Há uns anos, enquanto adolescente, um
colega de turma apelidou-me de surrealista. Estranhei, mas aceitei.
Era, surrealista e louco, aparvalhado e arrojado, destemido e
incauto. Experimentalista, inculto e por vezes estúpido! Normalmente
incompreendido. Com razão.
Há uns anos, uma respeitável
professora do ensino superior caracterizou-me assim: «brilhante,
algo imaturo, um pouco infantil»! Na altura, li no seu
comentário uma reprimenda e um desconforto. Gostei! Percebi que a
incomodava a minha irreverência. Era, desejavelmente incompreendido,
nos pensamentos e nas ações. Não era velho!
Há uns anos, mais tarde, um patrão
chamou-me de oportunista e calculista. Detestei. Não o era, nem o
serei. Este sim, foi um insulto. Injusto! Os meus comportamentos
foram incorretamente interpretados. Era, mais uma vez,
incompreendido.
Um dia, percebi que é
bom ser incompreendido. Principalmente por alguns. Vale a pena ser
diferente, destemido. Com uma divergência que se pode pagar cara, mas que vale muito a pena comprar quando sabemos, nós, compreender os comportamentos dos outros e
os fundamentos da sua ação.
Hoje, sei escutar, perceber os incompreendidos e, assim, criar amigos, que me
acolhem, me dão ouvidos. Há alguns anos que não tenho
inimigos. Percebo-os. Estranhamente, respeitamo-nos. É «apenas» uma pequena mudança de modo de comunicação! Interna, imensa. Que muda a ação e as relações! Muda a vida! ;-)
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