terça-feira, 30 de outubro de 2012

Se


Se, ... um dia, inesperadamente,
morrer numa curva da estrada ...

Não esqueças:
os momentos bons que vivemos,
os doces debates que tivemos,
as histórias que te contei,
as festas e carinhos que trocámos,
as coisas boas que aprendemos.

Obrigado pelo que passámos ;-)

Acima de tudo,
nunca te esqueças de ti,
de que a vida é cheia de momentos,
simples, efémeros,
sós e acompanhados,
sentidos no ser, do teu coração.

Não esqueças,
de gozar o prazer de viver,
chorando, rindo, cantando,
lutando, vencendo, perdendo,
... vivendo!

Todos morremos, mas,
poucos somos os que vivemos,
encantados pelos momentos que passamos.

Eles, um dia, vão-se,
com as pessoas que os levam,
guardados nas boas memórias,
que alimentam o prazer de crescer.

Parto, na estrada, mas, 
não parto a ligação que nos uniu,
eternamente!

Parto tranquilo,
guardando a certeza de que, assim,
apesar de momentaneamente triste,
serás feliz.

Com muito amor,
Pai (seja ele qual for) que ama os seus filhos, 30 de Outubro de 2012

sábado, 27 de outubro de 2012

Ricos e pobres


Perguntou-me um amigo, chocado com alguns escritos: - o que tens contra os ricos? - Nada! Respondi eu, continuando: - Muitos são aqueles com quem tenho o prazer de lidar, conversar e aprender. São ricas pessoas, normalmente cultas, educadas, inteligentes!

Gosto de ricos e de pobres. 

Gosto de pessoas! Todas têm uma imensidão de riqueza que não possuo: a sua experiência de vida. Têm tanto para partilhar ;-)

O que detesto são os bandidos que se tornam ricos a enganar as pessoas. Animais que se aproveitam dos outros, ludibriando as leis, gozando com a seriedade e decência social.

Instintivamente, se pudesse, pontapeava-os, esmurrava-os, matava-os. Dava-lhes um tiro na cabeça!

Mas, felizmente, os meus pais, a escola, o budismo, o cristianismo, a filosofia dos direitos humanos, a cidadania activa e a vida levaram-me a aprender que não tenho o direito de tirar a vida a ninguém. É uma racionalidade cá dentro.

Mas … se a fome chegar ou a ameaça de perda de vida própria se aproximar, temo que o cérebro deixe de seguir a razão. Afinal, sou um animal que reage com emoção no limite da tensão! Como todos ;-)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Para a Carla …


… que, com muita pena, vejo partir da «minha» escola, ao fim de 16 anos a ajudar a criar futuros na vida de cada estudante!

No sentir da vida, o passado conta tanto como o futuro. As memórias amarram tanto como as expectativas. O ter e o ser conjugam-se para estabelecer os limites do poder. As relações são, muitas vezes, as pontes que nos permitem atravessar os precipícios e os presentes que a vida nos traz.

O presente é apenas um momento que enfrentamos com alguma aparente consciência, movido pelo estado do corpo e do espírito que carregamos, sem dominar.

O cruzar dos presentes e dos precipícios – onde, lá no fundo, as águas passam no rio, alimentando outras vidas que decorrem no nosso desconhecimento – faz-se, muitas vezes, através das pontes que conseguimos criar e manter. 

Para lá do presente, há muita floresta para desbravar, escondendo tesouros, presentes e futuros que iremos, também, conquistar e guardar.

sábado, 20 de outubro de 2012

Uma metáfora musical


Hoje em dia, tal como num espectáculo de música ao vivo com uma banda de rock suportada por uma orquestra, uma empresa (média) é uma estrutura complexa de relações programadas que se desenvolve numa constante interação entre artistas e consumidores, ávidos de emoções, numa profunda conexão de expectativas. 


Enquanto uns trabalham, ensaiados, compassadamente, seguindo a pauta estabelecida pelo compositor, na retaguarda, outros, mais livres, brilham à frente dos palcos, executando com mestria os instrumentos em que são geniais. Deles queremos o melhor. Momentos dignos para recordar durante o resto da vida. Se não acontecerem … será um fracasso, para todos.

Uns e outros, artistas, músicos de uma sinfonia criativa, que combina tradições clássicas com modernices inventivas, conjugam-se em melodias que os «clientes» desejam ouvir, encantados pelas poses que querem observar, num constante anseio de encantamento pela sua marca preferida. Quando tal não acontece, todo o trabalho é pouco. Há sempre quem faça melhor ;-) disposto a apaixonar o cliente.  

Muda


Quando deixas de olhar para a frente, sem espírito de conquista e desafio … as memórias amarram-te. Ficas preso. Tolhido! Por vezes, perdido. Pouco importa a idade. Estás velho. Olhas mais para trás, com nostalgia, do que para a frente, com ambição. Perdes gás, sem energia, num repente, mais rápido do que julgas, morreste, apesar de vivo. É indecente.

Muda, de novo, o ponto de vista. Busca, além do que se avista.

Os retrovisores são para espreitar num instante, de vez em quando. Não conduzas a vida a olhar para os espelhos. Ficas triste, ultrapassado, deslocado, focado apenas nas memórias do tempo … atrasado. Quem vive de memórias, sente a alma morta enquanto o corpo se consome sem chama, numa triste modorra do destino. Que desatino.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Líder, psicopata ou demónio?


Quando nos cruzamos, na rua, com um rapaz sorridente ou encontramos pela frente um líder entusiasmante, cuidado, pode ser um psicopata.

A diferença é mínima. Está nos seus genes, na sua educação, na sua infância, na adolescência e nos momentos passados, nas experiências marcantes da vida.

O comportamento humano é o resultado de uma complexa rede genética e neuronal que, um dia, num certo contexto, dispara o gatilho comportamental. Pode ser violento, animalesco, brutal.

Na tenra infância, o aconchego emocional, o treino do carinho, do afeto e do Amor, podem fazer a diferença. Reforçam a empatia, a atenção ao outro, a preocupação e o respeito. 

Ao longo da vida, as brincadeiras e os desportos coletivos equilibram a mente, combinando testosterona (a proteína da agressividade) e ocitocina (a da empatia e solidariedade).

Mas, no melhor pano cai a nódoa. Nas piores famílias (ricas e pobres) falha o amor e cresce a competição! Criam-se sobreviventes, egoístas, psicopatas, que se transformam em demónios, escondidos por detrás de vestes agressivas ou magníficas gravatas. Não deixam de o ser, educados para esse fim. A escola não faz milagres ;-)

sábado, 13 de outubro de 2012

Lágrimas de vida


Há lágrimas boas,
e outras excelentes,
que nascem na face,
num desejo cumprido,
numa relação conseguida.

Há lágrimas boas que vêm de fora,
em doce gratidão pela vida.

Há lágrimas tão boas,
como aquelas que sinto,
quando os «queridos»,
alunos vividos,
mostram que crescem e retribuem.

Há lágrimas que ficam,
para sempre,
guardadas na mente,
enchidas de gente,
bailando memórias de vida.

São Lágrimas,
quentes e boas,
que miúdos e graúdos, adorados,
trazem alegres, para saborear.

Felizmente,
com paixão,
sou professor.

Partilho momentos,
de aprendizagem,
com muitos alunos,
«simples» pessoas.

E há gente que ama,
sem se calar.

Brotam e fluem, 
Lágrimas de Vida,
quentes e boas,
para guardar.

OBRIGADO ;-)

A vida não é uma guerra, ...


... a vida não é uma batalha! Nem muitas. Nem sequer um jogo.

São momentos que passam, por vezes, juntos! Pedaços de tempo em que nos unimos ou sorrimos, uns com os outros. Numa insensata subconsciência que nos ordena e norteia, para que haja um sentido, imaginário e transcendente.

A vida é um multiplicatório de experiências e consciências que, por vezes, ficam nas memórias.

Podemos vivê-la e curti-la. Passar por ela ou perdê-la, distraídos em momentos de guerra, na conquista vã de clientes, na busca de sucessos e medalhas.

Mas, mais do que tudo isso, a vida é uma imensa oportunidade de experimentar os pequenos nadas e as magníficas obras desta Terra. Das pessoas que nos rodeiam.

Para quê, desperdiçá-la na vã glória das vitórias e nos conflitos?


domingo, 7 de outubro de 2012

Avatar PANDORA


Um dia, com tecnologia, poderemos mudar de corpo. Dominar o mundo, as ideias e os neurónios. Fugir para outros planetas. 

A ciência avança. A ética transforma-se. O Amor atrasa-se!

Entretanto, através da guerra, os índios foram chacinados, a natureza destruída, o poder conquistado! Depois, vieram outras batalhas, por esse mundo fora, na Europa, na América Latina, no Extremo Oriente, na Indochina, no Vietname, no Afeganistão, na Somália, na Serra Leoa, no Iraque, na Líbia, na Síria … por todo esse mundo fora.

Eram índios, dirão alguns! Atrasados, muçulmanos, católicos, o que calhar. Tudo serve para legitimar o domínio e eliminação dos outros.

Com guerras, muitas vezes provocadas, conquista-se terreno, humilham-se povos, destrói-se a diversidade, mata-se a Árvore, destrói-se a Terra!

Para quê?

Pouco importa. Domina-se o mundo. Vende-se. Consome-se. Ganha-se conforto (só para alguns).

Viva o sonho Americano, o negócio da guerra nas promessas de Democracia e Paz! Esconda-se Pandora, a PAZ e a Harmonia, o Amor, enquanto os homens e a terra o permitirem.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ironia, pura, nua e crua


Ouvem-se os pássaros ... na cidade!

É feriado. O último, da República!

Por momentos, não somos esmagados pelo ensurdecedor ruído dos carros nem dos homens que demandam a cidade em mais um dia de trabalho. Pelos diálogos gritantes da crise. Pelos silêncios inoportunos, de desespero, de quem não tem dinheiro para dar de comer a quem ama. O salário ficou no banco, guardado por uma prestação da casa que se vai perder.

Ouvem-se, lá fora, os pássaros cantando … a liberdade de não consumir nem de votar.

Viva a República! Viva a Democracia. Viva a Liberdade ;-) Calem-se os governos que nos retiram o cantar dos pássaros! Com fisgas, havemos de os calar!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Irracionalidades ... e convenções


Os políticos, os empresários, qualquer um de nós, vive das irracionalidades em que acredita, das convicções e emoções que tem, das convenções que adquire.

A maior parte das decisões diárias (75 a 85%, de acordo com diversos estudos de marketing) são irracionais, automáticas, instintivas. Apenas uma parte das pessoas, aquelas que têm uma predominância do hemisfério esquerdo do cérebro, consegue sobrepor a racionalidade à «irracionalidade» do hemisfério direito. 

Nenhum de nós o consegue fazer em relação às emoções!

É por isso que o design e o neuromarketing ganham terreno na política, nos negócios e no desenho dos espaços, tanto na habitação, como nas lojas, nas grandes superfícies e no espaço urbano.

Mas os convencionalismos persistem, porque dão segurança ao cérebro emocional. Reduzem a vigília e o medo. Descontraem.

Não somos tão inovadores como querem os artistas nem racionais como querem os econometristas. Por isso temos esta vida, estes espaços , estas relações e todos os desatinos que conhecemos ;-)

É óbvio. É racionalizável, mas … difícil de controlar. Até para o António Borges (professor universitário e conceituado financeiro).