quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A guerra ou a Paz?

Tudo o que pensamos, decidimos e fazemos depende do instinto, da educação e das experiências que temos. Perante os estímulos que se nos apresentam, temos comportamentos, influenciados pelas nossas atitudes e os ambientes em que nos integramos.

O instinto, parece genético, eventualmente transcendente, estruturante, difícil de transformar. As experiências e os estímulos são, na maior parte das vezes, fruto do acaso e da sorte, das interações com o meio. Também controlamos pouco. A única componente que nos resta, na qual temos um poder relevante, é a educação.

A Educação começa nos primeiros meses, mesmo no ventre da mãe (leia-se, a este propósito, o livro do pediatra Gomes Pedro: Para um sentido de coerência na criança). Mas prolonga-se, caso o desejemos, até aos últimos anos de vida, como se consegue perceber nos contextos profissionais e no livro: Switch, como mudar quando a mudança é difícil.

Com umas convicções educativas, produzem-se determinados ambientes de aprendizagem e certas mentalidades. Com outras convicções, criam-se outras. As que temos, são ainda muito fechadas, ultrapassadas, envelhecidas e inadaptadas a uma nova Sociedade Hipertexto.

Com o espírito que anima as práticas educativas (normalmente instrutivas e pouco educativas) em Portugal, constroem-se mentes fechadas, rotineiras e tendentes para a frustração. 

Com outro espírito, aberto e adaptativo, com outra forma de educar, criam-se condições para que as pessoas «se cresçam», habilitadas à adaptação inteligente e à expressão maximizada dos seus talentos. Promovem-se campeões da vida! Pessoas que se transformam continuamente em harmonia dinâmica com o meio. Pessoas que sabem respeitar e aproveitar o melhor que há nos outros.

Mas para que isto acontecesse era preciso que tivéssemos muitas pessoas bem educadas nos papéis de pais, professores, decisores e ministros! Para já, este desejo não passa de um sonho que as nossas escolas, as nossas famílias, os nossos decisores e governantes teimam em contrariar diariamente! E, depois, perante os desafios que vamos encontrando, temos a cultura do pesadelo e do fado maldito, dos lamentos do azar! Como se de azar se tratasse.

É por este motivo que temos agora o ministro da instrução no ministério da educação, as empresas aos gritos, definhando, perdendo capacidade competitiva e os «tugas» a queixarem-se da vida.

Até quando manteremos o cenário? Quando faremos uma revolução... de mentalidades? Quando mudaremos a educação? E transformaremos o pesadelo da maioria em novos raios de esperança e ação?

A revolução das mentalidades será o caminho mais seguro para a Paz, para a renovação e para o desenvolvimento. Não a fazer, será preparar outra revolução, provavelmente sangrenta.

Quando quiserem o caminho da Paz, contem comigo! Os que me conhecem sabem o faço todos os dias, em todas as formações e contactos de «trans-form-ação» ou educação que tenho.

Tenham um excelente dia-a-dia. Em Paz! Mas, se for preciso, mudem!

2 comentários:

  1. Gosto sempre imenso de o ler professor, considero os seus textos de uma claridade intelectual, perspicácia e pertinência impressionantes, concordando quase sempre consigo pois consegue exprimir os seus pensamentos e opiniões de modo claro e lógico!
    Neste caso concreto, porém, sou da opinião que não mudará nada com revolução de mentalidades... pois elas não se criarão sequer. Com estas alterações curriculares (e outras que virão, pois isto certamente não ficará por aqui já que a lenga-lenga do défice irá perpetuar-se até que, para gáudio das forças dominantes sejamos uma nova pequena China, semelhante à miséria pré-25 de Abril)cada vez mais mais se retira a capacidade de critica à esmagadora maioria da população; veja-se a constante insistência em dar (ainda) maior peso às cadeiras de ciências: seremos um país de engenheiros civis, médicos e farmacêuticos, acreditando que tudo no mundo se rege exclusivamente pela matemática, física e química, ignorando toda a complexidade que o mundo comporta. Tudo o que foge deste campo é para reduzir à insignificância.
    Qualquer actividade de pendor mais... artístico, cujas tendências são historicamente mais pendentes para politicas contrárias às que se têm impondo e, por regra, são mais reivindicativas e com influencia publica, têm vindo a ser abafadas, subtilmente, desde à algum tempo, evitando assim no futuro a possibilidade de um contra-poder eficaz (como de resto andamos a retirar exemplo do ensino americano, onde se começou a severa estupidificação em massa das crianças com a politica do "no child left behind"). E a populaça Professor, aceitando a justificação do "défice" e da "concentração curricular no que é importante" irá permitir tudo isto sem perceber a armadilha que lhe montam...

    O tempo de agir é, portanto, Agora (um pouco à imagem da Islândia creio, que ao expulsar da politica as personagens que criaram a situação em que caíram e ao tendo uma sociedade civil que se comportou exemplarmente são agora o pais que cresce 3x's mais que a U.E.), e como sabemos Professor, Agora ninguém vai fazer nada, ficando no seu canto esperando que, enquanto tiver trabalho e comida, ninguém o vá chatear muito...

    Perdoe-me o longo texto e, talvez, uma visão pessimista do que nos espera!

    Cumprimentos, André Cabrita

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  2. Não perdoo! AGRADEÇO. Como sabes, também tenho a lucidez de perceber que tens razão, mas não quero aceitar que continue assim. Não podemos continuar a desvalorizar a criatividade, os artistas e a valorizar o racionalismo excessivo e limitado(r)! Como aconselha o António Damásio, conjuguem-se as inteligências (da razão e da emoção), mas, esta já digo eu, numa forma prática e concretizadora.

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