Um dia, iniciei um jogo, que desejo que nunca acabe. Arrisco uma goleada descomunal!
Na pouca sabedoria de jovem
professor, há quase 20 anos, um dia, almoçava com o falecido Padre
Manel, capelão do Colégio Militar, padre na Falagueira e professor
em Carnide, homem de enorme sabedoria. Deliciava-me no
repasto, ouvindo histórias de caça e do ultramar.
Explicava porque
iria casar apenas pelo civil: - «Não sou católico!»
Ele, suave, interrogou: - Porque
o diz? E prosseguiu: - Católico é aquele que pratica
diariamente a ação, acolhe e cuida de si e dos outros. Eu já ouvi
o que os alunos dizem de si!
Golo para os padres: 1-0!
E, de seguida, perguntou: - Sabe porque
se usa a palavra conjuge? Respondi-lhe: - Porque conjugamos um
projeto, uma vida comum. Ele retorquiu: - Não, meu amigo, é porque os dois assumem um jugo, uma prisão, cheia de Amor, prometem Amar no resto da vossa vida!
Golo para os padres: 2-0! Bolas, 2 golos em 3 minutos?
Depois, com muita pena minha, fizémos um
longo intervalo!
No final do ano passado, voltei ao jogo. Defrontei mais um padre, senhor velhinho de olhar
vivo. Homem de garra e espírito são. Falhei-lhe de liderança, de
emoção e de razão. O «velho malandro» explicou numa penada, tudo
e nada: - O homem tem em si um selvagem que aparece sempre que se
distrai, quando não reflete sobre o sentido da sua
ação.
Golo para os padres: 3-0! Bolas!
Devia ter juízo, ficado em casa. Já não tenho pernas par isto! Quase esmagado pelo saber espiritual de «padres coxos e velhotes». Por vezes, vale a pena jogar e perder. Ser goleado. O que conta não
é o resultado, é o que se aprende durante o jogo, com o adversário! ;-)
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