terça-feira, 29 de janeiro de 2013

As circunstâncias constroem-se


Concordo com o que disse há dias o meu amigo João (Ferrão), numa entrevista com/sobre o Nuno Portas, na TSF: «há pessoas, como o Nuno, que criam as suas circunstâncias!».

Hoje (29.1.2013), teclando no facebook, perguntei aos meus ex-alunos por onde andavam. Tenho saudades de muitos deles, da sua irreverência e criatividade. Sei que alguns estão por fora, com grande alegria e sucesso. Outros estão cá, com um pouco menos de sucesso e outros, infelizmente ... continuam menos ativos, amedrontados! Os tempos não são muito fáceis!

Mas recolhi boas notícias, ótimos testemunhos. Muito diversos.

O Pedro respondeu-me assim: "Shenzhen, China. Fiz uma análise de mercado depois de 2 meses aqui às aranhas a ver todos os arquitectos a entregar portefólios e a receber o mesmo ordenado, fossem eles excelentes ou medíocres. Percebi algo. Uma brecha. As equipas de construção subcontratam ateliers de arquitectura para desenhar e os ateliers subcontratam empresas de construção para ir a concurso. Ofereci os meus serviços como chefe de equipa internacional de projecto de arquitectura. Ficaram interessados e recrutei 5 estrangeiros para trabalharem comigo. Estava descoberta a brecha no mercado. Por vezes é bom parar e pensar no que se pode mudar. Remar contra a maré não é solução. Há que sentar na margem um pouco e pensar em algo que ainda ninguém tenha reparado ;)"

A Teresa disse: «Boa tarde professor e colegas! No meu caso nem procurei trabalho em Lisboa. Candidatei-me um pouco para todo o mundo e, acabei por escolher Paris. Nao podia estar mais feliz com a minha escolha, a burocracia é simples e o pais organizado, tenho contracto de trabalho e salario para conseguir comer e viver a cidade. Trabalho em parceria para o Philippe Starck, e em termos de modo de trabalho é muito semelhante ao modo portugues, as leis sao diferentes, o neufret diferente, a lingua diferente, mas tudo se aprende rapido. A minha equipa é variada e internacional, para quem nao sabe o frances, o ingles é a lingua predominante. Recomendo em todos os aspectos emigrar. Nao sei por quanto tempo pretendo ser emigrante mas uma coisa é certa nao pretendo voltar a portugal tao cedo, cada vez mais sinto que tenho muito mais a aprender, viajar e conhecer. P.S. ha diversas a contratar estagiários por aqui. Beijinhos.» (…) «Se alguém precisar de ajuda por estes lados ou sitio para ficar durante entrevistas, sejam bem-vindos! »

O Nuno fez o seguinte comentário «Olá "eterno" Professor Álvaro. Não sei se está recordado de quem eu sou, mas eu lembro-me bem das suas aulas, marcaram o meu percurso académico e a forma de ver o Mundo. Por isso, muito Obrigado! Estava eu numa aula do 4º ano de Projeto e durante a conceção gráfica de um painel para apresentação descobri uma paixão, o design gráfico. Contra tudo e contra todos decidi seguir o meu sonho e apenas com uma mala de cartão e um sonho decidi empreender e já lá vão 12 meses que tenho um estúdio de Comunicação & Imagem (Ideiamagenta, lda.) no Porto Alto, ao lado de Vila Franca de Xira. Atualmente somos 3 pessoas. As coisas não são fáceis mas cá nos vamos aguentando. Temos de batalhar, apesar de muitas das vezes ser frustrante, o nosso (des)governo está a atrapalhar a vida de todos nós e principalmente dos Jovens que possuem Sonhos. Por isso, já temos um pé em Moçambique... Enfim, não querendo alongar-me mais, quero dar-lhe um grande abraço e quem sabe um dia nos voltemos a encontrar, é sempre bom conversar consigo.»

E a Ana concedeu-me as seguintes palavras: «Eu mudei o meu rumo. Agora procuro uma vida profissional gratificante no mundo dos animais como auxiliar de clínica veterinária, mas nunca me esqueci das aulas fantásticas do professor Álvaro. Gostava muito das de história e de estruturas com aquelas contas todas, mas o abrir horizontes e a forma como nos ensinou a expandir o pensamento foi fenomenal. Ainda me lembro da maneira como me explicou um semestre inteiro em 3 min. A panela de sopa com os ingredientes que queremos, fazemos o prato final à nossa maneira. As coisas acontecem como nós as levamos a acontecer e tudo se pode interligar. Foi no teste seguinte que tive uma boa nota. Mais uma vez, muito obrigada por ser o professor que é.»

Pois é, se calhar, o João (Ferrão) tem razão. Pelo menos, parte das circunstâncias constroem-se, conquistam-se. A outra parte, nem por isso, mas, vale a pena acreditar que sim, dá força para tentar ;-)

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