terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Devo ser estúpido!


...um estranho numa terra estranha!

Desde pequeno, sempre me indignei quando alguém gozava com outro, mais fraco ou menos capaz. Sempre achei o ato cobarde, indigno e estúpido. De baixo nível. 

Quando vejo alguém a gozar com a iliteracia de outro, um dos bens mais preciosos que existe para poder viver feliz, ainda me indigno mais. Refiro-me aos estúpidos comentários que vi junto a esta imagem: 


E respondo com este vídeo que vos deve fazer recuar! http://cn.ted.com/talks/sandra-fisher-martins-the-right-to-understand.html?c=353349

Não gozem! Respeitem. É uma das melhores maneiras de crescer! Além do mais, o conteúdo é pleno de emoção, a forma, irrelevante.

Acordem «marretas»


Olho para a cimeira da UE e vejo um bando de velhos «marretas» a imaginar que a vida se resolve com mais repressão económica sobre os estados soberanos. Vejo o Passos Coelho a dizer quase o mesmo que o Sócrates no início de início do ano de 2011. Está a pré-anunciar um segundo resgate, a evidência de que a solução falhou!

Olho para alguns dos meus alunos, que nasceram na era histórica d.n. (depois da Net) e vejo um magote de putos criativos, com boas ideias e melhores valores, que não têm noção do que é «lutar pela vida», porque a sociedade que temos e os pais que os educaram, os protegeram irresponsavelmente, mimando em tudo o que puderam!

Olho para os pais deles e vejo que, nascidos a.n. (antes da Net), estão aturdidos pela mudança, mas, egoístas e competitivos, preferem seguir o caminho dos velhos que lhes abriram as portas da vida confortável de consumo. Fogem à visão dos novos que não entendem!

No meio disto tudo, já não sei onde vamos parar. Partilho aqui convosco um vídeo que os alunos fizeram o favor de me mostrar! Talvez explique muita coisa! http://www.youtube.com/watch?v=52e7i-2D6HU

E digo aos mais velhos: Acordem «marretas», o mundo mudou imenso! 

Será neste novo mundo, complexo, dinâmico e integrado - que  vocês querem renegar porque desconhecem, vos assusta - que construiremos as soluções de uma vida muito diferente! 

Para perceberem com maior profundidade o que está em causa, aconselho-vos a leitura de François Ascher: «Novos princípios do urbanismo, seguido de Novos compromissos urbanos.», escrito em meados dos anos 2000! E, de preferência, dos livros: «O que faria o google», de Jeff Jarvis; e «Como se tornar indispensável», de Seth Godin. Talvez assim nos possam ajudar a melhorar o mundo que temos!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A nova história


Até há uns anos fazia sentido distinguir a história através de Cristo. Antes de Cristo (ac) e depois de Cristo (dc). Qualquer dia, distingue-se com a Internet. Antes da Net (an) e depois da Net (dn).

Em Portugal, há um conflito de gerações, incapazes de se entenderem. Vivem mundos e tempos diferentes.

De um lado, olhando à moda antiga, estão os que acreditam que esta é uma crise do capitalismo moderno que se resolve no quadro dos Estados e dos paradigmas modernos. É malta que estudou a doutrina moderna. Criou os liberais que se antagonizam com os comunistas. Ainda acreditam no poder autoritário. Para eles, o mundo explica-se ainda pelas diferenças entre ricos e pobres, poderosos e inferiores. Para estes, a Internet é um planeta distante, pouco relevante!

Mas há uma nova geração que pensa e age diferente. Ultrapassando as regras, desconhecendo os dogmas modernos e modernistas. Carregada de putos diferentes, que imaginam e desejam uma sociedade em rede, cheia de democracia, feita de ligações e desligações, efémeras, liberais, mas decentes. Vivem na «net» como se fosse a Terra!

Desencontrados e desconfiados, olham-se com desdém, incapazes de dialogar para buscar as soluções que uma nova sociedade exige. Isolam-se. Compassadamente, caminham para o precipício, a par, agarrados, enquanto dá, ao modo de vida de antes da Net, com a moral do tempo de Cristo!

O problema é que a vida é, por agora, um misto destes dois mundos que são incapazes de perceber!

2 meses!


Quanto tempo falta para que o caldo se entorne? 

Para um número muito significativo de cidadãos, as políticas troikianas dos dois últimos governos barraram a economia, o emprego, o acesso à saúde, à educação. Aperta-se o cerco aos alicerces do bem-estar, de uma vida digna! 

O acesso à saúde corresponde às necessidades mais básicas da dignidade humana. O ensino e a formação funcionam como instrumentos de esperança para uma vida melhor! Quando se barram o emprego e estes dois alicerces, bloqueia-se o sonho de ter uma vida digna.

O Estado que não permite o acesso a estes «bens», não tem valor. 

A paciência esgota-se. A classe média, privada de bens e serviços básicos, já sente a crise para além dos limites de tolerância! 

Cada palavra mal dita, é um detonador. Cada medida do Governo, uma bomba prestes a explodir. Uma simples greve, a conta da luz, outro aumento,  podem ser a faísca para a explosão.  

O povo já não tem razões para suportar deslizes! 

Desorientado e desiludido, percebendo que não vale a pena o sacrifício, sem o garante de um presidente decente, procura um sinal! Espera a oportunidade para aliviar a raiva que sente por ter sido enganado e, agora, por ter sido humilhado, pelas palavras do presidente.

Só falta saber, quando vai acontecer! Será já nesta semana ou será daqui a dois meses? Aceitam-se apostas, até essa data!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Um segredo


Afinal, ninguém educa!

Tentamos! Com regras, normas, valores...etc. Com atos, experiências e convicções. Procuramos cultivar o melhor que cada um pode mostrar!

Mas, o que educa são os momentos marcantes. Muitas vezes, transformados em olhares. No olhar que fazemos, no que trocamos, naqueles com que reprimimos e apoiamos. Enfim, educamos, muitas vezes, sem querer. Com a indiferença do mesmo olhar.

O segredo está no olhar, nas emoções e ligações que criamos, no que passamos sem dizer. Nos momentos e mensagens que tocam o coração.

Afinal, nós tentamos, mas cada um aprende por si. Educa-se, no contexto de sensações que criamos! Por isso, nunca temos gémeos iguais. 

A envolvente é semelhante, os percursos idênticos, mas, o que nos marca são, apenas, alguns MOMENTOS, nos olhares que trocamos, naquilo que atiramos e  que regressa carregado de significados.

Há momentos, há olhares, que nos transformam. Que nos educam.

Pode matar


O bullying pode matar. É uma vergonha. Não podemos aceitar. Transforma os diferentes e os fracos em farrapos. Provoca dor, angústia, sofrimento e isolamento. Corrói e destrói uma Alma com tanto para dar.

O bullying é um processo com vários episódios. Um exercício estúpido de poder, praticado por bestas com baixas habilidades sociais, normalmente preconceituosos. Os agressores reforçam o poder pelos atos macabros de intimidar, agredir, dominar e humilhar. Os agredidos ficam com medo, vergonha, baixa auto-estima, sem vontade de viver.

Um dia, um agredido deprime e, «estranhamente», farta-se. Suicida-se! São centenas de casos, registados por aí. Mas, por vezes, em alternativa, vinga-se. Mata, como no massacre de Columbine (1999) e de Realengo (2011).

Nestes processos, nós, os indiferentes, somos cúmplices, por vezes, culpados!  Comodamente instalados e seguros, ficámos a ver, criámos as condições para o bullying acontecer!

Assim educamos, na família, na escola, no trabalho, na rua, em todo o lado! Não é preciso ensinar, basta, cruzar os braços, não agir, ignorar!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Sou estúpido, quero elogios!

Olá amigos, como sabem, tenho uma elevada dose de estupidez natural. É surreal! Ainda bem, sou mais feliz assim!

A estupidez natural, o elogio e o agradecimento são mágicos e, por enquanto, são de borla!

A estupidez torna-nos ingénuos. Liberta-nos. Facilita a aceitação de certas experiências de vida. Aquelas que, quando as entendemos, nos esmagam. Mas, felizmente, por estupidez natural, passam-nos ao lado, como se andássemos distraídos.

Quando nos enganam, a estupidez protege-nos, temporariamente, é claro, mas o tempo suficiente para andarmos estupidamente felizes.

Quanto maior for a estupidez natural, mais flexíveis e criativos poderemos ser. É visível nas crianças. Quanto mais «estúpidas», mais brincalhonas. Riem mais, aparvalham mais, criam mais sinapses, aprendem mais! E, mais tarde, ficam como o Herman José e o Ricardo Araújo Pereira. Estupidamente estúpidos e divertidos.

A estupidez é uma couraça que nos defende de agressões emocionais. Torna-nos inteligentes. Se não fossemos naturalmente estúpidos, não éramos capazes de nos imaginar melhor do que somos, não desenvolvíamos a auto-estima e a vontade de fazer esforço em busca de mais talento.

Mas, para que a estúpida inteligência se espalhe, precisamos de elogios.

O elogio sincero cria alento, boas ligações, abre a porta do coração e da intimidade dos outros. Dá confiança para mostrar a estupidez natural que temos e a genialidade que vem agarrada à sua alma. Gera criatividade coletiva!

O agradecimento é a pitada que falta, valoriza a troca que o elogio criou, incentivando a repetição de mais um ciclo criativo, a partir da estupidez natural, perfeitamente humana.

Felizmente, ainda sou estúpido e tenho-vos como amigos! 

Obrigado.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

D. Dinis

«D. Dinis estava mais avançado do que os nossos governantes», afirma Gonçalo Ribeiro Telles, arquiteto paisagista de intocável reputação. Defende que enquanto não criarmos as condições para produzir tantos alimentos como os que consumimos, estaremos em risco de perda de soberania. Tem razão!

Mas, Ribeiro Telles esqueceu-se de referir uma coisa: D.Dinis foi educado pelos melhores mestres europeus da altura, vindos de Itália, França e Espanha. É o resultado de um forte investimento educativo dos pais. Mais tarde, Portugal, um país diminuto, assumiu-se como a potência de inovação mundial!

D. Dinis era um homem de enorme sabedoria. Possivelmente, o melhor rei de Portugal. Um estratega e visionário que foi capaz de perceber como ordenar o país para permitir o seu forte desenvolvimento no futuro. Um homem culto que percebia o valor da Universidade, do Ordenamento territorial, da Silvicultura, da Agricultura, do Comércio e da Justiça.

Será que os pais dos nossos governantes tiveram tamanho investimento na educação? Parece que não!

Parem, não é por aí!

O Pedro e o Tó Zé vão reunir hoje, provavelmente, na companhia dos seus amigos de oportunidade, o Miguel, o Carlos e o Eurico, num encontro formal, combinado com outras conversas que desconhecemos. 

Preparam o anúncio de algo relevante. Provavelmente: «as medidas não foram suficientes, o dinheiro não chega, vamos precisar de mais uma troikada, com os vossos sacrifícios».

Servirá também para manifestar publicamente um envolvimento mútuo na manutenção desta democracia, deste sistema político e de poder que, desde há 25 anos, pelo menos, se negoceia em conversas habituais de camaradas de profissão.

Eles sabem que, como as coisas foram conduzidas, hoje, o «seu sistema» está em crise. Por isso, aparecerão em público com um discurso que alterna o antagonismo e o apoio mútuo em defesa da Nação, mas, em privado, de mãos dadas, continuarão a garantir a desejada continuidade em que investem desde os tempos das Juventudes (partidárias), negando que o fazem, como o faziam!

Apesar dos preocupantes sinais de revolta que se ouvem nos cafés e no facebook.

Felizmente, há movimentos cívicos, que podem impedir o conflito descontrolado e apresentar alternativas mobilizadoras. Existem redes digitais onde as pessoas desabafam. Há uma cultura pacifista. Mas, também existem radicais de esquerda e de direita que andam «danadinhos» para brincar.

Por isso, aviso: Pedro e Tó Zé, parem. Não é por aí. Esse foi o caminho do Sócrates e do Cavaco. Deu no que deu! Hoje, a história tem de ser outra. Se não abrem os olhos, qualquer dia, «cortam-vos o pescoço», e os pacifistas ficarão quietos, a assistir. Têm razões para isso.

Sempre foi assim!  

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Um pequeno passo

Do individualismo à solidão é, apenas, um pequeno passo!

À medida que vamos crescendo, num contexto de conforto que faz com que não precisemos dos outros, vamo-nos afastando, desligando, abandonando os outros. Começamos por nos preocupar menos com eles do que com os resultados.

Substituímos as brincadeiras e os convívios coletivos por quartos individuais, automóveis, televisões, computadores pessoais, ipods, jogos individuais e visitas aos centros comerciais.

Um dia, sem darmos por isso, estamos sós, não temos amigos nem vizinhos que nos dão a mão em momentos de crise! Temos relações frágeis. Somos autónomos, demasiado independentes, «livres»!

Não precisam de nós!

Para ajudar à festa, na escola, à medida que crescemos, vamos competindo, trabalhando para a nota. Namoramos, refugiamo-nos nas relações afetivas mais próximas e egoístas, que, um dia, acabam porque não estamos educados para partilhar, aceitar e dar. Para Amar! 

Ficamos cativos de uma carreira e do consumo!

Agarramo-nos aos filhos - quando nos restam - até que, um dia, sem alternativa e sem pares, solitários, vamos parar a um «depósito de velhos e inúteis» a que chamamos lar!

Felizmente, nesses lugares, há profissionais a quem pagam para nos garantirem alimento, higiene e um conforto mínimo do corpo. Porque, da alma, ninguém nos trata! Mesmo que para isso se esforcem.

Um dia, deprimidos, percebemos que «estamos a mais»!

É um processo de solidão que construímos quando, descontraidamente, desde pequenos, começámos a cultivar o individualismo, em busca da independência e da liberdade, alimentando-o com «bons hábitos» de consumo e de egoísmo, com distanciamento e dissociação.

Não são os outros que nos deixam!

A urbanidade moderna permitiu-nos um modo de vida miserável. Cheios de conforto material, fomo-nos criando assim: pessoas solitárias. 

Afinal, tudo começou em nós, na nossa cultura, em casa e na escola, quando deixámos de curtir a família, de cultivar as amizades, as entre-ajudas! Deixámos de cultivar as ligações positivas.

Espero que, um dia, a hipermodernidade, estas novas tecnologias e a escassez venham obrigar-nos a sair deste percurso. Espero que a nova sociedade hipermédia nos ajude a encontrar um caminho da integração humana, de alegre interdependência.

Também é um simples pequeno passo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Obrigado «velhote»

O Eusébio faz, hoje, 70 anos. De imenso respeito!

Muitas vezes, pedia ao meu pai para ir à bola. Para ver o Eusébio! Lembro-me dele em campo, como do Seninho, do Simões, do Jordão, do Zé Henriques, do Toni e do Humberto. Não me lembro de ver o Coluna, outro grande homem que também merece imenso respeito pela coragem, lealdade e determinação que espalhou pelos campos.

Mas, o Eusébio é especial. Magnífico com a bola. Humilde, apaixonado, ingénuo, lutador, vencedor! Esplendoroso como vizinho! Várias vezes o vi no Fonte Nova, sorridente, calmo, conversando no café, sempre disponível para qualquer pessoa que lhe pedia um autógrafo. Uma paz d'alma especial, em corpo de gente. A bondade em pessoa!

É um exemplo.

Quando sofria uma falta, por vezes dura, levantava-se, a coxear, esfregava o local da agressão e continuava para marcar mais um golo. Quando não havia nada de jeito e a equipa jogava mal, lá estava a Pantera! Mais um golo para o abono de família dos colegas!

Também o vi, várias vezes, a fazer um gesto de apoio ou a pedir desculpa ao guarda-redes que acabara de humilhar. Para ele, o jogo era VIDA. Mas aquela pequena luta, cheia de alegria, começava e acabava ali. Dentro dela, não havia espaço para a maldade. 

Hoje, a mesma alma, o mesmo caráter, estão lá!

Felizmente, está vivo. Já tem uma estátua. É a estátua da bondade ingénua daqueles «pretos» que conheci na terra em que nasci! É uma maneira de ser. Uma alma grande e velha, cheia de sabedoria daquilo que, de facto, é a vida.

PARABÉNS GRANDE HOMEM!

Obrigado «velhote» por tudo o que nos dás!

A agonia da Troika

A vida pode ser entendida assim: de um lado está a economia de produção (liderada pelos grandes países G8-G20), do outro, está a economia de consumo (onde se inserem os outros mais de 120 países e muitas regiões dos G20). No meio, está o modo de vida que cada um de nós é capaz de criar, mediante a sua cultura, os seus valores, convicções, competências...! 

O mundo está muito melhor como se pode ver:  http://www.youtube.com/watch?v=Qe9Lw_nlFQU&feature=related.

A Troika defende a economia de produção (que gera os elevados lucros do sistema financeiro mundial), afirmando que somos consumidores  irresponsáveis. Unem esforços e competências. Contratam os melhores, mais egoístas e indecentes! Dão crédito para consumir o que produzem!

Nós, os da economia de consumo, muitos mais, desorganizadamente, procuramos reduzir o consumo, pelas palavras! 

Em momentos de crise, tudo resulta numa doce e morna agonia para os consumidores, embebidos num sonho promissor de poder, um dia, consumir para ser feliz. É a agonia da Troika!

E se mudarmos o modo de vida? 

Perguntem aos países emergentes como se faz! 

Eles passaram pelo mesmo. Nessa altura, nós fazíamos parte da Troika. Eles eram os «países em vias de desenvolvimento». 

Mas a ganância dos investidores e a vontade de concentrar para fazer mais lucro, levou-nos a isto! Somos países em sub-desenvolvimento! Porque a Troika, agora, o quer! 

Já não podemos manter o mesmo nível de vida! Por culpa da Troika, da ganância e dos (des)governos! Não vamos ficar mais pobres. Vamos viver pior, ou, se quiserem, de modo diferente!

Os esquecidos

Quando andava no Liceu, tinha professores especiais, mas, nos recreios, os referenciais de segurança, os meus apoios, eram os funcionários. Os que nos ajudavam e educavam! Os professores, quando saiam das aulas, refugiavam-se na sua sala.

Nessa altura, não sabia quanto lhes pagavam. Não conhecia as diferenças salariais: INJUSTAS! Eles, os funcionários, eram importantes, as pessoas de suporte, mas, porque tinham estudado menos...

Nas empresas, sabemos muito bem quem são as peças-chave: os de suporte e os de ligação. Fazem com que o sistema funcione. 

Porque sabemos quem são, reconhecemos-lhes o estatuto, damos-lhe afeto e remuneração decente. Por isso, temos o que merecemos, a sua dedicação, o melhor que podem dar, o seu talento.

Mas, em Portugal, não é essa a cultura dominante!

O sistema de reconhecimento social e de remuneração, no Estado e num número muito significativo de empresas, é injusto e estúpido. 

Premeia e paga melhor aos doutores engravatados, aos incompetentes e aos «lambe-botas», corruptos. Penaliza os funcionários menos instruídos, mesmo que sejam mais competentes e decentes, que acrescentem valor e sejam a nossa base de sustentação.

Os salários valorizam, por ordem decrescente: nº de anos de escolaridade, estatuto social e valor financeiro criado para o empregador.

Nesta perspetiva, os bons funcionários, perdem dignidade, tornam-se ESQUECIDOS...e «esquecem-se» de fazer bem. Que espanto!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Insustentável

Um resumo de um texto notável, acessível em: http://resistir.info/energia/5_axiomas.html.

Cinco axiomas da sustentabilidade

por Richard Heinberg [*]

Resumo: O meu objectivo neste ensaio é analisar a história dos termos sustentável sustentabilidade, as suas várias definições publicadas, e por último expor um conjunto de cinco axiomas (baseado numa revisão da literatura existente sobre o tema) a fim de ajudar a clarificar as características de uma sociedade durável.Richar Heinberg.

A essência do termo sustentável é bastante simples: "aquilo que pode ser mantido ao longo do tempo". Implicitamente, isto significa que qualquer sociedade, ou qualquer aspecto de uma sociedade, que seja insustentável, não pode ser mantido por muito tempo e deixará de funcionar numa qualquer altura.

É provavelmente seguro assumir que nenhuma sociedade poderá ser mantida para sempre: os astrónomos garantem-nos que daqui a uns milhares de milhões de anos o Sol terá aquecido ao ponto em que os oceanos se evaporarão e a vida no nosso planeta terminará. Desta forma, sustentabilidade é um termo relativo. Parece então ser razoável tomar como marco temporal de referência as durações das civilizações anteriores, que variaram de várias centenas a vários milhares de anos. Sendo assim, uma sociedade sustentável seria aquela que fosse capaz de se manter durante muitos séculos no futuro.

No entanto, a palavra sustentável tem sido amplamente usada nos anos recentes para, de um modo vago e geral, referir apenas as práticas que têm a reputação de estarem mais de acordo com um meio ambiente saudável do que outras. Esta palavra é, com frequência, muito negligentemente usada, de tal maneira que tem levado alguns ecologistas a aconselhar o abandono do seu uso [1] . Ainda assim, creio que o conceito de sustentabilidade é essencial para compreender e solucionar o dilema ecológico das nossas espécies, e que a palavra poderá ser reabilitada se estivermos dispostos a despender um pequeno esforço para chegarmos a uma definição clara.

História e antecedentes 

O conceito essencial de sustentabilidade foi incorporado na visão mundial e nas tradições de muitos povos indígenas; por exemplo, foi um preceito de Gayanashagowa, ou a Grande Lei da Paz (a constituição dos Haudenosaunee ou as Seis Nações da Confederação dos Iroquois) que levava os chefes a avaliar o impacte das suas decisões sobre a sétima geração futura. O primeiro uso europeu conhecido de sustentabilidade (em alemão: Nachhaltigkeit) ocorreu em 1712 no livro Sylvicultura Oeconomica pelo silvicultor e cientista alemão Hannss Carl von Carlowitz. Mais tarde, os silvicultores franceses e ingleses adoptaram a prática de plantar árvores como um caminho para a "silvicultura de rendimento contínuo".

O termo começou a ser mais difundido depois de 1987, quando o Relatório Brundtland da Comissão Mundial de Ambiente e Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável como sendo o desenvolvimento que "satisfaz as necessidades da geração actual sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas próprias necessidades" [2] . Esta definição de sustentabilidade teve a capacidade de, na época, ser muito influente, sendo ainda amplamente usada; não obstante foi criticada por não identificar de uma forma explícita a insustentabilidade do uso de recursos não-renováveis, nem o problema do crescimento da população [3] .

Ainda nos anos oitenta, o oncologista sueco Dr. Karl-Henrik Robèrt reuniu os principais cientistas suecos para estabelecerem um consenso sobre as exigências de uma sociedade sustentável. Em 1989 ele formulou este consenso baseado em quatro condições para a sustentabilidade que por sua vez configurou a base do estabelecimento para uma organização, O Passo Natural (The Natural Step) [4] . Subsequentemente, as principais 60 corporações suecas e 56 municipalidades, assim como muitas empresas de outros países, empenharam-se no cumprimento das condições da O Passo Natural. As quatro condições são as seguintes:
1. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão estar sistematicamente sujeitas a concentrações crescentes de substâncias extraídas da crosta terrestre.

2. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão estar sistematicamente sujeitas a concentrações crescentes de substâncias produzidas pela sociedade.

3. Para que uma sociedade seja sustentável, as funções da natureza e a diversidade não deverão ser sistematicamente empobrecidas através de deslocamento físico, da sobre-exploração,   ou de outras formas de manipulação do ecossistema.

4. Numa sociedade sustentável, as pessoas não deverão estar sujeitas a condições que sistematicamente debilitam a capacidade de satisfazerem as suas necessidades.
Sentindo a necessidade de contabilizar ou criar um procedimento com o qual fosse possível medir a sustentabilidade, em 1992 o ecologista canadiano William Rees introduziu o conceito da Pegada Ecológica, definido como a área de terra e água que hipoteticamente uma população humana necessitaria para obter os recursos exigidos à sua própria sustentação e para absorver os seus desperdícios, em função da tecnologia em uso [5] . O que se infere desta definição é o reconhecimento de que, para a humanidade alcançar a sustentabilidade, a pegada da totalidade da população mundial deve ser inferior à área total terra/água da Terra (aquela pegada é actualmente calculada pelaFootprint Network como sendo aproximadamente 23% maior do que o planeta pode regenerar, concluindo-se que a espécie humana está a operar de um modo insustentável).

Num trabalho publicado em 1994 (e revisto em 1998), o professor catedrático de física Albert A. Bartlett formulou as 17 Leis da Sustentabilidade, procurando clarificar o significado de sustentabilidade em termos de população e consumo de recursos [6] . As críticas de Bartlett ao uso descuidado deste termo, e a sua rigorosa demonstração das implicações de crescimento continuado, foram importantes influências no presente esforço do autor para definir o que é genuinamente sustentável.

Uma pesquisa histórica verdadeiramente exaustiva do uso dos termos sustentável sustentabilidade não é viável. Uma procura na amazon.com da palavra sustentabilidade (17/Janeiro/2007) resultou em quase 25 mil possibilidades de pesquisa – provavelmente, correspondendo a vários milhares de títulos distintos que contêm a palavra.Sustentável obteve 62 mil resultados, incluindo livros em liderança sustentável, comunidades, energia, desenho, construção, negócios, desenvolvimento, planeamento urbano, turismo, etc. Uma procura de artigos de revista noGoogle Scholar resultou em mais de 538 mil resultados, indicando milhares de artigos escolares ou referências que continham a palavra sustentabilidade nos seus títulos. Porém, o meu assumido conhecimento pouco exaustivo em literatura sobre o tema, (sustentado, entre outras fontes, por dois livros que fazem uma avaliação da história do conceito de sustentabilidade) [7] sugere que muito, se não a maioria deste imenso corpo de publicações repete ou baseia-se nas várias definições e condições descritas atrás.

Cinco Axiomas 

Como contribuição para este contínuo refinamento do conceito, formulei cinco axiomas (verdades evidentes) de sustentabilidade. Não apresentei nenhuma nova noção fundamental em nenhum dos axiomas; o meu objectivo é apenas extrair as ideias que foram propostas e analisadas por outros, e apresentá-las numa forma que seja mais precisa e simples de entender.

Formulando estes axiomas procurei ter em conta definições prévias de sustentabilidade, e também as mais convincentes críticas dessas definições. Os meus critérios foram os seguintes:
  • Para ser qualificado como um axioma, o seu texto deve ser capaz de ser avaliado usando metodologia científica; 
  • Colectivamente, um conjunto de axiomas, que pretenda definir sustentabilidade, deve ser mínimo (sem redundâncias); 
  • Ao mesmo tempo, os axiomas devem ser suficientes, não deixando nenhuma saída evidente; 
  • Os axiomas devem ser formulados em condições que qualquer pessoa comum possa entender.
Temos então aqui os axiomas, seguidos de uma breve Discussão: 

1. (Axioma de Tainter): Qualquer sociedade que use continuamente recursos críticos de modo insustentável, entrará em colapso.

Excepção: Uma sociedade pode evitar o colapso encontrando recursos de substituição.

Limite à excepção: Num mundo finito, o número de possíveis substituições é também finito. 


2. (O Axioma de Bartlett): o crescimento populacional e/ou o crescimento das taxas de consumo dos recursos não é sustentável. 


3. Para ser sustentável, o uso dos recursos renováveis deve seguir uma taxa que deverá ser inferior ou igual à taxa de reposição. 


4. Para ser sustentável, o uso de recursos não-renováveis tem de evoluir a uma taxa em declínio, e a taxa de declínio deve ser maior ou igual à taxa de esgotamento (depletion rate). 

Taxa de esgotamento é a quantidade extraída durante um dado intervalo de tempo (normalmente um ano) como uma percentagem da quantidade deixada para extracção. Fórmula: (quantidade extraída) / (quantidade ainda por extrair).

5. A sustentabilidade requer que as substâncias introduzidas no ambiente pela actividade humana sejam minimizadas e tornadas inofensivas para as funções da biosfera.

Nos casos em que a poluição ameaça a viabilidade dos ecossistemas, em virtude da extracção e do consumo dos recursos não-renováveis, sendo que se tem assistido ultimamente, e desde algum tempo, a uma ampliação destas taxas, temos então a necessidade de estabelecer uma redução das taxas de extracção e de consumo desses recursos a uma taxa superior à taxa de esgotamento. 

Avaliação 

Estes axiomas estão evidentemente abertos a um refinamento adicional. Tentei antecipar-me a possíveis críticas, prevendo-as e tendo-as em consideração, que provavelmente serão do tipo que acham que estes axiomas não são suficientes para definir o conceito de sustentabilidade. De todas elas, a crítica mais óbvia é a que merece ser mencionada e discutida aqui: Porque não existe nenhum axioma relacionado com a justiça social (semelhante à quarta condição do Passo Natural)?

O propósito do conjunto de axiomas expostos aqui, não será a descrição das condições que nos conduziriam a uma sociedade boa ou justa, mas simplesmente a uma sociedade capaz de se manter ao longo do tempo. Não é claro que uma igualdade económica perfeita, ou um sistema perfeitamente igualitário de tomada de decisão, seja indispensável para evitar o colapso da sociedade. É certo que a extrema desigualdade torna as sociedades vulneráveis a motins sociais e políticos. Por outro lado, poderíamos argumentar que a adesão de uma sociedade aos cinco axiomas expostos, resultaria numa sociedade com níveis maiores de igualdade económica e política, eliminando assim a necessidade de um axioma separado considerando este último aspecto em questão. Na literatura antropológica, as taxas modestas de consumo dos recursos e a baixa dimensão populacional, relativamente à dotação dos recursos de base, estão correlacionados com o uso do processo de tomada de decisão e com a equidade económica – embora a correlação seja distorcida por outras variáveis, tais como as relacionadas com a alimentação (as sociedades caçadoras e colectoras tendem a ser altamente equitativas e igualitárias, enquanto as sociedades de massas tendem a ser menos). Se tais correlações continuarem a manter-se, a reversão para taxas de consumo de recursos mais baixas deveria conduzir a uma sociedade mais igualitária, em lugar de menos igualitária [14] .

Será que alguma vez os políticos, locais, nacionais e internacionais, irão dar forma a uma política pública que esteja de acordo com estes cinco axiomas? É evidente que as políticas que exijam o fim do crescimento populacional – e inclusivamente, talvez o decrescimento populacional – assim como a redução do consumo dos recursos, não seriam populares, a menos que as pessoas em geral pudessem ser persuadidas da necessidade de tornar sustentáveis as suas actividades. No entanto, se os líderes não começarem a ter em conta estes axiomas, a sociedade como um todo, ou alguns aspectos dela, começará seguramente a desmoronar-se. Talvez este seja um estímulo suficiente para superar a resistência psicológica e política que, a não verificar-se, frustraria os esforços que nos conduziriam a uma verdadeira sustentabilidade.


Notas 

1. Eric Freyfogle, Why Conservation Is Failing and How It Can Regain Ground (Yale University Press, 2006)
2. Comissão mundial do ambiente e desenvolvimento, Our Common Future (1987), www.are.admin.ch/are/en/nachhaltig/international_uno/unterseite02330/ 
3. Albert A. Bartlett, Reflections on Sustainability, Population Growth, and the Evnironment—Revisted. Renewable Resources Journal, Vol. 15, No. 4, Winter 1997-1998, 6-23. www.hubbertpeak.com/bartlett/reflections.htm 
4. www.naturalstep.org  
5. William E. Rees and Mathis Wackernagel, Our Ecological Footprint (New Society, 1995). www.footprintnetwork.org 
6. Bartlett 1998, op. cit.
7. Simon Dresner, Principles of Sustainability (Earthscan, 2002); Andres Edwards, The Sustainability Revolution: Portrait of a Paradigm Shift (New Society, 2005)
8. Julian Simon, The State of Humanity: Steadily Improving. Cato Policy Report, Vol. 17, No. 5, 131.
9. Jared Diamond, Collapse: How Societies Choose to Fail or Survive  , Bantam Press, Londres, 2006, 352 pgs., ISBN: 0593055527 ; Joseph Tainter, The Collapse of Complex Societies (Cambridge University Press, 1988)
10. Bartlett 1998, op. cit.
11. E.g., Simone Valente, Sustainable Development, Renewable Resources and Technological Progress em Environmental and Resource Economics, Vol. 30, No. 1, January 2005, 115-125.
12. Albert A. Bartlett, Sustained Availability: A Management Program for Nonrenewable Resources. American Journal of Physics, Vol. 54, May 1986, 398-402
13. Richard Heinberg, The Oil Depletion Protocol: A Plan to Avert Oil Wars, Terrorism and Economic Collapse (New Society, 2006); www.oildepletionprotocol.org 
14. Ver, por exemplo, Marshall Sahlins, Stone Age Economics (Aldine, 1972); Gerhard Lenski, Power and Privilege (University of North Carolina Press, 1977); and Ivan Illich, Energy and Equity (Calder and Boyars, 1974). 


[*] Autor de The Oil Depletion Protocol  .
O texto do protocolo em português encontra-se em http://resistir.info/energia/depletion_protocol_p.html .

Para definições de expressões utilizadas neste artigo ver Glossary 

O original encontra-se em http://www.globalpublicmedia.com/articles/851  . Tradução de MJS. 

Porque perdemos emprego?

Vale a pena juntar as peças para perceber porque perdemos emprego.


Uma razão estrutural de caráter financeiro!
http://www.youtube.com/watch?v=5wts8rNbyfY&feature=related


Uma razão estrutural de caráter eco(lógico)nómico! 
http://www.youtube.com/watch?v=MnnjDdAMIIk&feature=player_embedded


Uma razão de loucura das instituições que deviam ser responsáveis!
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=533221


E uma razão comportamental. Fomos educados e treinados para ser consumistas e passivos, desejando, um dia, sermos ricos e independentes, mais ou menos, liberalistas!


Apesar de, há vários anos, sabermos da insustentabilidade deste modelo de vida, de produção e de consumo!
http://resistir.info/energia/5_axiomas.html

Educar pelo EXEMPLO

A EDUCAÇÃO é a arte de trabalhar a personalidade. Constrói e molda o caráter. Transforma as inteligências emocional, espiritual, cognitiva (intelectual) e relacional. Produz uma inteligência própria, que adequa a pessoa ao seu contexto, no presente e para o futuro. 

A instrução, que se faz pelo ensino, é a técnica de condicionar, e, eventualmente, desenvolver a inteligência cognitiva: a competência de racionalizar as coisas. É limitada e limitadora.

Portanto, a EDUCAÇÃO integra a instrução, que se trabalha muito através do ensino. EDUCAÇÃO e ensino, não são a mesma coisa.

A melhor ferramenta educativa é a demonstração prática: o EXEMPLO! Educa mais do que a palavra, mesmo a bem instruída.

Sintam este exemplo, hipotético, sobre o CONSUMISMO:

Tenho vários discursos muito bem montados sobre o maldito consumismo. Posso repeti-lo e explicá-lo todos os dias às minhas filhas. Sempre com belas demonstrações, instruindo-as na arte de só consumirem o essencial. Mas no fim do dia, zangado com a vida, digo-lhes: «Estou farto, vamos ao Colombo, preciso de comprar um Ipod»!

Matei os meus discursos e a minha credibilidade. Apesar da instrução que dei, as minhas filhas vão aprender várias OUTRAS coisas que «ensinei»:
  1. É bom consumir, alivia a dor!
  2. Quem consome peca, desde que não seja eu a fazê-lo.
  3. Sou mentiroso, pouco íntegro e pecador!
  4. Sempre que estiverem tristes ou zangadas, o melhor é consumirem como o pai, arranjando uma boa desculpa!
«Ensina» melhor o que faço! 

Percebe-se assim porque falham muitas vezes as áreas de Projeto, Cidadania, Estudo Acompanhado (devia ser de aprendizagem apoiada), EVT e EV! Porque não se prestam à instrução, são espaços de aprendizagem experimental, tal como a ciência laboratorial.

Sabem porque falha a instrução? Porque, muitas vezes, não tem sentido nenhum para quem é o alvo do ato de instruir. 

Mas o ministro da Educação, coitado, não sabe!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Amigos profissionais

No ocidente urbano, a Sociedade Moderna criou as condições para vivermos mais sós, com maior conforto, sem precisar dos outros, agarrados ao mundo, através dos media que nos informam e separam.

A Sociedade Pós-moderna deu-nos as ideias e hábitos dos outros, aumentando o poder de estarmos mais sós, mas protegidos e iludidos. A Sociedade Hipermoderna (Hipertexto ou Hipermédia), aquela que vivemos agora, com os meios digitais, acentua mais este padrão.

Como resultado, cada vez estamos mais desvinculados e desligados dos outros. Um dia, damos connosco com muitos contactos, mas sem amigos! Sem pessoas com quem tenhamos intimidade e confiança para poder trocar as dúvidas e angústias mais importantes.

Nessa altura, se tivermos dinheiro, compra-mo-los, estabelecemos uma avença! Ficamos mais calmos e seguros porque não temos vínculo emocional, apenas um contrato que quebramos quando quisermos!

Nasce, assim, uma nova profissão: o conselheiro pessoal ou, dito de outra forma, o «amigo profissional». Que pode estar no outro lado do mundo, através de um computador! 

É triste? Não. Simplesmente, para quem tem dinheiro, «É»,como todos os factos da vida!

Para quem é pobre e não tem Net, resta a solidão e o abandono! Para esses sim, é triste e vergonhoso. Mas existem, cada vez mais!

O que é básico?

Para mim, espero não estar só, o mais importante na vida é aprender a ser decente, eficiente e eficaz, contribuindo para ter uma melhor vida, numa perspetiva de bem comum, de ganhos múltiplos e mútuos.

Por isso, defendo que, na escola, em casa e na comunidade, é essencial criar condições para APRENDER e DESENVOLVER um conjunto de competências e «saberes» como:

Saber sentir, pensar, comunicar, aprender e decidir.
Saber relacionar-se, criar ligações positivas e trocar.
Saber explorar e conhecer o meio em que se está.
Saber adaptar-se, mudar-se, aproveitar e criar oportunidades.
Saber filosofar, criar sentidos para a vida, e todas as suas partes.
Saber pensar, de espírito aberto, com instinto, intelecto, ciência.
Saber ler e escrever, de preferência em várias línguas e linguagens.
Saber calcular, fazer contas, projetar e prever.
Saber analisar-se, identificar-se, desenvolver-se.
Saber cuidar de si, do corpo, da mente e das suas relações.
Saber cuidar dos outros e da terra em que se vive.
Saber utilizar as tecnologias disponíveis.
Saber cultivar tudo, até alimentos e animais.
Saber planear, construir e gerir a vida.
Saber empreender e gerir riscos e projetos.

Buscando, na História, nas experiências dos vários presentes e na ficção, a SABEDORIA, a síntese de todas as experiências que nos fazem estar no calmo e relaxante Paraíso desta vida, abrindo os horizontes do conhecimento.

A Sabedoria alimenta as «boas» decisões. Aquelas que nos dão prazer ou conforto, que maximizam os benefícios no curto, no médio e no longo prazo! Evita os equívocos do «orgasmo efémero do presente», com impactos negativos – para nós e para os outros – no médio e longo prazo.

Na Dinamarca, onde se aprende o básico - nas escolas, em casa e na comunidade - criou-se a flexisegurança, vive-se mais feliz!

Em contrapartida, nos países que acreditam que o básico é o ENSINO da matemática (fazer contas), da língua mãe (saber ler e escrever), da história (a saudade dos tempos de ouro) e da geografia estática, temos sociopatas e psicopatas em muitos lugares de decisão. Sem controlo!

Eles não aprenderam o básico. Quem os escolhe, deseja-os! Não os controla. Porque quem lhes paga altos salários e prémios tem uma formação filosófica, ética e moral muito deficiente. Porque a nossa escola não ensinou nem promoveu essas aprendizagens. Os pais também não. Apenas alguns o conseguiram!

Hoje, nos lugares de poder, temos muitos doentes «pensamentais». Foram crianças há mais de 40 anos, quando o básico era o ensino de tudo o que permitia ter emprego e poder naquela cultura fechada.

Muitas vezes, são eles que atingem os seus objetivos, não porque sejam inteligentes ou melhores, apenas porque simplificam a ação – esquecem o restante - concentram esforços e energias na concretização, sem olhar para os efeitos colaterais das suas decisões. Chamam-lhes bons gestores. São tipos de sucesso. Apresentam lucros notáveis.

Para mim, são pessoas competentes e competitivas, destituídas de «boa educação». Apesar de terem tido ensino básico. Foram, muito mal-educados. Os resultados estão à vista. Eu, chamo-lhes irresponsáveis. Outros, chamam-lhes heróis. É a vida. 

Felizmente, ambos podemos existir e dizer o que pensamos. Já houve tempos em que assim não foi!

sábado, 21 de janeiro de 2012

O espetáculo da vida

A vida é suficiente, quando vivida calmamente. Segura, centrada e harmoniosa. Em qualquer lado, por qualquer gente. É um espetáculo, sem grandes lutas! Uma conquista contínua. Natural. Cria ligações positivas, expondo aquilo que somos, o que nos basta para sermos felizes.

Nesta vida, descobrimos o esplendor: a paz, a alegria, o saber e o amor!

Nesta perspetiva, não sofremos, correndo atrás da fama, das luzes, das câmaras, do que não vale a pena ter. Mas cintila, brilhante e atraente, para quem não se tem como gente. 

A vida espetáculo, é uma ilusão perdida. Que distrai, divertida, até uma recaída. Mas, agora, está na moda o espetáculo, sempre, a toda a hora, a busca mentirosa do espetáculo.

Perde-se o espetáculo da vida.

Fugimos do Paraíso

O paraíso é uma sensação, um sentimento. É um refúgio, efémero, pontual, impermanente, terno. Não existe. Sente-se! Num momento. Não tem que ver com o que temos, com o que podemos fazer. Nem mesmo com o contexto. 

Há dois princípios para encontrar o paraíso: a Impermanência e o Desapego. Vêm do oriente. Onde o tempo era medido de forma diferente. Podia ser eterno. A impermanência é a essência. 

Mas, criamos ilusões de que «as coisas» são fixas. Temos crenças e convicções irreais para reduzir a vida à nossa limitada compreensão. Para a estabilizar. Acalmando o instinto e a emoção, renegando o cosmos. Geramos apegos, conceitos, teorias, bens, que, iludidos, imaginamos permanentes, para além dos fluxos profundos da respiração. Criamos amarras. Prendemo-nos. Fechamos as mentes. Corremos com medo de ser, de estar e de viver. Fugimos do Paraíso, da equanimidade, com medo de o perder! 

Estamos fritos!

Ou talvez não!

A Terra já não nos suporta. É óbvio, está em colapso. A crise é muito grave. O problema não é financeiro. Esse, comparado com o da sobrepopulação, o sobreconsumo mundial, as alterações climáticas e a destruição dos ecossistemas de suporte, é uma ninharia. 

Temo que já tenhamos passado o ponto sem retorno. Mas como não tenho a certeza... e a esperança é a ultima a morrer, proponho que tentemos agir diferente! Aqui, agora, com ingenuidade criativa. 

Não estarei só!

O planeta está a perder capacidade de regenerar os ecossistemas de suporte. Nós, «distraídos», abandonamos espaços geográficos, por vezes edificados, que o podem salvar. Ou o ajudamos, ou, estamos fritos.

A solução poderá estar na prática de ação e ORDENAMENTO partilhado, participado dos territórios. Na esfera privada. Numa abordagem associativa que vai além da perspetiva pública, estatal.

Nesta geração, além de mantermos algumas regras de controlo, podemos transformar o Ordenamento numa arte de dinamizar, de envolver as pessoas e as instituições nas práticas de regeneração e valorização do território. Na regeneração do Espaço e da Vida! Sempre interligados.

Precisamos de o fazer com ação concreta de desenvolvimento territorial. Brevemente, pode criar novos empregos. 

Para ajudar a desenvolver Portugal e para contornar a crise, lutando pela sobrevivência glocal, temos de, rapidamente, criar projetos de intervenção e melhoria do território à escala local (eventualmente, a partir das abordagens da Agenda 21 Local – que foram transformadas, em Portugal, em meras tretas de políticos e técnicos, sem a sua verdadeira dimensão: a ação da comunidade local). Através deles, perceber o valor do ordenamento territorial. 

Estes projetos devem pagar-se a si próprios, criar apoiantes, financiadores e clientes que buscam as mais valias que eles alcançam. Todos geram economia e consciência. Todos podem gerar emprego e cidadania. Educam. Criam melhor Espaço e, eventualmente, melhor Vida neste Espaço. 

Primeiro, serão temporários, rápidos, de resultado quase imediato e limitado. Depois, cada vez mais, farão escola, tornam-se persistentes. 

A intervenção em processos e práticas de regeneração territorial e ordenamento que envolvam jovens e adultos na melhoria do espaço envolvente, nas escolas e nas empresas, na intervenção sobre os espaços degradados que estão à nossa porta, é uma das melhores vias. 

Enquanto o Ordenamento for SÓ uma questão pública. Ou, melhor dizendo, uma questão de obrigação defendida pelo Estado. Será sentido como uma imposição. Será um pai tirano com alguns amigos que o defendem e uma grande quantidade de pessoas que lhe fogem, o contornam, o enfrentam.

E nós, todos nós, ficamos mais pobres, provavelmente com menos margem de progresso e com menos futuro. Afinal, o Ordenamento pode ser uma solução de desenvolvimento, em vez de uma regra que limita o crescimento! 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Preciso de ti!

É o sentimento mais importante para criar ligações e liderar.

Liderar é a arte de conjugar pessoas (criar relações positivas) para concretizar resultados!

Liderar é uma Nobre Arte de Servir para Conquistar. 

Combina emoção e razão! Técnica e sensibilidade. É uma conjugação, um processo de criar cooperações voluntárias e significativas, relativamente esperadas. É um alinhamento de significados íntimos entre as pessoas. Gera VONTADE coletiva de conquista. Cria relações positivas.

A arte de liderar, e de viver bem em sociedade, baseia-se em normas combinadas, negociadas ou impostas que geram segurança. Criam a plataforma para mostrar o talento de cada um. Chamamos-lhe CONFIANÇA.

As equipas competentes tornam irrelevantes as incompetências individuais, evidenciando os talentos de cada um. As fraquezas revelam aos outros: «preciso de ti», «ajuda-me», «que eu te ajudo também»! As equipas vivem de TROCAS de benefícios mútuos.

As grandes equipas fazem-se a partir das fraquezas de cada um, com a disponibilidade que os outros manifestam para os ajudar. As equipas fortes nascem da GENEROSIDADE. É este o cimento das super-equipas. E, não como se pensava há pouco, a sua elevada competência. Essa, constrói-se com organização, trabalho, desafio, orientação e apoio.

A melhor liderança liberta o melhor de cada personalidade, disfarçando, escondendo ou eliminando o seu pior lado.

Afinal, o mais importante é que «preciso de ti» para NÓS conquistarmos o RESULTADO e podermos comemorá-lo, ficando com um enorme ORGULHO de sermos assim. De sermos NÓS.

Não dá mais!

Na Europa, embriagados por um modo de vida extremamente confortável, mantemos o modo de vida, os padrões de consumo e de produção com que criámos o progresso do pós guerra. Não dá mais!

Juntamente com os EUA e o Japão, alargámos a nossa abordagem a todo o mundo, desenvolvendo os mercados de produção e consumo globais. As nossas empresas alimentam os mercados financeiros globais. É indiscutível! São as principais responsáveis pela emergência da Índia e da China. Esses países, simplesmente, integraram os nossos ávidos empreendedores, os mais irresponsáveis, com forte poder financeiro!

Lamento, mas este é um problema moral do Ocidente! Muito real. A crise europeia, que se arrasta há alguns anos, e que irá continuar, não é só uma questão económica. É o resultado da depravação moral de alguns empresários, dos seus pais,dos seus pares e das escolas de gestão que os multiplicam!

Todos os dias somos mais habitantes no planeta. Cada um dos que são privilegiados, consome mais. Aumentamos o consumo global, degradando os recursos naturais de suporte à vida.

Temos noção desta vergonhosa prática. Já lá vão 40 anos! Ainda não mudámos! Porque tem reflexos financeiros e económicos que alguns empresários querem evitar. Porque eles alimentam e controlam os nossos governos!

Dia-a-dia, ajudamos a criar um fosso assustador entre os que estão dentro do sistema de produção e consumo, com o privilégio de ter acesso a «todas as coisas magníficas» que este modo de vida nos permite, e aqueles que, por múltiplas razões – com responsabilidades próprias e alheias -, ficam excluídos.

Cada dia que avançamos com este modelo, mais nos aproximamos de uma rutura, que não será fácil de viver! Se conseguirmos sobreviver!

E nós, os nossos governos e os nossos filhos, vamo-nos inebriando com tudo o que de bom e ilusoriamente imaginamos que temos. O que alguns têm, e outros acreditam poder, um dia, ter.

O que acontecerá quando já não acreditarem?

Demos-lhe toda a legitimidade para atirarem aviões contra torres.

Se não mudarmos num espaço de muito poucos anos. Talvez, em menos de cinco. A grande maioria de nós irá assistir a uma crise muito maior do que a que temos agora. Essa, provavelmente, provocará muitas mortes e sofrimento! Espero que tenhamos a mente preparada.

Mas ainda vamos a tempo de mudar. Já!

Se cada um de nós, por esse mundo fora, diminuir o consumo de bens «irresponsáveis» e aumentar a criação de produtos, serviços e de relações integralmente sustentáveis. Produtos éticos. Se cada um de nós manifestar o desejo de «eliminar» do poder os «velhos» iludidos do progresso, se conseguir dar visibilidade e colocar em causa as relações de compadrio egoísta que alimentam, atualmente, as redes de poder.

Só falta fazer. E não ficar a olhar para o outro, à espera que ele o faça!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

É tão fácil matar...

...a vontade de vencer.

Se quiseres ver o talento de alguém... espera dele o seu melhor, desafia-o, fá-lo acreditar, incentiva-o e elogia o seu esforço, mesmo que não chegue onde desejas. Demonstra-o, não o deixes ficar nos seus limites, nos seus bloqueios e medos. Distraidamente, fá-lo experimentar o sucesso progressivo, cada vez melhor, cada vez mais além. Um dia, ele está talentoso, inspirado, auto-confiante, seguro. Se lhe disseres: «precisamos de ti». Terás preparado um vencedor. Que te agradecerá, com o melhor que tem para dar.

Se não o levares aos seus limites, se não o elogiares...nenhum de vocês verá o seu melhor talento! Ficarão confortáveis... na mediania.

Se quiseres que ele pare de se esforçar. Critica-o, de preferência, em público. Sempre que puderes. Primeiro, ele para. Depois desiste de tentar e, a menos que te mande morrer, ficará imóvel para sempre. 

Matas-te a vontade de ser, de estar e de vencer.

Se o quiseres amarrar para sempre, assusta-o, mostra-lhe o quão medonho pode ser o insucesso! Assim, conseguirás criar um filho que não arrisca, um funcionário que não trabalha, um adulto que só se queixa!

É tão simples desmotivar, enforcar, criar desgraçados!

Felizmente, alguns conseguem vingar. Apesar da cultura portuguesa ser ótima a matar a vontade de experimentar, de tentar e de vencer.

Quem me dera ser puto


Quando era criança, era pobre de bens, rico de mim.

Os miúdos são livres, dentro das amarras dos pais e das condições que lhes dão, das peças que têm. Criam ilusões, experimentam, testam os limites. Vivem. Constroem palácios e sonhos.

Depois, na juventude, onde se leva o arrojo aos limites, ganham ferramentas para a vida adulta. Com arrojo, as crianças e os jovens treinam os músculos da mente e os do coração para novos desafios. Por vezes, fazem conquistas que eu já não estou capaz de fazer. 

Crescer é, também, perder o medo de ter medo, ganhando as amarras de estar na norma e saber obedecer. Quando adultos, carregados, que nem burros, de bens imateriais, de conceitos, teorias e convicções, cada vez mais consistentes e persistentes, ganhamos MEDO. 

Hoje, tenho medo! Medo de tantas coisas. Ele entranha-se nas ideias, nas palavras, nas consciências e nas experiências. Anda, comigo, de braço dado. Atrasa-me o passo e a vida. Protege-me e nem dou por ele.

Será que ser velho é ter medo? 

Então, ainda bem que tenho em mim uma criança ingénua que me ajuda, ainda bem que dou aulas e tenho filhos. Será que eles existem para manter viva a criança que ainda sou, algo escondida?