Há dias, presenciei um assalto. Coisa pouca. Sem agressão.
Não fiquei quieto. Fui herói. Ou
talvez não. Apenas cidadão.
Três jovens delinquentes (raparigas)
roubaram duas miúdas, indefesas. Agi, fui atrás delas, liguei o
112, persegui-as sem lhes tocar, esperando pela polícia. Até que
vejo o senhor João. Corajoso, carpinteiro, franzino e reformado,
acompanhado da sua esposa, fez o que todos devíamos fazer. Filou
uma das miúdas sem lhe fazer mal. E, como nos confessou mais tarde,
muito lhe custou.
Ele sim, merece palmas, foi cidadão e
herói.
Fomos a tribunal, como testemunhas, e
lá voltaremos outra vez! Gastamos tempo. Investimo-lo na criação
de uma sociedade mais segura. Sem violência nem presunção. Ninguém agrediu ninguém.
Houve compaixão. Respeito, decência, regras e proteção.
Os polícias, as mães e a senhora do
ministério público agradeceram a ação. Procurámos mostrar às vítimas que a rua não é assim tão
perigosa, acudimos aos seus pedidos, defendemo-las. Procurámos
contribuir para construir um mundo melhor, mais seguro, sem violência
nem intimidação. O que fizemos e o que pudermos fazer será sempre
pouco.
Fi-lo porque, há dias, o meu afilhado
me relatou outro assalto de que foi alvo, há poucos anos, numa
estação. Ninguém se mexeu, apesar dos pedidos, dos gritos de
aflição. 200 pessoas cobardes e tristes, da minha geração.
Medricas, irresponsáveis e egoístas que preferem a inação.
Com uma comunidade assim ... coitada da
polícia que temos. Vale a pena ser ladrão.
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