Para
quem sabe viver, o prazer de dar, de cui-dar, é muito maior do que o
de receber. O receber esgota-se num simples prazer que termina e se
encerra num obrigado. Nesse momento, porque recebo, fico preso,
cativo de um poder, do outro. Que, quando deu, cultivou e colheu e, logo a
seguir, deixou-me obrigado a retribuir. A trocar um favor!
Nascido
do nada nos ricos de espírito, o prazer de dar não é efémero e
aprisionador. É sábio, terno e eterno, libertador. Confere poder e
alegria a quem o dá. Inicia! Inicia um ciclo de simpatia e amor. Que
não precisa de se fechar por um obrigado. É nobre, alimentador.
Amargurado,
apercebo-me que, infelizmente, o dar é bom, não tem dor, mas que já pouca gente sente. Porque a boa sensação do prazer de
cui-dar, de partilhar e dar precisa de ser experimentado e treinado
e, há alguns anos, deixou de ser cultivado, na escola, na família,
no recato das amizades e das ligações com verdade.
O dar passou a
um simples trocar,
para receber e ter poder! Raramente
se assume como um ato natural, de amor.
E,
assim, o dar passou a ser doar ou dor!
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