Hoje, dia de Páscoa, fui à rua com a
minha filha, jogar basquetebol à «quadra» da esquina! Estavam lá
mais dois pais com os seus rebentos. Éramos oito. Podíamos ter
feito um jogo. Mas não. Preferimos ficar todos separados a fazer
coisas individuais, fechados nos seus pequenos núcleos familiares. Fiquei chocado!
Quando em criança, na
cidade, ia para a rua jogar à bola com os miúdos. Pouco importava
se não os conhecia. Simplesmente, ia! Hoje, os miúdos não vão.
Têm vergonha, medo. Têm os pais e as mães, não têm mais. Não
têm rua com comunhão!
Os miúdos, tais como os pais e os
avós, estão desconfiados com os propósitos dos outros. Medrosos, esperam ser criticados. Ficam isolados, quase banidos. Temerosos do
presente e do futuro, se não estiverem com os seus amigos.
Hoje, na cidade, os miúdos crescem
sós, isolados da vida confortável da comunidade, do risco e da luta
que os faz crescer, das experiências que a rua faz ter. Fazem-no
apenas na escola ou, mais crescidos, na vida universitária, mais
libertária.
A cidade que criámos não cria vida,
afasta as pessoas, fá-las temer e viver sozinhas. Provoca um triste
e miserável apodrecer, contrariado pelos consumos de prazer. Para
quem os pode ter!
Esta sina é tão má como os maus
governos e a corrupção que nos faz apodrecer. Mas ... é a vida urbanita, que nos agita!
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