domingo, 1 de abril de 2012

Há uns anos


Há uns anos, enquanto adolescente, um colega de turma apelidou-me de surrealista. Estranhei, mas aceitei. Era, surrealista e louco, aparvalhado e arrojado, destemido e incauto. Experimentalista, inculto e por vezes estúpido! Normalmente incompreendido. Com razão.

Há uns anos, uma respeitável professora do ensino superior caracterizou-me assim: «brilhante, algo imaturo, um pouco infantil»! Na altura, li no seu comentário uma reprimenda e um desconforto. Gostei! Percebi que a incomodava a minha irreverência. Era, desejavelmente incompreendido, nos pensamentos e nas ações. Não era velho!

Há uns anos, mais tarde, um patrão chamou-me de oportunista e calculista. Detestei. Não o era, nem o serei. Este sim, foi um insulto. Injusto! Os meus comportamentos foram incorretamente interpretados. Era, mais uma vez, incompreendido.

Um dia, percebi que é bom ser incompreendido. Principalmente por alguns. Vale a pena ser diferente, destemido. Com uma divergência que se pode pagar cara, mas que vale muito a pena comprar quando sabemos, nós, compreender os comportamentos dos outros e os fundamentos da sua ação.

Hoje, sei escutar, perceber os incompreendidos e, assim, criar amigos, que me acolhem, me dão ouvidos. Há alguns anos que não tenho inimigos. Percebo-os. Estranhamente, respeitamo-nos. É «apenas» uma pequena mudança de modo de comunicação! Interna, imensa. Que muda a ação e as relações! Muda a vida! ;-)

Nenhum comentário:

Postar um comentário