domingo, 15 de abril de 2012

O prazer de dar


Para quem sabe viver, o prazer de dar, de cui-dar, é muito maior do que o de receber. O receber esgota-se num simples prazer que termina e se encerra num obrigado. Nesse momento, porque recebo, fico preso, cativo de um poder, do outro. Que, quando deu, cultivou e colheu e, logo a seguir, deixou-me obrigado a retribuir. A trocar um favor!

Nascido do nada nos ricos de espírito, o prazer de dar não é efémero e aprisionador. É sábio, terno e eterno, libertador. Confere poder e alegria a quem o dá. Inicia! Inicia um ciclo de simpatia e amor. Que não precisa de se fechar por um obrigado. É nobre, alimentador.

Amargurado, apercebo-me que, infelizmente, o dar é bom, não tem dor, mas que já pouca gente sente. Porque a boa sensação do prazer de cui-dar, de partilhar e dar precisa de ser experimentado e treinado e, há alguns anos, deixou de ser cultivado, na escola, na família, no recato das amizades e das ligações com verdade. 

O dar passou a um simples trocar, para receber e ter poder! Raramente se assume como um ato natural, de amor.

E, assim, o dar passou a ser doar ou dor!

Nenhum comentário:

Postar um comentário