quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma 4ª geração de gestão do tempo (GT)


O tempo é imaterial. Não existe, é inventado e sentido de modo diferente conforme a situação em que estamos. Num momento romântico, «passa num instante». Numa obrigação: «nunca mais acaba!»

Todavia, condiciona-nos a ideia de que ele é racionalizável e segmentado. Desde a revolução industrial, o tempo é um recurso de produção. Por necessidade funcional, estruturámos o dia em 24 horas, com 1440 minutos, organizando-os a partir de ciclos solares e lunares, com diferentes calendários: cristãos, islâmicos e orientais.

Não podemos esquecer que, no dia-a-dia, o tempo tem uma dimensão cultural, social e pessoal, é relativo, não existe, mas é o reflexo das nossas vidas. Marca-as e define-as, principalmente na vida em comum. Agora, de modo mais intenso. Emotivo. Stressante.

Hoje, a GT tem de integrar várias estratégias e dimensões de vida em diversos contextos, com diferentes níveis de prioridades (cada vez mais urgentes, mas menos importantes), que têm que ver, primeiro que tudo, com as múltiplas ambições e relacionamentos que queremos ter, com as interações variáveis e crescentes que não dominamos, em sistemas dinâmicos, através de diversas ferramentas de comunicação, com o processamento de dados digitais.

Hoje, no mundo do trabalho, já não se deve gerir o tempo como outrora! Esta sociedade lança-nos numa vida diária de 24 horas em vários pontos do Globo. Deste modo, a GT deve ser feita numa perspetiva adaptada a um ciclo contínuo de vida vivida ao momento, efémero, e com múltiplas relações que se criam e gerem numa 4ª geração de GT.

De acordo com os nossos objetivos de curto e longo prazo (revistos com uma maior intensidade do que noutras eras), deveremos acertar tarefas, compromissos e contactos, sujeitos a alterações constantes e a rápidos acertos metodológicos, devido à contínua transformação tecnológica e relacional em que estamos envolvidos. Não é fácil!

Até 1950, o tempo (e a agenda) estruturava-se a partir da marcação de tempos específicos, rotinados, numa perspetiva de racionalização das tarefas. Era a 1ª geração de GT. Desde a 2ª Grande Guerra (1939-45), a GT passou a ser a tentativa de otimização racional dos tempos de produção e das tarefas, em rotinas em que integrávamos as reuniões e os contactos por telefone fixo. Esta era a 2ª geração de GT, ainda hoje muito utilizada, com fortes prejuízos pessoais, por se pretender acumular compromissos e responsabilidades. Esta perspetiva transformou-nos em escravos do tempo e das agendas!

A partir dos anos oitenta do século passado, com o incremento da concorrência internacional, aparece outra forma de gerir as agendas, muito mais estratégica e centrada na otimização das prioridades e dos objetivos, num contexto aparentemente previsível de competição crescente. Essa era a 3ª geração de GT. Ainda hoje a utilizamos. Já não funciona bem, devido ao crescimento das interações inesperadas e à inadaptação que ocorre frequentemente em relação ao contexto mutante.

As 3 primeiras gerações de GT criam agendas limitadoras no contexto atual. Mantemo-nos agarrados a elas, usando ferramentas que não registam os nossos valores, os nossos princípios éticos, o nosso projeto de vida (variável ao longo da vida). Não permitem alterar as nossas prioridades estruturantes, tudo aquilo que usamos para definir e condicionar os nossos tempos, ações e relações. Não integram a gestão das emoções e das angústias. Induzem tensão e stress. São pouco criativas!

Afinal, ainda usamos tecnologias e pensamentos passados. Com imensos custos de produtividade e de sanidade mental! É a vida, mal gerida!

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