quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Que ENORME E VIL INJUSTIÇA!

Na maioria de lares (asilos) de 3ª idade que visitei e conheço, de norte a sul, posso afirmar que, nos últimos 10 anos, houve uma imensa melhoria. 

Mas, aquilo que é  triste de ver é o deserto afectivo que a desresponsabilização dos filhos, a mania da Qualidade e o excesso de técnica criaram.

Nesses espaços, onde, habitualmente estão pessoas debilitadas, na sua 4ª idade (oitenta e poucos anos), perdendo a cada dia um pouco mais da sua esperança e das suas condições físicas de autonomia, o que os «velhos» mais querem é um dedo de conversa.

Aliás. Não é um dedo. É, efectivamente, que algo ou alguém lhes mostre que não são um fardo, apesar dos seus limites. Não são lixo. São PESSOAS que, numa fase avançada da vida, depois de terem dado vida e cuidado de muitos outros, estão numa situação de dependência, depressiva, carregando consigo um pesado fardo de sofrimento, por ausência de afeto!

Mas, efectivamente, este é apenas o fim de um ciclo de envelhecimento a que nós, sociedade hipermoderna (ultra estupidificada) devotamos aqueles que já não trabalham!

O processo começa muito antes, desde o início da desocupação laboral. A organização social e a maioria de nós encarrega-se de lhes mostrar que pouco valem ou são um fardo. Ou seja, nos olhares, nos silêncios e nas palavras soltas e distraídas que por vezes nos saem da boca, comunicamos-lhes, que já estão fora do nosso progresso, já não são dignos de viver na nossa sociedade, … porque já nos dão pouco!

E, um dia, um estúpido de um ministro, chega ao ponto de afirmar qualquer coisa como: «não podemos manter os gastos que temos com as pessoas que não trabalham!»

Por isso, não só estou triste com a falta de Cultura e de Decência deste governo, como me revolta que estes estúpidos, e os que neles votaram, possam decidir a vida dos mais velhos e das gerações seguintes com base num conjunto de ideias e princípios totalmente desumanos.

Cada PESSOA, nova ou velha, é uma enciclopédia única de testemunhos que mais ninguém viveu, que, um dia, na velhice, «ninguém» quer ouvir e carregar. Que ENORME E VIL INJUSTIÇA!

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