sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um herói, chamado João


Há dias, presenciei um assalto. Coisa pouca. Sem agressão.

Não fiquei quieto. Fui herói. Ou talvez não. Apenas cidadão.

Três jovens delinquentes (raparigas) roubaram duas miúdas, indefesas. Agi, fui atrás delas, liguei o 112, persegui-as sem lhes tocar, esperando pela polícia. Até que vejo o senhor João. Corajoso, carpinteiro, franzino e reformado, acompanhado da sua esposa, fez o que todos devíamos fazer. Filou uma das miúdas sem lhe fazer mal. E, como nos confessou mais tarde, muito lhe custou.

Ele sim, merece palmas, foi cidadão e herói.

Fomos a tribunal, como testemunhas, e lá voltaremos outra vez! Gastamos tempo. Investimo-lo na criação de uma sociedade mais segura. Sem violência nem presunção. Ninguém agrediu ninguém. Houve compaixão. Respeito, decência, regras e proteção.

Os polícias, as mães e a senhora do ministério público agradeceram a ação. Procurámos mostrar às vítimas que a rua não é assim tão perigosa, acudimos aos seus pedidos, defendemo-las. Procurámos contribuir para construir um mundo melhor, mais seguro, sem violência nem intimidação. O que fizemos e o que pudermos fazer será sempre pouco.

Fi-lo porque, há dias, o meu afilhado me relatou outro assalto de que foi alvo, há poucos anos, numa estação. Ninguém se mexeu, apesar dos pedidos, dos gritos de aflição. 200 pessoas cobardes e tristes, da minha geração. Medricas, irresponsáveis e egoístas que preferem a inação.

Com uma comunidade assim ... coitada da polícia que temos. Vale a pena ser ladrão.

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