domingo, 13 de novembro de 2011

Alunos excelentes, políticos e «tótós»

Quando oiço discursos que acusam os alunos de serem «maus», irrito-me! É injusto, medíocre e pernicioso. É, na maioria dos casos, um manifesto de desconhecimento sobre o que é a pessoa e o seu contexto, sobre o que é um aluno, um processo de aprendizagem. É, normalmente, o fruto da miopia e da incompetência relacional.

Quando, na escola, em todos os níveis de ensino, os professores dizem que não conseguem lidar com a indisciplina, assusto-me! Estamos perante um problema de qualidade do processo de ensino-aprendizagem e de um problema relacional que diminui a paixão por ensinar e APRENDER – este mecanismo excepcional de adaptação à vida e de desenvolvimento pessoal. É um desperdício de recursos e muito sofrimento.

Há bons alunos, há maus, há excepcionais e miseráveis. Como sempre houve. Aliás, a minha experiência mostra que, hoje, os melhores são melhores a pensar e mais versáteis do que nós éramos, porque têm uma excelente educação e o recurso a experiências e a conhecimentos que nós não tínhamos.

Os piores, tal como no tempo em que fui aluno, eram os que sabiam menos e tinham uma atitude menos empreendedora, cobarde e irresponsável, gostavam de manipular e de se desculpar com os males dos outros. Muitos, hoje, são políticos de renome e pessoas bem colocadas!

Em lugares importantes da política encontramos alunos «tótós» a quem dávamos «calduços» nas aulas. Estão protegidos pelo seu currículo, pela mediocridade do compadrio e o conforto do poder. Para além destes, no topo das empresas temos os génios empreendedores, os «compadres» e os que foram «bons alunos», que tiveram boas notas nas escolas, o que nem sempre representa decência ética, inteligência emocional e relacional.

Os «coitadinhos» que escondiam nas boas notas as suas incompetências relacionais – boas pessoas, de um modo geral, bons estudantes e trabalhadores, normalmente incapazes de pensar de modo criativo, mas capazes de cumprir com seriedade e decência as normas e os trabalhos, seres naturalmente muito valiosos para construir sistemas confiáveis e imutáveis – ocupam agora lugares de liderança, não estando preparados para o fazer!

São os líderes incapazes de respeitar, dirigir e motivar pessoas em contextos de mudança. Têm muito para aprender, se o quiserem fazer. Apesar de estimáveis e consistentes, são criadoras de ambiências de trabalho que matam o prazer de descobrir, de inovar, de continuamente buscar a excelência efectiva e a produtividade.

E, depois, queremos ter um pais melhor! Grande sonho!

Os problemas dos alunos somos nós, gerações mais velhas (pais, tutores e professores), que construimos sistemas pouco favoráveis para aqueles que acusamos de incapazes. Alguns dos melhores e mais importantes criadores da história não foram «bons alunos». Não tiveram boas notas. Foram discretos. Fugiram ou foram obrigados a sair das «más escolas» que tinham. Felizmente para nós!

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