segunda-feira, 28 de maio de 2012

Querer e crer


Querer é dar força à vontade, focalizando a pessoa num resultado concreto. Desejado! Com a crença de que o vai alcançar. É afastar os bloqueios, refrear e ultrapassar os medos. Fazer deles desafios que se conquistam e ultrapassam.

Querer é o mecanismo mais importante para o sucesso. Crer, acreditar, é a ferramenta que nos leva a ultrapassar as dificuldades, os inesperados.

O que aprendemos ao longo da vida pode ensinar a não querer nem crer! O contexto educativo ensina e transforma, nem sempre para o bem. Em certos casos, a educação atrapalha, a certa altura, passamos a não saber se queremos. Pior ainda. Já não sabemos crer, acreditar.

A consciência deste estado é o primeiro passo para mudar. O segundo, é o de assumir a humildade de já não saber, ganhando a coragem de iniciar um caminho, desconhecido, fazendo o esforço, por vezes com sofrimento, de mudar. Depois, é só começar com o espírito de experimentar e aprender. De aceitar o novo, o diferente, com prazer. E tudo o resto é fácil.

sábado, 26 de maio de 2012

O dedo na ferida … do Leão!


Desculpem-me, amigos que amam o SCP. Vamos falar com realismo. Hoje, o Sporting já não é um dos grandes. Já foi, mas agora, o clube não está à altura da ambição. Perderam a taça, com a Académica! Era favas contadas … para um clube superior! 

Os da Briosa, que estavam em campo, assumiram a inferioridade e quiseram ganhar. Lutaram, determinados, conquistaram. Mereceram.

Faltou-vos a noção da realidade, fora e dentro do campo, faltou a chama de vencedor e a imponência que já não têm. Aprenderam a lição. A falta de realismo enfraquece a regeneração! 

Olhem bem para o palmarés (do futebol de 11) nos últimos 25 anos. Uma geração com poucos títulos, envergonha a história do clube. Muito longe do Porto. Distante do Benfica. Seguido de perto pelo Braga e Boavista. 

O atraso é grande. O espírito de campeão já não existe. 

Quando assumirem esta realidade, com humildade, ganharão raiva, que se pode transformar em força. Criarão um ambiente mais favorável para os jogadores, poderão lutar com mais energia coletiva, combinando a força da emoção com a inteligência da razão. A situação atual também exige tempo, organização e trabalho, espírito de sacrifício, dedicação e persistência para alcançar os melhores.

Acordem. Aproveitem a alma ferida do Leão para criar um sistema de liderança consistente, uma cultura de campeão. Com crença e determinação. 

Por agora, sobra sonho e ousadia, ilusão. Os resultados ficam à vista. Não é só um problema vosso. É o fiel retrato da nação, em que os «culpados» ... são os jogadores!

Gabarolas e cobardolas


Quando miúdo e jovem, com facilidade, conseguia vitórias em diversas frentes. Enchiam-me o ego. Cantava-as aos quatro ventos. Com baixa auto-estima, era gabarolas. Inconsciente, inconsequente. Iludido, era diferente ... e feliz.

Insuportável para alguns. Com razão, reconheço hoje! Normalmente incompreendido, era competitivo, por vezes, arrogante. A gabarolice raiava a parvoíce. Ofendia os que se sentiam incapazes de conseguir conquistas, de sentir o prazer de vencer.

Tanta crítica ouvi, tanta «porrada» levei. Tantas relações desperdicei.

Apesar de burro e desatento, acabei por aprender! Tornei-me humilde. Cobardolas. Deixei de cantar as vitórias. Fiquei quieto, para não ofender. Tornei-me português: cinzento, inseguro, pouco ambicioso, medroso e crítico.

Amargurado, assim me arrumei. Calmamente, sobrevivi e agachei-me. Aconcheguei-me na crítica. Estudei, aprofundei o sentido da vida, encontrei-lhe uma orientação significativa.

Sereno, hoje, volto a ser gabarolas, com resultados concretos para mostrar, usando o estilo polido daqueles que fingem não se mostrar para, com as suas vitórias, não amesquinharem os egos dos que os invejam, em silêncio. Aprendi a não ser genuíno!

Em Portugal, e não só, é pecado proclamar vitória. É perigoso ser diferente, dar nas vistas, ser arrojado, ganhar. A menos que se adote a atitude (que muitos apelidam de arrogante) do Mourinho, com resultados. Ele não tem medo de chocar … porque vence! Concretiza com a força da mente e um enome poder de integrar, de ajudar os outros a conquistar.

Por isso vos digo: ousem arriscar, com controlo, nos sonhos e projetos que geram ganhos mútuos! É excelente jogar, perder e vencer. Vive-se assim uma vida cheia, intensa, forte, que vale a pena viver! 

O sentido da vida é VIVER, não é fingir nem temer.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sejam felizes


O espaço, as ideias e o tempo são contextos daquilo que é importante na vida: as interações, as relações, os momentos, que ficam na memória, cheios de emoções. Daqui surge a importância dos geógrafos, arquitetos, paisagistas e outros especialistas do espaço. São idiotas que tentam desenhar lugares intemporais.

Podem imaginar locais especiais, cheios de sentido e significado, mas não os conseguem encher. Cada pessoa, ou conjunto delas, quando se apropria dos espaços, transforma-os, dá-lhes vida, conteúdos, efémeros, que se esvaem ou ficam retidos nas memórias.

Hoje é mais um dia de oportunidades. 

Pode ser engolido, destruído pela imensa parvoíce de dar importância a tudo aquilo que a não tem ... ou para ser feliz, nos sentimentos que se criam, nas trocas que se estabelecem, nos projetos que se desenham e nas práticas que concretizam.

Bom dia! Sejam felizes.

Sou um «qualquer coisa»


Para mim, um Geógrafo é um interpretador, um quase filósofo das relações entre o meio e o homem. Estuda e percebe a magia do território. Tem mais valor quando consegue ajudar a desenvolver estas relações de modo sustentável e mutuamente recompensadoras, com um sentido que integra passado, presente e futuro. Torna-se nobre quando, no aqui e agora, ajuda os  congéneres a viverem em paz com o meio. 

O geógrafo não é um mero técnico de números ou de mapas nem, tão só, um professor.

Nos últimos anos, os geógrafos encerraram-se nas universidades, atrás dos computadores e dos mapas digitais, dos intermináveis estudos de aprofundamento temático que pouco mais são do que confabulações científicas consistentes, mas estéreis e desinteressantes para o cidadão comum. Especializaram-se nas análises atomistas e nos planeamentos, perderam grande parte do seu significado social. Reduziram o seu valor.

Hoje, já não me considero um Geógrafo, mas, apenas, um pensador que, felizmente, fez um curso superior de Ensino da Geografia, com excelentes momentos de aprendizagem, com alguns professores. 

Como disseram doutos geógrafos há alguns anos (1998), não faço Geografia! Analiso e interpreto o território, procurando soluções que o valorizam, dando-lhe sentido e significado para as pessoas. Faço Marketing Territorial, há alguns anos. Estabeleço relações relevantes entre pessoas e meio, ajudo a criar sentidos e intervenções, exploro os significados concretos do espaço e o modo como eles podem influenciar a vida. Nada de novo!

Felizmente ;-), já não sou geógrafo, vou sendo um «qualquer coisa», como outros, senhores, engenheiros e doutores!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Descendo Monsanto


20 horas e quinze minutos, por aí abaixo, descendo Monsanto, depois de mais um dia, na escola! Umas aulas, uns testes, umas conversas! Nada mais, para além do prazer de dar aulas. De aprender com os que ensino, de estar com alguéns que me aturam e merecem.

Pagam-me para ser feliz. Para crescer, que mais posso querer? Em troca, dou tudo o que posso, o que penso saber. Tento fazer carinhas felizes, capazes de, hoje, sonhar com a vida que amanhã conquistarão.

Continuo a descer e avisto a cidade, esse objeto de estudo que explico com paixão. Passa um avião. Vai para a Portela, posso vê-lo aterrar ou observar a paisagem, sentindo o vento a passar pela cara. Que bom! 

Sabe tão bem regressar a casa depois de um dia em que tenho trabalho, em que sou quem sou e, no facebook, vejo os reflexos da vida nos sagrados agrados dos meus alunos, presentes e passados.

Bolas, ainda bem que fiz o curso de Geografia, me enganei no código e escolhi, sem querer, a via de Ensino. Ainda bem que deixei para traz, temporariamente, uma carreira na gestão. Boa opção. Foi o destino. 

Apesar de tudo, dos constrangimentos. É bom! Estou vivo, sou pobre, mas imensamente rico de relações e histórias para recordar em conjunto. É tão bom! Sou pobre, mas não estou podre, como alguns! 

Passamos por elas

Árvores. São vidas!

Estão cá, mas não as observamos, nem escutamos. Apenas passamos. Vivemos à sua sombra, quando chove e quando faz sol! Inalamos o ar que filtram, para que possamos respirar melhor.

Alimentam-nos. Dão-nos, ou roubamo-lhes, os seus frutos. Abrigam-nos em momentos de tempestade, dão sombra em terras escaldantes e criam o solo que pisoteamos para passear. Abrigam o chilrear dos pássaros e milhões de formas de vida que nos enriquecem.

Um dia secam. Já não estão lá, para nós, perde-mo-las. Como a vida.

Passamos por elas sem que as cuidemos, sem que as valorizemos. As vidas passam por nós, a correr, num fôlego, sem que as aproveitemos. Perde-mo-las, como as oportunidades, que não regressam. 

Não as respeitamos, não sabemos os seus nomes, as suas origens, as suas histórias. Apesar de serem elas que ali estão, vivendo, sentindo-nos, dando-nos ar, sombra, alimentos, filtrando e regenerando a água que bebemos e transpiramos. Esquece-mo-las!

Acompanham-nos, mas … cultivamos nelas o abandono que anda em nós, nas nossas vidas, em busca de ilusões frustradoras, por vezes, tenebrosas. 

Ai quem me dera saber ler as árvores e cuidar delas. Quão rico seria se as soubesse escutar e entender.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

(in)DISCIPLINA e APRENDIZAGEM


(In)disciplina, (In)segurança, (Des)conforto são termos muito relevantes no dia-a-dia. Existem pela ausência ou presença da confiança, de sentido e de significado para cada momento, do sentimento de (in)justiça, da aceitação, da conformidade e do apoio que cada um possui em cada contexto em que se encontra.

Existem comportamentos (negativos) que prejudicam as relações e os momentos de vida, criando um ambiente de insegurança que ativa o instinto de sobrevivência, o registo do medo, gerando ansiedade, respostas mais imediatas e descontroladas aos estímulos externos, imprevisíveis, reduzindo a capacidade de criar e reforçar ligações criativas no cérebro, reduzindo a capacidade de aprender com serenidade.

Os ambientes confusos e inseguros são imprevisíveis. Promovem situações e reações inesperadas, ameaçadoras, assustadoras. Geram desconforto nas interações e nas ações/reações com o contexto. A ausência de rotinas e regras, o desconhecimento dos comportamentos e limites adequados para a boa relação criam situações com elevado potencial de conflito.

A aprendizagem é um processo de interações e adaptações ao mundo (envolvente ou contexto) que pretende gerar poder através do domínio cognitivo do meio e da capacidade de operar com sucesso sobre a envolvente dinâmica e variável. A aprendizagem é reconfortante e mais fácil quando decorre num ambiente previsível, estável e desafiante, em que o desafio se processa acima de tudo ao nível do intelecto, havendo segurança nas relações e nos momentos, que têm um sentido claro, de futuro.

O segredo do sucesso na aprendizagem está, muitas vezes, em saber combinar estabilidade, conforto e desafio. Saber criar a instabilidade momentanea e o desconforto transitório, nos momentos de transformação e mudança. Muitas vezes, trata-se de criar o ambiente e o apoio que permitam gerar a mudança individual, sempre criadora de alguma instabilidade emocional temporária.

A aprendizagem beneficia quando opera num espaço afetivo seguro. Previsível nos momentos, nas rotinas, nas sequências e na relação com os outros. Para isso, precisamos de princípios e normas, de preferência negociadas e partilhadas. Precisamos de ter confiança no contexto, nas pessoas e nos processos.

Precisamos de criar um ambiente, um espaço, que permita aos intervenientes serem quem são, sentindo-se afetivamente aceites, integrados e apoiados, sem ameaças e medos, sem necessitarem de estar à defesa, sendo desafiados, responsabilizados, com poder, sentindo-se atores efetivos dos seus processos de mudança, aos quais atribuem sentido (de futuro), uma emoção no processo e no resultado, com significado (com emoção) na relação com os outros e com a envolvente próxima e distante. 

Não são apenas os alunos que necessitam deste ambiente!

Este ambiente é um processo que se faz com avaliação (auto e hetero) contínua e formativa, analisando o percurso (pessoal e coletivo), confrontando-se com os resultados conseguidos, com as vitórias, os desaires e os seus mecanismos de correcção, as ambiências e contextos.

Porque somos seres humanos, necessitamos de sentir harmonia, serenidade, num ambiente seguro, mas desafiante, com uma certa dose de instabilidade controlada, com inesperados, em que podemos ser quem somos, mas, ao mesmo tempo, colocarmo-nos à prova, em segurança, testando os nossos limites e ficando felizes com as conquistas.

Precisamos de saber que nos controlamos e que controlamos a envolvente, transformando-a e adptando-a a nosso favor, com o apoio e o reconhecimento dos outros, em equilíbrio dinâmico com o meio. Daqui advém a importância das relações positivas, seguras, reconfortantes e desafiantes em que o nosso papél não é reduzido a um número (de professor ou de aluno).

A qualidade do ambiente de aprendizagem é fruto das relações em sala. É um trabalho (um processo com muitos resultados) conjunto entre professores e alunos (os agentes em sala de aula). É um esforço de comunicação e escuta mútua, de aceitação e desafio. Baseia-se na negociação e definição de regras de relacionamento, feita em conjunto, respeitando o próximo, com um sentido e um significado vantajoso para ambas as partes. Cria-se através da repartição de responsabilidades, da combinação de princípios, normas ou regras, de prémios pelo cumprimento e de punições pelo incumprimento. Consolida-se pelo treino do cumprimento, pela avaliação contínua e partilhada, pela valorização dos benefícios ao nível dos relacionamentos, dos momentos, do processo e dos resultados.

A busca da qualidade do ambiente de aprendizagem sugere a negociação dos papéis e a partilha dos poderes, a definição de atitudes e comportamentos positivos no exercício do poder. Pressupõe o envolvimento e apoio dos elementos externos à sala de aula: pais e encarregados de educação; auxiliares de ação educativa; outros intervenientes. Pressupõe a predisposição para o respeito pelo outro, a aceitação do outro, o apoio ao outro, dentro das normas existentes.

A aprendizagem pode ser um processo de integração e melhoria do bem-estar, de civilização (civismo), que se desenrola ao longo do tempo, em todas as dimensões da vida, em todos os contextos e oportunidades. 

A disciplinarização positiva, criativa e promotora de desenvolvimento humano (individual e coletivo) é um treino que cria hábitos, que se reforça ou enfraquece nas envolventes em que vivemos. É um esforço conjunto e continuado de criação de conforto e de crescimento em comunidade que cria as condições para cada um ser e sentir-se melhor ao longo do seu trajeto de vida. 

A aprendizagem e a disciplina são alicerces tão importantes da vida como respirar e andar. São suportes para o aparecimento do melhor que cada um pode dar aos outros, dos talentos que podemos partilhar para nos enriquecermos mutuamente.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O vírus da Terra

Um texto que publiquei há 5 anos (Março de 2001) na Medicina e Saúde!


Deprimente, mas realista. Na ânsia de sermos mais ricos, com muita inconsciência, fazemos ao planeta o que o vírus da SIDA faz ao corpo humano. Mata-o! É uma demência colectiva que importa contrariar. Mas, antes, há que cuidar da saúde mental!

Já sabíamos, mas não valorizávamos! O clima está a mudar. Finalmente, ao fim de 20 anos, os órgãos de comunicação social passaram a dar a devida atenção a este problema que decorre da acção irresponsável do vírus da Terra: a Humanidade. Pelo menos foi o que demonstraram os cientistas reunidos em Paris. 

Em toda a história, nunca ocorreu uma extinção de espécies como agora acontece. Mais uma vez, somos nós os responsáveis! Mas os governos ainda pouco ou nada fizeram para contrariar esta tendência. 

Ao nível da saúde e da educação, apesar dos técnicos falarem sobre este assunto, as medidas continuam a não ser visíveis. Os médicos e enfermeiros ainda não reflectem nas suas práticas as preocupações que derivam deste assunto para a promoção de hábitos saudáveis! Muitos professores tratam o tema como um conteúdo de aprendizagem sobre o qual não têm qualquer responsabilidade. 

Nós, os que somos pais de jovens infantes, esquecemos de lhes demonstrar, através do exemplo, o quanto podemos fazer. Por vezes, nem o simples acto de separar os lixos fazemos!

Envolvidos num sistema económico depredador de recursos, caminhamos gradualmente para o descalabro, sem ter em conta as provas científicas de que ele está a ocorrer. Preferimos esconder o problema como o fazemos em relação aos massacres de seres humanos em África e à fome que ocorre por todo esse mundo.

Desta forma, fruto do modelo de sociedade moderna que desenvolvemos, transformámo-nos numa sociedade demente, angustiada e deprimida que, envolta naquilo que imagina ser a maior base de conhecimento de todos os tempos, se torna incapaz de garantir a sua sobrevivência! 

Isto sim é um verdadeiro problema de saúde… mental!

Afinal, apesar dos elevados progressos tecnológicos e científicos que nos permitiram chegar à lua e equacionar a conquista de novos planetas ou prolongar a vida até aos 120 ou 150 anos, estamos, numa acção colectiva e individual, a cavar a nossa sepultura, com requintes de malvadez para os nossos filhos e netos. Não é justo!

Mas, pensando agora na nossa escala de vida, nos próximos 15 a 20, há um outro problema preocupante que emerge: a nossa falta de saúde mental! A afirmação não é só minha! 

Em 2020, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os episódios agudos de doença mental serão a principal causa incapacitante para o trabalho, com fortes reflexos na economia europeia. É mais um sinal de falência desta estirpe perigosa de vírus do planeta Terra.

A OMS tem vindo a alertar para este problema desde 2002, colocando o tema na ordem do dia. Agora, a UE e Portugal estão a olhar atentamente para o assunto. Mas, quando existirão medidas efectivas? De que modo é que as organizações e as pessoas estão preparadas para este desafio? O que poderemos fazer?

Estas serão respostas que teremos, em princípio, no final do mês de Março, quando a Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental apresentar os resultados do seu trabalho.

Mas será que a comunicação social lhe dará a devida importância? Ou teremos de esperar 20 anos até que, uma enorme conferência internacional permita falar sobre o assunto?

domingo, 20 de maio de 2012

A droga do poder


A felicidade resulta do sentido que damos aos factos e momentos que vivemos. O bem-estar depende da sensação que tiramos no momento. 

Ou seja, o essencial é o sentimento, a relação, a pulsação do momento.

Mas a maioria de nós procupa-se com o devir. Desgasta-se no ato de ambicionar, jogar, conquistar e frustrar-se com a luta por alcançar um futuro à medida da sua imaginação. Apega-se a ele, gerando tensão, corridas, batalhas e sofrimento.

Porque raio imaginamos que ter mais poder, objetos, patrimónios nos traz felicidade e bem-estar? Será uma aprendizagem inteligente ou uma parvoíce indecente que nos atrapalha o caminho?

O poder é inebriante, narcótico. É uma droga de prazer efémero. Simplesmente bom e momentâneo. Extasiante e ilusório. Que se esgota quando, num instante, o perdemos!

De seguida, desgastamo-nos, de novo, para o ter.

Quando podíamos, calmamente, simplesmente, viver!

Terrível stresse


A tensão, o stresse, pode ser terrível, quando descontrolado. É a resposta do corpo ao ambiente externo (filtrado e imaginado). É uma reação de sobreviência.

Se controlado, tem um lado positivo que permite enfrentar inúmeros desafios com alto desempenho. Pode ser um aliado.

Atualmente, as pessoas vivem em stresse contínuo sem se aperceberem. As informações que recebem e as angústias que criam contribuem diariamente para uma forte dose de tensão física e psíquica, uma elevada tensão relacional. A vida está carregada de stresse (essa coisa boa que se tranformou num inimigo terrível do corpo, da mente e da alma).

Para o controlar, precisamos de aprender a … respirar. Ajuda, saber meditar e desacelerar, contemplar e saber esperar … com calma. É bom escolher a informação que escutamos e as pessoas que acompanhamos.

O stresse contagia. A vida é um stresse. Porque deixamos que o seja!

O stresse artificial, induzido pelos nossos pensamentos, ambições e receios é terrível. Mas controlável. Se quisermos e nos dispusermos a treinar!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A vida no seu melhor

Nick Vujicic é um cidadão muito simples, extraordinariamente simples, porque muito diferente! Sabe viver, sabe da vida, sabe Ser e Estar. Quando alguém se encontra desesperado, desgostoso, desesperançado, lembro-me dele! Recorrentemente, lembro-me dele.

Não são os factos da vida, os constrangimentos, que nos amarram. São os nossos sentimentos e pensamentos que o fazem. Tudo é possível, passo a passo, com tempo, dedicação, alguma criatividade e ação. Tudo é possível com vontade e capacidade de empreender. É, acima de tudo, uma questão de atitude e um espírito aberto que fazem o melhor que nos temos.

Não precisamos de tudo, apenas nos bastamos, diferentes, quando nos temos e, em nosso redor, outros temos que nos bastam. Com capacidade de olhar, para ver aquilo que somos e o que queremos.

É assim que a vida se mostra. Porque não deixamos que os preconceitos, os conceitos e os medos aprisionem o Ser que temos. Isto é que é património, sustentável e durável, de ouro. É a vida no seu melhor.





quarta-feira, 16 de maio de 2012

Não os invejo


Os africanos «mais atrasados» sabem rir com pouco, viver com um coração cheio, gozar o prazer de não ter, tendo-se nas relações que criam. Ubuntam-se. Unem-se na pobreza, numa imensa riqueza de Ser e Estar. Sabem. Aprenderam a ser felizes.

Quase invejo os seus ritmos, as suas danças os seus sorrisos rasgados e o olhar deslumbrado perante a cor da vida colorida. Vivem a vida que têm, não correm atrás das dos outros.

A pobreza (material) não é miséria. A riqueza pode até ser. O materialismo, a inacreditável crença de que ter dinheiro e poder são caminhos para a felicidade, aprisiona muito boa gente em percursos de sofrimento. O egoísmo exacerbado cria uma vida miserável, triste.

A inveja, a comparação contínua e a exigência são inibidores da vida. Descontrolados, criam frustração, baixa auto-estima, dor contínua e ansiedade, constantes. Deprimem.

Miseráveis são todos aqueles que não entendem que a vida pode ser cheia, vivida com poucos bens, menos privilégios e mordomias.

Os miseráveis, normalemente, andam tristes. Para compensar, bebem, sexam e festejam na «disco», ficando irritados quando não lhes dão palco nas capas das revistas. São tristes e andam tristes. São miseráveis, apesar de ricos. Não os invejo! 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Muito aquém da sustentabilidade


Texto longo, escrito para suporte papel, assinado por mim e por Célia Marques, publicado na revista Latitde 39, número 3, de Novembro de 2011.

     A cultura ambiental da nossa sociedade (Portuguesa) está aquém dos desafios actuais e futuros. Apesar dos esforços e progressos da educação ambiental, o desconhecimento sobre a sustentabilidade impera em todos os meios. Tenta-se ensinar a cultura da protecção da natureza (chamando-lhe, erradamente, ambiente) e a preservação das espécies, mas falha-se redondamente na construção de uma solução integral que faça a integração dinâmica entre os 4 alicerces da sustentabilidade: natureza, sociedade, política e economia.
     Na escola, em casa, na televisão e nas igrejas (os 4 mais potentes meios de educação que temos) fala-se sobre alterações climáticas e preservação de recursos, mas falha-se bastante na ligação entre estas componentes, a produção, o consumo, a economia, a pobreza, a saúde e o bem-estar dos indivíduos e das comunidades. Falamos (sem fazer grandes esforços por praticar) em desenvolvimento sustentável. Estamos, hoje, a (im)preparar as crianças e os jovens para os desafios de hoje e de amanhã. Faltam escutismos modernos, adaptados às novas exigências da Terra.
     Actualmente, será mais correcto falar em culturas ambientais emergentes promotoras do desenvolvimento sustentável do que numa cultura única de tendência conservacionista como a que dominou os anos oitenta e noventa, se mediatizou pelo movimento Greepeace e se vulgarizou na educação, no ordenamento do território e nos meios universitários.
     Na medida em que se dissemina a informação ambiental através de múltiplos meios, designadamente a televisão e a Internet, e que os problemas da sobre-exploração dos recursos terrestres se vão tornando evidentes, vai-se alargando a base de apoio e a diversidade de filosofias ambientalistas, de grupos de opinião e acção. Aparentemente, emerge uma moda: o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade.
     No âmbito desta moda, numa óptica mais puritana, encontramos hoje o budismo ocidental, o vegarismo e algum ambientalismo radical que se expressa de forma interessante em abordagens como a permacultura.      
     Numa óptica de intervenção social para o desenvolvimento sustentável, expressa-se pelas associações ambientalistas como a LPN e a Quercus e as inúmeras organizações de desenvolvimento local. Numa perspectiva mais empresarial, encontra expressão na cultura da Responsabilidade Social da Empresas, designadamente através de estruturas como a BCSD.
     De um modo geral, com a Internet, a generalização do acesso à informação e às redes globais de relacionamento, a integração e a internacionalização destas múltiplas abordagens e dos seus actores aprofunda-se.
     Mas, efectivamente, nas práticas e nas decisões actuais, persiste uma cultura dominadora que reflecte a educação e a sociedade dos últimos 80 anos. É bem representada pelos envelhecidos defensores do crescimento económico como o promotor do progresso, cépticos em relação à insustentabilidade (evidente na actualidade) do nosso modelo de consumo, de produção e de convivência com a natureza. Continua-se a defender que o progresso se baseia no racionalismo obtuso, na produção, no crescimento económico e na dinamização dos consumos, transformando a economia e a indústria em predadores de recursos e a sociedade numa extensa fábrica virada para a satisfação voraz dos consumidores e para o lucro irresponsável.
     De acordo com os «5 axiomas da sustentabilidade» de Richard Heinberg e as perspectivas das Cimeiras da Terra de 1992 e 2002, já muitos perceberam que o progresso da Humanidade tem de se basear num «Regresso à Terra», como advogou há mais de 15 anos Soromenho Marques. Existe a necessidade de restabelecer um forte equilíbrio entre a Mãe Terra (os seus ecossistemas milenares) e as pessoas dentro das comunidades, na busca do máximo bem-estar integral, regenerando os ecossistemas de suporte, numa óptica local e global com forte responsabilidade de todos. Até porque as alterações climáticas, a desflorestação, a urbanização predadora e a contaminação dos recursos essenciais (água, solo e ar) conjugam-se para uma mudança ecossistémica acentuada à escala global que reduz o horizonte de sustentabilidade do planeta e da Humanidade para perto dos 2250 anos depois de Cristo ou, eventualmente, como advoga um número crescente de cientistas, para a próxima geração!
     Hoje, na perspectiva optimista, a pegada ecológica (William Rees, 1992) média mundial está perto do limite de sustentabilidade. Mas a população continua a crescer e, se nada se alterar, em 2050, seremos entre oito mil e 9.000 milhões de habitantes humanos no planeta Terra. Cada português contribui com a sua parte, salvaguardando o conforto que adquirimos nos últimos 40 anos. Temos uma pegada ecológica por pessoa muito superior ao que o planeta suporta e superior à média europeia! Somos, efectivamente, irresponsáveis à vista do que já conhecemos.
     Esta situação corresponde a uma cultura de irresponsabilidade que as conferências de Paris (2008) e de Barcelona (2010) sobre o desenvolvimento económico sustentável puseram a nú, mas sobre a qual demoramos a agir.
     Confirma-se hoje, no âmbito dos especialistas e investigadores destas áreas, que a prosperidade económica que temos fragiliza e põe em causa a prosperidade social, a sustentabilidade da natureza e a sustentabilidade política das democracias e das monarquias. A situação actual promove a insustentabilidade, não sendo possível combatê-la com soluções parcelares e desgarradas, apenas com uma solução integral e responsável. Mas esta consciência ainda não se encontra devidamente disseminada, nem as soluções se encontram devidamente amadurecidas.
     Todavia, as propostas de Rob Hopkins e do movimento de transição no seu Transition handbook ou as abordagens do decrescimento económico (degrowth movement) emergem como caminhos de recuperação que carecem de uma forte disseminação e vinculação social.
     É neste campo que o movimento escutista, seguindo as perspectivas dos seus fundadores, pode afirmar-se como uma das maiores riquezas à escala global! Efectivamente, o escutismo pode ser a resposta para uma sociedade em crise que precisa de se reencontrar com a Terra, ampliando-se e alargando-se na defesa de princípios universais de base ecológica e transcendente que também começam a ter relevância nos discursos empresariais, políticos e psicológicos. Até porque, sendo um movimento voluntário e aberto, de consciencialização e educação não formal para crianças e jovens, sem vínculos politico-partidários, que complementa a educação das outras instituições, valoriza a participação de pessoas de todas as origens sociais, raças e crenças.
     Afinal, apenas se alteram alguns equilíbrios e as convicções das modas que passam, mas persistem as grandes convicções que as religiões, as instituições e as filosofias ancestrais consagram! Mudam-se os tempos, mas não mudam as bases estruturais da Humanidade na Terra!
     Alicerçados na Internet, que disponibiliza informação a nível global, muda as nossas relações, liberta-nos, torna-nos mais interdependentes e liga-nos a todos nos problemas e soluções que podem existir, aqueles que lutam pela Terra estão agora mais juntos e mais conscientes. Entramos numa nova era de progresso muito para além do económico, numa nova proposta de criação de sustentabilidade a partir da civilidade e da cooperação responsável: o decrescimento sustentável.

Serviço Cívico Obrigatório

Os ideias libertinos que se apropriaram da revolução de Abril (à esquerda e à direita) desvalorizaram o escutismo, a catequese, a família alargada, a comunidade, promovendo o consumo e o desaparecimento do serviço militar obrigatório.

Agora, refletem-se na sociedade que temos e nas organizações, nos comportamentos que levam à insustentabilidade! 

Temos inúmeras pessoas com menos de 50 anos que não têm disciplina nem se sabem vincular a qualquer ideal de «bem comum». Só pensam em si, no seu umbigo, no seu dinheiro e no seu poder!

Admitindo que ainda vale a pena tentar inverter o caminho da incivilidade em que nos deleitamos, que nos leva à indisciplina e à violência (cultivada na televisão e nos filmes de cinema), proponho que criemos um Serviço Cívico Obrigatório, para todos. Quanto antes. Com a duração de 12 meses.
 
Durante cerca de 4 meses, ensinar-se-ia a ser decente, respeitador, disciplinado, organizado, pacifista, ambientalista e empreendedor. Nos restantes 8, estagiava-se em entidades sem fins lucrativos. 

Criar-se-ia emprego e civilidade. E a economia renascia, com mais sentido!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Burros e deficientes


Deficientes são todos aqueles que designam os outros como tal. Deficientes … pensamentais: burros.

A deficiência é uma anti eficiência idealizada. Portanto, necessita da definição da eficiência, sempre circunscrita a uma função. Uma deficiência num elemento de competência pode conformar uma eficiência elevada noutro! Que estranho!

Um autista será um deficiente ou um diferente com múltiplas deficiências e eficiências? Será um deficiente porque o é, ou é um diferente que poderemos amar com outros jeitos? Seremos nós eficientes ou deficientes nas sua avaliação e na relação que estabelecemos?

A «deficiência», em certos aspectos, é um peso para os que estão próximos. Mas também é um desafio ao desenvolvimento de cada um e da sua comunidade, da família, do espaço nobre das ligações afetivas fortes. A «deficiência» pode ser um dom que faz emergir em nós (nas nossas relações) as mais maravilhosas descobertas e competências.

Bem vistas as coisas, todos somos deficientes … ou diferentes. E a nossa maior deficiência é o modo como olhamos para os diferentes, a forma como tratamos os demais, como olhamos para nós próprios.

Somos deficientes porque as nossas concepções de sociedade,educação e pessoa são deficientes. Na génese, somos diferentes, no percurso de aprendizagem e (des)integração coletiva, não somos deficientes, torna-mo-nos, aprendemos a ser!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Estou seguro


Estou seguro ... de que uma vida vazia, divertida, é muito melhor do que uma sentida, vivida; de que a ilusão é mais confortável que a razão; de que o dinheiro é poder, o poder traz dinheiro e o dinheiro é razão. A razão do sucesso e da fama, para além do Ser.

Estou seguro.
Mas a segurança não me traz alegria,
fantasia, magia nem paixão.

Estou seguro.
Não tenho medo.
Porque, em segredo, 
não vivo, estou escondido,
de mim, do sofrer e do não ter.
Sou rico e bem nutrido.

Estou seguro. Tenho sucesso e, do resto, quero lá saber ;-)

Que estranho


Há tantas formas interessantes de viver a vida. Sentida. Com sentido, vasto, infinito. Circunscrito ao enorme Ser guardado na Alma, sem pensar.

É tão imensa a liberdade de Estar. Sentado, a olhar, a sentir, a vaguear.

Quanto mais conscientes, menos desculpas temos para fazer escolhas … estranhas. Quanto mais conhecedores, mais nos questionamos.

Há perguntas que me acompanham eternamente, sem resposta:

Porque buscamos os outros para momentos a dois, mas, depois, optamos por uma vida, individualista, dentro de casa, na cidade? Porque substituímos a brincadeira e o prazer de viver pelo prazer de ter … poder? Porque razão o dinheiro comanda a vida, aprisionando-lhe os seus sentidos? Porque é tão difícil viver em comum, numa comunidade? 

Que medos se opõem, que hábitos se criam? Que bloqueios existem?

Há tantas boas formas de viver a vida. Mas a maioria de nós escolhe ser urbanita, modernista, positivista e rico.

Sinto que o progresso que temos é pequeno e demente. Doente. E o que escrevo, irrelevante ;-)

Que estranho!