Adaptado de um texto escrito em 2005!
Os portugueses estão mais gordos, mais gulosos e mal informados. Consomem mais e pior. Empanturram-se de açúcares e gorduras, impelidos pelo marketing e pela publicidade. Engordam a indústria alimentar e a do açúcar e contribuem para as maiores epidemias mundiais.
Os portugueses estão mais gordos, mais gulosos e mal informados. Consomem mais e pior. Empanturram-se de açúcares e gorduras, impelidos pelo marketing e pela publicidade. Engordam a indústria alimentar e a do açúcar e contribuem para as maiores epidemias mundiais.
Dados recentes comprovam que uma epidemia de diabetes e
outra de obesidade estão a atingir o mundo, principalmente nos países mais
desenvolvidos onde a sociedade do consumo e da abundância promove hábitos
sedentários e uma alimentação exagerada em açúcar, gorduras e sal. Estamos a
adoecer por comer demasiado.
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), a diabetes mata mais do que a SIDA. Em 2005, em todo o mundo, existiam
cerca de 177 milhões de diabéticos. Esse número chegará a 366 milhões até o ano
2030. Em 1985 eram apenas 30 milhões!
O problema é de tal modo grave que a OMS aprovou em Maio de 2004 a Estratégia Global para a Dieta, Actividade Física e Saúde. Nesse
contexto, todos os países são convidados a desenvolver medidas de promoção da
saúde, de educação e de actividade física.
A diabetes pode ser evitada com uma alimentação saudável e
actividades físicas regulares. O controle adequado da doença pode retardar ou
evitar complicações e muitos gastos. A OMS estima que os custos directos do
tratamento desta doença cresçam dos 2,5% actuais para 15% nos orçamentos anuais
de cada país em 2030!
A outra epidemia, a obesidade, pode ser contrariada também
pela informação mais rigorosa sobre os prejuízos que os alimentos causam à
saúde humana, pela actividade física mais continuada e pela educação alimentar.
Estas doenças são as maiores causadoras de morte e de gastos
com a saúde nas sociedades desenvolvidas, necessitando de uma intervenção
rápida e integrada dos governos. Todavia, como percebemos em Portugal, esta
preocupação não faz parte das agendas governamentais.
Apesar do grave problema que se manifesta nas elevadas taxas
nacionais de pessoas com tensão arterial elevada, com peso excessivo, com
problemas derivados da diabetes, com deficiências cardiovasculares de diversos
tipos, não temos uma política integrada de prevenção da obesidade e da
diabetes. Quando um ministro fala em impostos, o outro, da Economia, chuta para canto. Não fosse ele um profissional das bebidas açucaradas e alcoólicas.
Efectivamente, embora se saiba há alguns anos da importância
deste problema para a saúde pública, os sucessivos governos não defendem a
saúde dos portugueses.
Mas o que assusta mais é que este é um assunto envelhecido.
Um tema tão importante do ponto de vista económico que, por exemplo, nos
Estados Unidos da América, levou o cartel do açúcar a ameaçar o Governo de
retaliações caso avançasse com limitações à quantidade de açúcar utilizada ou
pretendesse limitar a publicidade aos alimentos!
Um trabalho da National Geographic portuguesa (de Agosto de
2004) demonstra bem como a indústria alimentar – utilizando imagens e produtos
da Coca Cola, McDonalds e a Hersheys (uma marca de chocolates) – aumentou as
suas doses desde 1900 até hoje, incrementando o consumo em quantidade e em
calorias!
Em Portugal, já houve casos em que os refrigerantes subiram
o teor em açúcar para serem mais apelativos e mais consumidos. Os rótulos,
habitualmente, disfarçam o açúcar com o nome de dextrose, frutose, etc. Na
Europa, sabemos que a política de rotulagem dos alimentos não consegue tornar
evidente para os utentes a quantidade de açúcar de um alimento (bebida ou
comida).
O excelente trabalho de informação da National Geographic
aponta algumas doenças hepáticas, o cancro do cólon, as osteoartrites, a
diabetes tipo 2, os acidentes vasculares cerebrais (tromboses) e outras doenças
cardíacas como os mais importantes reflexos da obesidade. Mas, são apenas as
mais comuns!
Ao mesmo tempo que desfrutamos dos estilos de vida mais
luxuosos (pela sociedade de consumo que desenvolvemos no últimos anos), da
abundância alimentar, do trabalho automatizado, do prazer sem esforço e do
conforto, somos inquinados de açúcar e gordura. Isto porque a nossa escola não
ensina nutrição, o Instituto do Consumidor não se mexe e o Ministério da Saúde
dá prioridade às questões da gestão e do orçamento em vez de dar atenção à
qualidade e bem-estar das populações.
Ou seja, somos enrolados – não sei se por vontade
deliberada, influência alheia ou puro desconhecimento dos governantes – numa
teia comercial de doenças causadas pela alimentação! Afinal, a doença mais
mortal da actualidade é a combinação da comida com o estilo de vida, salpicada
por pedacinhos de marketing irresponsável.
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