domingo, 8 de abril de 2012

A insustentável pobreza do Ser



Hoje, dia de Páscoa, fui à rua com a minha filha, jogar basquetebol à «quadra» da esquina! Estavam lá mais dois pais com os seus rebentos. Éramos oito. Podíamos ter feito um jogo. Mas não. Preferimos ficar todos separados a fazer coisas individuais, fechados nos seus pequenos núcleos familiares. Fiquei chocado! 

Quando em criança, na cidade, ia para a rua jogar à bola com os miúdos. Pouco importava se não os conhecia. Simplesmente, ia! Hoje, os miúdos não vão. Têm vergonha, medo. Têm os pais e as mães, não têm mais. Não têm rua com comunhão!

Os miúdos, tais como os pais e os avós, estão desconfiados com os propósitos dos outros. Medrosos, esperam ser criticados. Ficam isolados, quase banidos. Temerosos do presente e do futuro, se não estiverem com os seus amigos.

Hoje, na cidade, os miúdos crescem sós, isolados da vida confortável da comunidade, do risco e da luta que os faz crescer, das experiências que a rua faz ter. Fazem-no apenas na escola ou, mais crescidos, na vida universitária, mais libertária.

A cidade que criámos não cria vida, afasta as pessoas, fá-las temer e viver sozinhas. Provoca um triste e miserável apodrecer, contrariado pelos consumos de prazer. Para quem os pode ter!

Esta sina é tão má como os maus governos e a corrupção que nos faz apodrecer. Mas ... é a vida urbanita, que nos agita!

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