O
tempo é imaterial. Não existe, é inventado e sentido de modo
diferente conforme a situação em que estamos. Num momento
romântico, «passa num instante». Numa obrigação: «nunca mais
acaba!»
Todavia,
condiciona-nos a ideia de que ele é racionalizável e segmentado.
Desde a revolução industrial, o tempo é um recurso de produção.
Por necessidade funcional, estruturámos o dia em 24 horas, com 1440
minutos, organizando-os a partir de ciclos solares e lunares, com
diferentes calendários: cristãos, islâmicos e orientais.
Não
podemos esquecer que, no dia-a-dia, o tempo tem uma dimensão
cultural, social e pessoal, é relativo, não existe, mas é o
reflexo das nossas vidas. Marca-as e define-as, principalmente na
vida em comum. Agora, de modo mais intenso. Emotivo. Stressante.
Hoje,
a GT tem de integrar várias estratégias e dimensões de vida em
diversos contextos, com diferentes níveis de prioridades (cada vez
mais urgentes, mas menos importantes), que têm que ver, primeiro que
tudo, com as múltiplas ambições e relacionamentos que queremos
ter, com as interações variáveis e crescentes que não dominamos,
em sistemas dinâmicos, através de diversas ferramentas de
comunicação, com o processamento de dados digitais.
Hoje,
no mundo do trabalho, já não se deve gerir o tempo como outrora!
Esta sociedade lança-nos numa vida diária de 24 horas em vários
pontos do Globo. Deste modo, a GT deve ser feita numa perspetiva
adaptada a um ciclo contínuo de vida vivida ao momento, efémero, e
com múltiplas relações que se criam e gerem numa 4ª geração de
GT.
De
acordo com os nossos objetivos de curto e longo prazo (revistos com
uma maior intensidade do que noutras eras), deveremos acertar
tarefas, compromissos e contactos, sujeitos a alterações constantes
e a rápidos acertos metodológicos, devido à contínua
transformação tecnológica e relacional em que estamos envolvidos.
Não é fácil!
Até
1950, o tempo (e a agenda) estruturava-se a partir da marcação de
tempos específicos, rotinados, numa perspetiva de racionalização
das tarefas. Era a 1ª geração de GT. Desde a 2ª Grande Guerra
(1939-45), a GT passou a ser a tentativa de otimização racional
dos tempos de produção e das tarefas, em rotinas em que
integrávamos as reuniões e os contactos por telefone fixo. Esta era
a 2ª geração de GT, ainda hoje muito utilizada, com fortes
prejuízos pessoais, por se pretender acumular compromissos e
responsabilidades. Esta perspetiva transformou-nos em escravos do
tempo e das agendas!
A
partir dos anos oitenta do século passado, com o incremento da
concorrência internacional, aparece outra forma de gerir as agendas,
muito mais estratégica e centrada na otimização das prioridades e
dos objetivos, num contexto aparentemente previsível de competição
crescente. Essa era a 3ª geração de GT. Ainda hoje a utilizamos.
Já não funciona bem, devido ao crescimento das interações
inesperadas e à inadaptação que ocorre frequentemente em relação
ao contexto mutante.
As
3 primeiras gerações de GT criam agendas limitadoras no contexto
atual. Mantemo-nos agarrados a elas, usando ferramentas que não
registam os nossos valores, os nossos princípios éticos, o nosso
projeto de vida (variável ao longo da vida). Não permitem alterar
as nossas prioridades estruturantes, tudo aquilo que usamos para
definir e condicionar os nossos tempos, ações e relações. Não
integram a gestão das emoções e das angústias. Induzem tensão e
stress. São pouco criativas!
Afinal,
ainda usamos tecnologias e pensamentos passados. Com imensos custos
de produtividade e de sanidade mental! É a vida, mal gerida!
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