quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Partilha da treta


No 11º encontro do Fórum Cidadania & Território, ontem, tornou-se claro, para mim, que por muito que queiramos, não conseguiremos promover a participação enquanto não trabalharmos a dimensão interna de cada indivíduo. Enquanto não eliminarmos os bloqueios emocionais e sociais à participação, enquanto não desencadearmos a vontade e a crença interna (em cada pessoa) de que vale a pena participar.
A VONTADE de participação pode ser bloqueada ou reforçada pelas estruturas e formas que criamos. Mas só se transforma em participação efectiva quando vem de dentro, como uma força que nos impele à acção, ultrapassando hábitos e (des)confortos enraizados.
A predisposição para a participação resulta de um processo de aprendizagem pessoal – contínuo – de escolhas mais ou menos reflectidas, que decorrem da experimentação e da prática. Se não houver hábitos, vontade de participar e de assumir a responsabilidade de o fazer, não há espaço para a prática de uma efectiva democracia participada.
Aparentemente, não participar, não se expor, não se afirmar, não expressar, não exigir, … na nossa sociedade, que educa para a passividade e pela negatividade, é a atitude confortável para viver melhor.
Mas é um puro engano! Não participar, é, ao mesmo tempo, prescindir de uma parte de si próprio, de morrer, estando vivo, de sofrer em silêncio, de sublimar o mais profundo eu!
Mas não participar … é normal, é confortável, … porque educamos para isto. Porque nas nossas escolas, educamos para o individualismo e a não participação.
Desde pequenos, exceto em honrosas exceções, temos escolas, salas de aulas, professores, processos desenhados para cultivar o Eu, a independência individualista (contra a interdependência responsável), o pensamento único e limitativo, o exercício do poder discricionário, a passividade, a obrigação e a desresponsabilização, no fundo, tudo aquilo que leva à desmotivação para o indivíduo se afirmar e participar.
Felizmente, em casa, a coisa já é diferente!
Convém recordar que educar é direccionar a vontade, as competências e as práticas de acordo com um conjunto de valores!
Não se aprende/educa pelo que se fala. Antes, educa-se pelo que se vive/experimenta.
Cresce-se pela experimentação prática das ideias e dos valores. Copia-se o exemplo que tem sentido, que funciona, em cada pessoa, em cada vida, em cada processo. Recria-se em cada momento, a crença de agir ou deixar passar, de intervir ou deixar andar. De participar ou desistir, a partir do que se conhece/experimenta.
Falar de participação é relevante. Mas participar e experimentar é que faz a diferença.
Julguem o que quiserem! Eu vou andando por aqui, com um sorriso de turista descontraído ou de Papalagui, que passeia por uma terra de gente que se julga inteligente e que acredita que a escola que temos serve para alimentar o progresso wink emoticon
Eu tenho a certeza que não, mas que se lixe, só cá estou para passear e aprender com o leve sentido de imaginar ser.
TUDO DE BOM

Nenhum comentário:

Postar um comentário