através das palavras, degradam a nossa envolvente comum!